Mestre em Administração. Pós-Graduado Formação Didático-Pedagógica; MBA Segurança da Informação; Gestão de Projetos. Graduado Licenciatura Computação; Tecnólogo Gestão da Tecnologia da Informação; Bacharel Teologia. Consultor Negócios, Tecnologia e Inovação. Professor Universitário em disciplinas ligadas a Ciência da Computação. Gestor TIC. Professor História e Teologia. IM, DETEC CIESP, Agente ALI.
sábado, 17 de março de 2018
Discurso Patrono Formandos III Turma Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação 2o. Semestre 2017 - Fatec Catanduva
Sra. Diretora,
Srs. Sras. Coordenadores, Srs. Professores e Sras. Professores, demais membros
da Mesa, Funcionários, Srs. Pais, Familiares, amigos e agora meus companheiros
de formação e de profissão. Boa noite a todos e todas.
Um presidente da
república do Brasil, Bill Gates (microsoft), Steve Jobs (Apple) , Michel Dell
(Dell), Mark Zuckerberg (Facebook) o que
eles tem em comum? Nenhum deles terminou uma universidade. Aonde
eles chegaram?
Sou filho de pais ausentes, nasci e fui
criado num curtiço, aprendi a beber cedo, com 8 anos tive meu primeiro desmaio
devido a bebida. Com 13 anos aprendi a fumar e a roubar, aos 14 dormia na rua.
Nunca repeti um ano na escola, em 1982 entrei pela primeira vez na faculdade,
nunca fiquei de nenhuma DP, Fiz duas faculdades e estou fazendo neste momento a
terceira, numa universidade pública, ao mesmo tempo estou fazendo uma pós e
também fazendo disciplinas como aluno especial no programa de mestrado da UNESP.
Fui o 2º. Melhor aluno no curso de Teologia e o 1º. No curso de Gestão de TI.
Talvez alguém pergunte o que mudou de alguém que tinha tudo para dar errado segunda
esta sociedade, para que hoje eu pudesse estar aqui, numa posição honrosa a
qual sou grato a vocês por me permitirem isto. Aonde eu cheguei e aonde
chegarei?
O que eu mais lamento foi não ter quem
pudesse me direcionar, sem ninguém eu aprendi com meus próprios erros e
acertos, talvez alguns de vocês passou ou tem passado por isto. Lembrei de cada momento que passamos juntos na
Fatec, onde procurei contribuir, não apenas com as teorias, mas com as práticas
e cases de mercado, o mundo corporativo. Fizemos trocas de diversas
experiências, casos, exemplos... Eu, no exercício da docência sempre procurei ir
além, ao vê-los sentados naquela cadeira dura, desconfortável, durante anos,
pensava em meus filhos, e de certa forma eu os via como meus filhos e pensava e
penso no futuro profissional de vocês. Pensando eu, onde gostaria que
vocês chegassem!?
Vocês venceram mais uma etapa, entre
tantas passadas e outras que virão. Espero que saiam da faculdade diferente do
que entraram, com maior visão de mundo e de vocês mesmos. Mas tenho uma péssima
notícia: ainda não acabou, a muito a fazer, há muito para construir, para
mudar, para corrigir, para contribuir para transformação deste mundo desigual,
sem igual. Que mundo você quer encontrar quando seu filho chegar?
Para que este momento chegasse na vida de
vocês, etapas tiveram que ser cumpridas antes e durante a faculdade, só podemos
chegar se sairmos de onde estamos, só podemos chegar se fizermos acontecer, o
que encontramos muitas vezes é resultado do que fizemos, e só
podemos ver quando chegamos.
O mundo das tecnologias e em especial da
tecnologia da informação tem mudado o mundo e os transformará ainda mais, cada
vez mais rápido e mais profundamente. Vocês podem e devem fazer parte destas
mudanças, como profissionais vocês devem ter ambição, visão e atitudes honestas
para deixar aqueles que chegarem.
