Reflexão Pessoal
Estevão da Silva
Barros
Neste semestre, o último de nossa formação, nos permitiu adentrar mais
especificamente em assuntos referente ao ministério pastoral. Para muitos de
nós paira uma certa expectativa. Os metodistas apreensivos em saberem para onde
serão designados, e de uma forma mais ampla, o receio também dos demais. Porque
não dizer que há o temor em pastorear uma nova comunidade, constituídas de
pessoas, em sua maior parte desconhecidas. Uma nova etapa na vida de muitos
homens e mulheres. Solteiros e casados. Jovens e não tão jovens. Uns para
longe, outros para perto... Assim é a vida, permeada por acontecimentos e mudanças.
Isto de certa forma me faz lembrar de meu primeiro ministério. Indo com
minha família para o interior de São Paulo. Uma cidade desconhecida, assim como
as pessoas também. Comunidade pequena, pessoas que não conhecíamos. Alguns
acertos e muitos erros. Uma grande lição que nenhum seminário pode
proporcionar.
No pastorado há alguns anos, pude apreender através de erros, acertos, e
observações que o ministério é cercado de pequenos detalhes que podem
contribuir tanto para o sucesso, bem como para o fracasso em poder servir a
Deus, a comunidade, e a sociedade de forma digna. Infelizmente, o exercício do
pastorado é cercado de uma política humana, diversas vezes desprovida do
caráter e da perspectiva cristã. Os micros sistemas então, nos desafiam a transformar
as relações pastor-comunidade, pastor-pastor, pastor-família e
pastor-sociedade. Felizmente o estudo da ética pastoral surge como embasamento
necessário a uma atitude pastoral saudável em suas mais diversas relações.
O estudo da matéria nos permitiu rever ou aprender formas de
comportamento ou de ação em meio ao mundo onde a mesma é cada vez menos
percebida geradora de conflitos e desconfiança permanente nas relações humanas.
Para nós pastores ou aspirantes ao ministério a ética vem como um princípio
necessário para oferecer em meio a uma situação de confusão, ansiedade e frustrações
forma de superação e opção de vida capaz de ser utilizado como um outro padrão
de comportamento humano tão carente e fragilizado por falta de valores humanos.
O ministério também sofre as influências da sociedade e nós pastores e
futuros pastores/as tendemos a sermos influenciados a nos portamos como a
maioria. Hoje o ministério é medido, e busca-se aqueles que se tornam “sucesso”
de pastorado. Se bem que mesmo o termo é por demasiado amplo e pode ter
múltiplos significados.
Mais uma questão que fatalmente enfrentaremos é em como lidar com
temáticas ou situações novas. Produtos de um mundo de constantes
transformações, mudanças. Mundo que produz temas e novas situações da vida
capazes de gerar dúvidas por não sabermos lidar com eles justamente por serem
novos. Como dar resposta a algo que não sabemos? A ética deve estar
intrinsecamente presente em todos os atos de nossa vida, e consequentemente de
nosso ministério e das relações que estabelecemos com aqueles/as que nos
procuram ou que vêem em nós homens e mulheres vocacionados capazes de oferecer
outra possibilidade de vida.
A honestidade do serviço, do pastor/a com a vida, de si mesmo, com a do
outro, deve permear nossas ações, nossas falas, nossas atitudes, nosso
aconselhamento, nosso amor, nosso dar-se, nosso viver. Estarmos prontos para
conviver com as nossas limitações, com a falta de respostas, a falta de
capacidade não é tão ruim quanto aquele/a que engana a si mesmo/a, e também
aquele/a que vem em sua procura, na inocente tentativa de ser ajudado. E por
muitas vezes se vê enganado e mal orientado/a causando prejuízos maiores para
sua própria vida.
O desafio que está posto é: estamos capacitados ou comprometidos a
mantermos uma postura ética com nós próprios, com os nossos pares, com nossa
comunidade e com a sociedade?
Tomo a liberdade em oferecer um poema de Eugene Peterson
:
O TEMPO
“Vindo, porém, a plenitude do
tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para
resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoração...”
Gálatas 4.4-5
Passei metade, ou mais da
metade, da minha vida
Esperando, esperando a
chegada do dia
Quanto a aurora lança o
sol animado de riso
Através do firmamento de
Deus até minha tenda.
Em meu outro relógio, o
pecado vou adiando
Até que esteja pronto, o
que nunca pareço
Estar, o dia apreendido,
o sonho do reino
Realizado. Minha cabeça
ficou tempo demais no cocho.
Mantendo um ritmo
messiânico firme,
Marés oceânicas e sangue
de mulher penetram
O abismo que chama outro
abismo e traz à luz
Os anos de semeadura, e
agraciam esta terra invernosa.
Medido pela lua
metronômica,
Nada conta melhor o tempo
do que um útero.