quinta-feira, 12 de abril de 2018

Todas as culturas são dignas de fazer parte do currículo


Estevão da Silva Barros  - Teorias do Currículo

A partir das reflexões baseadas na vídeos aulas e em experiências próprias percebemos que a cultura é um produto gerado a partir de concordâncias que aquela comunidade entende ser “boa” para o grupo. Desta forma, pode-se inferir que não existe “a” cultura, mas várias culturas populam as relações humanas, desta forma o ser pode conviver em diversas culturas a longo de sua passagem nas diversas tribos na qual se relaciona.

Entendo que não existe, como disse acima, uma cultura. As culturas nos constroem e tendemos a manter inalterada nossa cultura até onde nos for conveniente. Um claro exemplo pode-se ser percebido numa tribo indígena que decide se vestir, mesmo que parcialmente. A cultura é um produto do meio e em constante transformação, portanto a cultura é dinâmica.

Quando relacionamos a cultura e a construção ou, a manutenção dos currículos, é claro que o produto originado é portador de culturas que por diversos fatores lograram em se impor e fazer com que sua forma de ser e pensar prevalecesse sobre os demais.

Já ao dizer que todas as culturas são dignas de fazer parte do currículo soa como uma frase politicamente correta, inclusiva, respeitosa, acolhedora, mas não é bem assim. A cultura permite mudanças paulatinas e ao longo de tempo. Somar as culturas e fazê-las um único produto é utópico. Exemplifico: não são todas as culturas que aceitarão um currículo que abarque questões sobre gêneros ou homoafetivos ou ignorarão as pessoas de baixíssima classe social em espaços de discussão.

Nenhum currículo abarcará todas as culturas. As culturas mais “fortes” ou “influentes” tendem a manterem o status quo e no que depender delas outras culturas ficaram a margem da sociedade, percebidos como aqueles que são perigosos já que suas “maléficas” influências colocam em risco as culturas dominantes.

Existem vários exemplos dos confrontos de culturas, posso citar o desenho “Valente”, que narra a saga de uma moça que luta contra a cultura de ser entregue a alguém sem o seu consentimento.

Concluindo, a construção do currículo dificilmente poderá abarcar todas as tendências culturais, concessões poderão ser dadas, conquistas serão feitas, mas sempre haverá culturas, novas ou antigas que procurarão manter-se sobre as demais.

terça-feira, 10 de abril de 2018

ÉTICA PASTORAL


 Reflexão Pessoal

Estevão da Silva Barros

Neste semestre, o último de nossa formação, nos permitiu adentrar mais especificamente em assuntos referente ao ministério pastoral. Para muitos de nós paira uma certa expectativa. Os metodistas apreensivos em saberem para onde serão designados, e de uma forma mais ampla, o receio também dos demais. Porque não dizer que há o temor em pastorear uma nova comunidade, constituídas de pessoas, em sua maior parte desconhecidas. Uma nova etapa na vida de muitos homens e mulheres. Solteiros e casados. Jovens e não tão jovens. Uns para longe, outros para perto... Assim é a vida, permeada por acontecimentos e mudanças.

Isto de certa forma me faz lembrar de meu primeiro ministério. Indo com minha família para o interior de São Paulo. Uma cidade desconhecida, assim como as pessoas também. Comunidade pequena, pessoas que não conhecíamos. Alguns acertos e muitos erros. Uma grande lição que nenhum seminário pode proporcionar.

No pastorado há alguns anos, pude apreender através de erros, acertos, e observações que o ministério é cercado de pequenos detalhes que podem contribuir tanto para o sucesso, bem como para o fracasso em poder servir a Deus, a comunidade, e a sociedade de forma digna. Infelizmente, o exercício do pastorado é cercado de uma política humana, diversas vezes desprovida do caráter e da perspectiva cristã. Os micros sistemas então, nos desafiam a transformar as relações pastor-comunidade, pastor-pastor, pastor-família e pastor-sociedade. Felizmente o estudo da ética pastoral surge como embasamento necessário a uma atitude pastoral saudável em suas mais diversas relações.

O estudo da matéria nos permitiu rever ou aprender formas de comportamento ou de ação em meio ao mundo onde a mesma é cada vez menos percebida geradora de conflitos e desconfiança permanente nas relações humanas. Para nós pastores ou aspirantes ao ministério a ética vem como um princípio necessário para oferecer em meio a uma situação de confusão, ansiedade e frustrações forma de superação e opção de vida capaz de ser utilizado como um outro padrão de comportamento humano tão carente e fragilizado por falta de valores humanos.

O ministério também sofre as influências da sociedade e nós pastores e futuros pastores/as tendemos a sermos influenciados a nos portamos como a maioria. Hoje o ministério é medido, e busca-se aqueles que se tornam “sucesso” de pastorado. Se bem que mesmo o termo é por demasiado amplo e pode ter múltiplos significados.

Mais uma questão que fatalmente enfrentaremos é em como lidar com temáticas ou situações novas. Produtos de um mundo de constantes transformações, mudanças. Mundo que produz temas e novas situações da vida capazes de gerar dúvidas por não sabermos lidar com eles justamente por serem novos. Como dar resposta a algo que não sabemos? A ética deve estar intrinsecamente presente em todos os atos de nossa vida, e consequentemente de nosso ministério e das relações que estabelecemos com aqueles/as que nos procuram ou que vêem em nós homens e mulheres vocacionados capazes de oferecer outra possibilidade de vida. 

A honestidade do serviço, do pastor/a com a vida, de si mesmo, com a do outro, deve permear nossas ações, nossas falas, nossas atitudes, nosso aconselhamento, nosso amor, nosso dar-se, nosso viver. Estarmos prontos para conviver com as nossas limitações, com a falta de respostas, a falta de capacidade não é tão ruim quanto aquele/a que engana a si mesmo/a, e também aquele/a que vem em sua procura, na inocente tentativa de ser ajudado. E por muitas vezes se vê enganado e mal orientado/a causando prejuízos maiores para sua própria vida.  

O desafio que está posto é: estamos capacitados ou comprometidos a mantermos uma postura ética com nós próprios, com os nossos pares, com nossa comunidade e com a sociedade?

Tomo a liberdade em oferecer um poema de Eugene Peterson[1]:

O TEMPO

“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoração...”
Gálatas 4.4-5


Passei metade, ou mais da metade, da minha vida
Esperando, esperando a chegada do dia
Quanto a aurora lança o sol animado de riso
Através do firmamento de Deus até minha tenda.
Em meu outro relógio, o pecado vou adiando
Até que esteja pronto, o que nunca pareço
Estar, o dia apreendido, o sonho do reino
Realizado. Minha cabeça ficou tempo demais no cocho.
Mantendo um ritmo messiânico firme,
Marés oceânicas e sangue de mulher penetram
O abismo que chama outro abismo e traz à luz
Os anos de semeadura, e agraciam esta terra invernosa.
Medido pela lua metronômica,
Nada conta melhor o tempo do que um útero.


[1] PETERSON. Eugene H. O pastor contemplativo: voltando a arte do aconselhamento espiritual. Trad. Neyd Siqueira. Rio de Janeiro: Textus, 2002. p. 181.