Eu sou grato, por me terem dado o
privilégio de ter sido seu professor, agora peço que me deem o privilégio de
ser seu colega de profissão e de amigo de vida. Sucesso a vocês, e que El HaShem Adonai, Deus O Eterno Senhor
os abençoe hoje e sempre e permitam que Deus os levem aonde Ele desejar
que cheguem.
quinta-feira, 15 de março de 2018
Teoria do currículo: o que é e por que é importante. Michael Young
Estevão da Silva Barros
Em
linhas gerais, Michael Young argumenta que não há contradição entre ideias
de democracia e justiça social e o compromisso da escola com a aquisição do
conhecimento.
Comentário:
A afirmação que o autor faz, em que “não é possível haver uma
teoria de currículo sem uma teoria do conhecimento” faz todo sentido, se deve
haver um currículo, este deve gerar, ao ser concluído, um produto, que denomina-se aqui de conhecimento. Penso que o currículo deve incluir o que fazer com o
conhecimento e não somente propor a aquisição do saber, mas desenvolver as
competências necessária para o uso e bom uso.
Apesar de o autor dizer que, sem as tradições positivas exista o
perigo do retorno tecnicista, penso que as atuais reformas na educação em nosso
país estão retornando a este conceito, afim de atender as “exigências” dos mercados,
cujo resultado não é exatamente de uma justiça social.
Ao defender a ideia dos papéis critico e normativo, penso que em
nós, pensadores, não podemos ser tomados por apenas um espectro para formar
posição. O equilíbrio entre os diferentes sempre terá como contribuir, e neste
caso, avaliar o currículo através de diversos olhares, sempre deverá haver uma
construção para ser avaliada. A visão normativa e as teorias críticas, de forma
conjunta contribuem para a reflexão.
Seja qual for a construção das teorias do currículo, passadas,
presentes ou futuras deve-se ter a premissa de que: “em capacitar as pessoas a adquirir conhecimento que as leve para além
da experiência pessoal”.
O currículo é uma construção da sociedade (se bem que não necessariamente
representada) para a própria sociedade (ouso dizer para atender uma pequena,
mas poderosa parte desta sociedade). Esta sociedade, em tempos, provocará
mudanças, implementadas ou não provocarão no futuro outras e novas mudanças.
Não alcançaremos um projeto final, perfeito e abrangente, as variáveis e a
sociedade são por demais complexas, não há padrão, o que surgem são momentos,
que muitas vezes, achamos que são eternos.
Entendo que, quando propomos ao sujeito a possibilidade dele
construir seu próprio conhecimento, desvinculando de uma “educação” bancária
estamos construindo um ser pensante, possuidor de conhecimentos, mesmo que
básico, porém capazes de gerar transformação no sujeito e em seu redor, o
resultado é a produção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Este sujeito em contato com outros podem através de trocas,
descontruir e construir as realidades numa constante descobertas de outros
conhecimentos que não alienam, mas que produzem reflexão e mudanças sociais que
levarão a mudanças das teorias do currículo. Deste forma não vejo contradição,
mas libertação através de transformação.
segunda-feira, 12 de março de 2018
Texto: Currículo: das teorias do currículo ao currículo na escola.
Estevão da Silva Barros
As
teorias de currículo ao longo do século XX e início do século XXI.
Texto:
Currículo: das teorias do currículo ao currículo na escola; PAULA, D. H. L.;
PAULA, R. M. Capítulo 1 Páginas 14 – 35.
O termo recebeu
diferentes conceituações, entendimentos e funcionalidades ao longo da história,
sendo transformado conforme as pressões sociais da época. Isto demonstra a
transitoriedade que o termo abarca em um determinado período, tornando-se algo
extremamente dinâmico e discutível.
Desta forma dizer o que é um verdadeiro currículo é incorreto, mas sim,
entender se o mesmo pode ser útil, o quanto útil aquele momento a quem mais
interessa.
I – Visão do contexto internacional
As primeiras
pesquisas especializadas sobre o tema datam de 1920 nos Estados Unidos, num
contexto de massificação do ensino em prol a industrialização. Neste caso,
percebe-se que esta força provoca mudanças naquela, a fim de suprir as
necessidades sociais.
As teorias
desta época se dividem em:
1.
Tradicionais:
a.
Bobit (1918) propôs que a organização e a
funcionalidade da escola fossem iguais aos de uma empresa, ideia que se
destacou e dominou os Estados Unidos no século início e meados do século XX.
Seu pensamento se consolidou com a publicação de seu modelo em 1949, chegando a
influenciar outros países nos quarenta anos seguintes, onde o currículo deveria
ser tratado como uma questão técnica, burocrática e administrativa a fim e
assegurar a formação de indivíduos;
b.
Já John Dewey propunha que as experiências
vividas pelos alunos fossem consideradas na construção do currículo com
princípios democráticos, participativos. Pensamento este não se destacou.
2.
Críticas:
a.
Em 1960 se dá pressão por mudanças percebidas
nos debates, protestos e reivindicações, visando melhores condições e garantia
de direitos do povo, questionando a teoria tradicional. No caso do Brasil,
vivendo o período da ditadura militar encontra eco nas falas de Paulo Freire;
b.
As teorias críticas contrapõem a tradição, pois
levam em relevância a transformação social. O currículo, portanto, não pode ser
visto de forma técnica para atender as demandas de uma sociedade capitalista,
uma imposição de poucos sobre muitos, para atender seus próprios interesses.
Este modelo não interessava a população, reforçando a submissão da massa ao
sistema de mercado;
c.
O texto nos apresenta três visões críticas:
i.
Teorizações críticas mais gerais: influência da
sociologia e da filosofia, onde o currículo presente é percebido como
instrumento capaz de reproduzir
valores, hábitos, crenças e
conhecimentos da classe dominante, como meio de reprodução e manutenção do discurso, que dá manutenção ao sistema dominante, mas
não apresentam uma proposta de mudança;
ii.
Teorizações centradas em questões curriculares:
baseia-se do advento da nova sociologia da educação e movimento da
reconceptualização;
iii.
Teorizações críticas gerais a educação:
influenciam as discussões sobre o currículo que pode ser revisto e utilizado
como meio de emancipação do indivíduo e libertação dos sujeitos sob dominação
por meio de uma educação escolar que considerem, não só as classes dominantes,
mas também as culturas dominadas, penso, levando-os a tornarem-se conscientes
em seu papel na sociedade, num processo de libertação.
Estas
contribuições transformam o currículo que considera o conhecimento e
experiências diretamente ligadas a situação vivencial que objetiva a formação
integral do ser, tornando-o autônomo, crítico e criativo na realidade de sua práxis. O currículo deve levar em
consideração a realidade do sujeito.
Ainda neste contexto de reestruturação alguns denominam de currículo
oculto que buscam mudar as práticas básicas em sala de aula e ver novas visões
de temas.
3.
Pós-críticas:
a.
As teorias pós-criticas concordam com as teorias
críticas, mas se diferem fundamenta-se nas formas textuais e discursivas e não
no plano econômico político;
b.
Elevam as discussões para o âmbito de
denominação baseado em raças e em questões de gênero;
c.
Pode-se considerar que esta visão complementa as
teorias críticas ampliando o cosmo que contém diversos outros sujeitos com outro
olhar.
II – Visão do contexto Brasil
Entre 1920 e
1930 se dão as discussões sistematizadas do currículo no Brasil em meio a urbanização
e industrialização fomentado pelo movimento Escola Nova que, apesar de não oferecer uma proposta, enfatiza uma
metodologia de ensino oferecendo diretrizes para organização curricular. Este
movimento defendia a educação como instrumento para a construção de uma
sociedade democrática, respeitando as diversidades e a realidade dos
estudantes. O resultado deste pensamento é o desenvolvimento do currículo
focado nas necessidades e os estágios de desenvolvimento das crianças.
Outro fator que
contribuiu para a desenvolvimento do currículo no Brasil foi a criação do Inep
– Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Nacionais, em 1938. Em 1951 a
disciplina Currículos e Programas foram incluídas no curso de Pedagogia,
tornando-o objeto de ensino e pesquisa. Na década de 1960 as ideias das teorias
tradicionais são adotadas no Brasil. A partir da década de 1980 inicia-se as
influências das teorias críticas, de igual forma, as contribuições das teorias
educacionais progressistas contribuíram o campo do currículo brasileiro cuja
consolidação se deu na década de 1990.
A partir da
década de 1990 outras teorias surgem como:
a.
Currículo construtivista baseado nas ideias de
Jean Piaget que enfatiza o papel do sujeito no processo de aprendizagem, sendo
que o cognitivo do ser da forma do processo de aprendizado;
b.
O currículo sóciocrítico ou históricocultural
defende a necessidade da interação social entre os sujeitos e o papel
meditativo do professor no processo na leitura contextualizada da sociedade e
nas soluções dos problemas de forma crítica, participativa e autônoma;
c.
O currículo integrado ou globalizado
fundamenta-se em duas ideias: integração dos conhecimentos às experiências com
a intenção de compreender de forma reflexiva e crítica a realidade e
desenvolver conteúdos culturais e conhecimentos científicos baseado em método
de projetos;
d.
Currículo como produção social ou cultural,
influenciado pela sociologia crítica, traz a ideia de que o currículo não se
reduz a disciplinas e seus conteúdos, mas em terreno de luta e contestação cujo
fim é uma nova construção cultural.
Apesar de
perceber as influências estrangeiras no Brasil, percebe-se uma releitura a
partir da realidade nacional, considerando nossas tradições. Deve-se entender
que as teorias não se deram de forma linear, mas se somando, misturando,
coexistindo e deixando de existir para uma dar lugar a outra. Segundo alguns autores, as tendências
pedagógicas se organizam em:
a.
Teorias não críticas na educação entendem a
educação como autônoma e instrumento de equalização social, desconsiderando a
história, o social, a economia e a cultura. De tendência Tradicional, Escola
Nova e Tecnicista. Ao mesmo tempo que ignora a realidade, seu instrumento a
estrutura e a mantém inalterada, mantendo os princípios da sociedade
capitalista:
i.
Tendência Tradicional: se dá entre os períodos
dos jesuítas até o ano 1930, repete os conhecimentos históricos, formação moral
e intelectual conforme a exigência da sociedade, ignora a prática social, os
interesses dos estudantes e é rigidamente obedecido pelos professores, este o
centro do processo e detentor do poder absoluto do ensino;
ii.
Escola Nova foi implementada entre os anos de
1932 e 1960. Ajustar adaptar e formar estudantes aos valores e normas da
sociedade. Não existe um currículo sistematizado, já que o mesmo era flutuante
a ponto de atender os interesses e as necessidades imediatas dos estudantes. O
professor é visto como facilitador de um processo de aprendizado e o estudante
se torna o centro de forma ativa e participativa;
iii.
A Tecnicista surge em meados de 1950 e seu auge
chega a 1970, com o papel de formar mão de obra eficiente e produtiva para
responder os anseios do sistema de produção. O ensino foca o científico
desvinculado da realidade social. Procedimentos e técnicas específicas garantem
o resultado e o professor assume um papel técnico e o estudante seu papel de
submissão.
b.
Teorias críticos-reprodutivistas defende a
crítica em que a educação só pode ser construída considerando as questões
sociais, históricas, econômicas e culturais. Já a denominação reprodutivista
tem a ideia de reproduzir o modelo da sociedade vingente, como reprodutora do
discurso. Há críticas ao regime autoritário e à pedagogia tecnicista. Estas
teorias foram mais conhecidas por apresentarem reflexões que abordam:
i.
Teoria do sistema de ensino como violência
simbólica onde cabe a escola tornar-se instrumento capaz de legitimar a cultura
da classe dominante, escondendo seus abusos e fazendo com que o sistema se
perpetue;
ii.
Teoria da escola como aparelho ideológico de
Estado construído pela burguesia para garantir e também perpetuar seus
interesses, de forma a inculcar a ideologia, também de forma a legitimar a
exploração do capital;
iii.
Teoria da escola dualista forma força de
trabalho e inculca a ideologia burguesa, impedido o desenvolvimento do
proletariado e a luta revolucionária.
Estes modelos
impediam a escola de ser uma fonte de reflexão e criticidade aos sistemas que
aprisionavam os sujeitos num processo exploratório.
c.
Teorias críticas da educação condiciona fatores
diversos, como fatores políticos, sociais e culturais e a realidade
histórico-social, promovendo a emancipação do sujeito e como consequência a
construção de uma sociedade mais igualitária. São marcadas pelas seguintes
tendências que visam a transformação da sociedade capitalista:
i.
Libertadora que predominou na década de 1960 não
focava apenas a educação escolar, mas todo o processo e suas relações sociais.
Cabe ao processo fornecer o subsídio aos educandos e conscientizá-los sobre as
questões sociais, políticas e econômicas da sociedade, buscando sua
transformação. A partir de problematizações desenvolvem diálogos e aprendizados
através de todos os sujeitos, sem distinção;
ii.
Libertária forma sujeitos que resistem as
pressões e promovem a autogestão chegando a uma gestão de tempos diferentes. A
ação coletiva gera resistência a dominação. O estudante é um ser autônomo para
definir quais conhecimentos deseja aprender e participar;
iii.
Históricocrítica a partir de 1979 socializa o
conhecimento científico para formar sujeitos capazes de interpretar e
compreender, capaz de interferir junto as realidades para alcançar as
transformações da sociedade de forma justa e igualitária. O currículo relaciona
a prática social mediante experiências e conhecimentos dos estudantes com
diferentes métodos. O professor é responsável pelo processo, considerando o
conhecimento do estudante, assim como suas necessidades e interesses. Cada estudante pode aprender de forma
diferente e em tempos diferentes.
Já o Parecer de
número 7 e a Resolução de número 4, ambos de 2010 dá que a Educação Básica no
Brasil consiste em preparar os estudantes para contribuírem com a construção de
uma sociedade democrática e justa que proporciona a liberdade, a autonomia e a
responsabilidade. Cabe a escola promover a socialização, troca de saberes,
interação, acolhimento e o aconchego para o bem-estar dos estudantes,
valorizando as culturas e a inclusão das diversidades. Para atingir estes
objetivos as teorias tradicionais devem ser superadas, somente as teorias
críticas e as pós-críticas podem contribuir com este esforço.
Justificativas.
A primeira
justifica baseia-se na demanda social a partir da conscientização da sociedade
da necessidade de transformações que venham ao encontro das demandas sociais em
seus mais variados segmentos. A segunda justificativa baseia-se no entendimento
que o estudante deve ter suas inquietações ouvidas, entendidas e respondidas,
como forma de respeito ao sujeito.
quinta-feira, 8 de março de 2018
A emoção: o lado humano do ser
Estevão da silva barros
Introdução
“O homem é razão e
emoção”
Amedeo Cencini
Nesta monografia tento abordar o tema da emoção. Há um
valor científico do ser emocional? A emoção esta presente na teologia? Existe
um relacionamento entre a psicologia e a teologia quando se tratar de entender
a influência da emoção no cotidiano do homem? Num primeiro momento teremos a
visão de como a psicologia trata o tema. No segundo, faremos um relacionamento
entre o que diz a psicologia sobre determinadas expressões emocionais. Ao mesmo
tempo, vemos como estas mesmas emoções se fazem presentes em personagens
inseridos no mundo cristão, ou seja, no ser humano.
I - o emocional na psicologia.
I –
Definições:
As emoções são estados interiores
que não podem ser observados ou medidos diretamente. São respostas de
experiências que surgem de forma súbita. São incontroláveis, levam as pessoas a
se sentir fora do controle por um tempo, não determinam o comportamento mas
aumenta. Gera uma reação: ação, nas palavras ou pensamentos perturbados, irracionais
ou desorganizados. Mudanças no fisiológico, subjetivo (sentimentos ou
pensamentos) e comportamento.
Para Davidoff, as emoções (ou
afeto), são estados interiores, caracterizados por pensamentos, sensações,
reações fisiológicas e comportamento expressivo específico. Aparecem subitamente
e parecem difíceis de controlar.[1]
Goleman menciona
a seguinte definição:
“emoção se refere a um sentimento e seus pensamentos
distintos, estados psicológicos e biológicos, e a uma gama de tendências para
agir. Há centenas de emoções, juntamente com suas combinações, variações,
mutações e matizes. Na verdade, existem mais sutilezas de emoções do que as
palavras que temos para defini-las.” [2]
Goleman, ainda cita a definição
contida no Oxford English Dictionary:
“qualquer agitação ou perturbação
da mente, sentimento, paixão; qualquer estado mental veemente ou excitado”.[3]
II - Emoções Universais:
As emoções são uma universalidade
encontrando as reações em qualquer lugar, onde esteja o ser humano. Expressada
em seu rosto, como um marca programada em seus gens. Ao citar Ekman, Davidoff
diz haver emoções seguintes em todos os homens: alegria, raiva, desagrado,
medo, surpresa, interesse, vergonha, desprezo e culpa.[4] As
básicas, seriam segundo Goleman, a fonte onde todas as demais emoções fluiriam:
Ira, Tristeza, Medo, Prazer, Amor, Surpresa, Nojo e Vergonha. [5]
III – As Primeiras Emoções:
As emoções vão surgindo aos
poucos na vida do homem: 3 meses encontra-se choro, alegria e medo; 3 a 4 meses
a raiva, a surpresa e a tristeza; 6 a 8 meses a vergonha e a timidez e aos 2
anos o desprezo e a culpa. Desde crianças são capazes de discernir as expressões.
São feitas de componentes
subjetivos, comportamentais e fisiológicos.
4.1. Componentes subjetivos:
sentimentos e pensamentos. Ao citar Harold Schlosbergm, Davidoff cita as três
dimensões uma escala: a) do agradável a desagradável. A alegria é
agradável; o medo, a raiva e o que desagrada não o são. b) da atenção
que atrai a rejeição do que desagrada ou entristece e c) do
intenso ao neutro a emoção pode ser branda ou intensa a alegria ao
contentamento.
4.2. Componentes comportamentais: a)
Expressões faciais: as expressões faciais são um meio de codificar expressões
pela reação provocada pro suas emoções. Por pequenas alterações no rosto é
possível identificar o estado emocional do ser. A capacidade de experenciar a
dor do outro fornece a base da empatia. b) Gestões e ações: As emoções refletem
nos gestos e ações do indivíduo: numa criança a raiva a faz pular ou atirar
algum objeto; a tristeza por um olhar distante, um juntar de mãos. Diversas
respostas não são apenas geneticamente adquiridas, mas também aprendidas ao
longo da vida, por observação e imitação. Tanto adultos e crianças aprendem a
disfarçar seus sentimentos. Por exemplo sorrir quando se está com raiva ou
deprimido.
4.3. Componentes fisiológicos: as
alterações fisiológicas sofrem influência das emoções: tremer, corar,
empalidecer, suar, sentir tontura, são alguns exemplos. Surge então as
perguntas: a) as reações fisiológicas a emoções são similares? Davidoff cita
Cannon ao dizer que as que se refere à dor e ao medo são as mesmas. Por outro
lado, Davidoff cita Ekman, que percebeu num experimento que diversas alterações
ocorrem quando se sente medo, assim pode-se afirmar que existem vários padrões
fisiológicos para diferentes emoções. b) as reações fisiológicas às mesmas
emoções são uniformes? Não, cada indivíduo tem sua própria alteração, independendo
do outro.
4.4. Componentes entrelaçados e interativos: pensamentos,
sentimentos, expressões faciais, atos e fisiologia estão exercendo influência
entre si. Davidoff cita Ellis, onde menciona que os pensamentos alteram os
sentimentos. Por exemplo, você está sozinho à noite e pode transformar em um
estado aflito imaginando ouvir passos ou sussurros de ladrões armados. a)
emoções mistas: as pessoas sabem que suas emoções são mistas, se contrapondo,
amar e odiar a mesma pessoa. Folkman & Lazarus, Schwartz, cita Davidoff,
afirmam que isto é uma regra. As emoções estão ligadas a motivos, onde Davidoff
cita os autores Buechler & Izard e Tomkins, e são um caminho de via dupla.
Quando uma pessoa está com fome ela sente raiva ou tristeza ou ansiedade, mas
após comer ela se sente feliz. Quando alguém está com raiva vem o desejo de
ferir ou destruir. b) emoções volúveis: as emoções estão em constantes
mudanças, principalmente a de afeto ou humores brandos passando de uma fase a
outra conforme o desenvolver da situação.
V - Como Surgem as emoções:
Dirigindo distraído e bate no
carro da frente, fica-se apavorado. Como surgiu a ansiedade?
5.1. Teoria resposta periférica: são
eventos que despertam respostas periféricas (sistema nervoso periférico,
responsável pelos reflexos e pelas reações fisiológicas). Você relaciona a
resposta a um determinado componente emotivo, como a ansiedade. Ao observar as
expressões faciais, que são variadas e específicas, as pessoas distinguem uma
emoção de outra e compreendem o que está sendo experimentado.
5.2. Teorias do Incitamento Inespecífico:
1) eventos incitantes despertam sentimentos, comportamento expressivo e reações
fisiológicas. 2) as reações fisiológicas não correspondem a emoções específicas.
3) as emoções são aprendidas em elementos como intensidade, outras experiências
e sentimentos de aproximação e esquiva a uma situação. Elas presumem que as
pessoas avaliam, em algum nível o que lhes está acontecendo e que esta avaliação
gera uma emoção. A avaliação não é necessariamente racional, deliberada ou
consciente segundo citação de Davidoff faz dos autores: Campos & Stemberg,
Lazarus & Folkman e Mandler. Para que experimente uma emoção, o indivíduo
precisa atribuir o incitamento físico à situação. A exata emoção sentida
depende da maneira pela qual a pessoa aprendeu a classificar a situação
conforme citação que Davidoff faz de Schacter e Singer, como também acham que
os indivíduos notam um incitamento fisiológico e sentem-se motivados a procurar
um rótulo emocional que possa responder por esse estado.
5.3. Uma síntese: as evidências não
favorecem um único modelo de emoção. Aspectos de cada teoria encontra suporte,
porém não encerra o assunto e as divergências nas suas variadas compreensões
permanecem.
II - emoções específicas e o comportamento do cristão
Cencini relata que não existe
decisão tomada a frio ou apenas com a razão mas, há um feito de razão e emoção.[7] Assim
podemos entender que a emoção está presente em todos os atos do homem, sendo
ele um cristão ou não. Para Cencini, a emoção não leva necessariamente a uma
ação, antes a uma série de julgamentos ou avaliações que determinam o comportamento
mediante determinadas situações tendendo a repetir estas ações em outros momentos
de sua vida.
A raiva é definida como emoção de
fortes sentimentos de contrariedade, acionadas por ofensas reais ou
imaginárias. Agressão é qualquer ato praticado com o fim de ferir ou prejudicar
uma vítima involuntária.[8] Existem
exemplos bíblicos de homens que tomaram esta posição: Saul em relação a Davi,
quando procurava matá-lo.[9] Pedro, o
apostolo, também manifestou esta emoção quando cortou a orelha do servo do sumo
sacerdote.[10]
Prazer, alegria e felicidade são
experiências emocionais positivas abrangem aquelas relativamente curtas, como
alegria e prazer, e aquelas mais plenas e duradoura, como felicidade e
serenidade.[11]
Presentes nas nossas necessidades biologias. Um exemplo inserido na comunidade
cristã é a do Santo Agostinho. Agostinho não só fala de determinadas emoções
como a vivência em diversos momentos de sua vida. Ele diz num momento que não
se pode ser feliz sem possuir o que se deseja assim como também não o pode
aquele que tudo tem.[12] Creio
que Agostinho tenha trabalhado este pensamento transportando esta emoção num
comtexto teológico quando mais adiante no texto ele menciona que o
condicionamento da felicidade, como estado permanente é destinado àqueles que
possuem a Deus.[13]
Jó relata a perda da felicidade mediante as circunstâncias do momento, apesar
da afirmação de Agostinho.[14] O
prazer e a alegria esta presente na vida daqueles que ouvindo a palavra a recebem.[15] Zaqueu,
foi um exemplo deste momento.[16]
Ansiedade é uma emoção
caracterizada por sentimentos de antecipação de perigo, tensão e sofrimento e
por tendências de esquiva ou fuga; a pessoa pode se sentir ansiosa sem saber
exatamente por quê.[17] O
apostolo Pedro apercebido desta emoção humana desafia o homem a lançar sobre
Ele, Jesus toda a ansiedade a fim de livrá-lo desta situação.[18] O medo
poderia ser definido da mesma forma mas o que define corretamente é que o
objeto do medo é facilmente identificado.[19] O
estresse se refere a condições que despertam a ansiedade ou o medo despertados
segundo Fleming, citado por Davidoff.[20] Um
exemplo claro destas emoções acumuladas e centradas num indivíduo é o profeta
Elias, a ansiedade, o medo, o estresse geram um caso de tipico de depressão.[21]
Certamente poderíamos relatar
outros casos cuja emoção floresceu em indivíduos, como a tristeza e o
sofrimento causado em Santo Agostinho pela perda de seu amigo.[22] As
emoções tão marcantes na vida de Moisés, a ira em matar um homem, o medo em
fugir, a depressão em buscar morte, assim como Elias e Jonas.[23] Jesus
no Monte das Oliveiras e seu estado de profundo temor e aflição.[24] Pedro
com seus atos inconseqüentes movidos pelas emoções.[25] Nossos
pais agiram cheios de emoção, nós agimos hoje e outros agirão amanhã.
A emoção faz parte da diversidade
de Deus. Não somos idênticos. Cada ser tem o seu modo de pensar e agir. Na
individualidade de cada um acha-se o complemento das necessidades do próximo,
seremos úteis e nos completaremos mutuamente, cada um sendo o que é.
Conclusão
Em primeiro momento entendo que o
estudo da emoção não se finaliza. A psicologia e a teologia têm neste tema,
perguntas, sem respostas esclarecedoras. Com várias vertentes é impossível
definir algo tão íntimo. O que motiva? O que gera? porque cada pessoa reage de
uma forma, não se responde facilmente.
Segundo, a emoção está presente
na teologia porque ela é formada por pessoas sujeitas a emoção. A Bíblia, as
produções, os tratados estão repletos de emoção. Cada autor coloca seus
sentimentos na palavra escrita a nós só cabe pesquisá-las, descobri-las e
vive-las. O desafio em compreender a emoção no campo teológico é muito importante.
Como lidar com o ser, sem entende-lo? Se a teologia é uma ciência que busca
respostas, ela deve ir ao encontro delas, busca-las, entende-las e
proclamá-las; é um desafio para os teólogos. Se numa extremidade está Deus na
outra está o homem e um forte anseio interior que precisa ser respondido e
correspondido.
Finalmente, há um relacionamento
na busca de se entender a emoção no ser humano, porém cada ciência busca em seu
campo esclarecer e defender seus achados.
Bibliografia
1. Livros
AGOSTINHO, Santo.
Confissões. Local: São Paulo: Ed.
Paulinas, 1984.
AGOSTINHO,
Santo. Solilóquios e Vida Feliz.
Local: São Paulo: Ed Paulus, 1998.
BÍBLIA
SAGRADA.
CENCINI,
Amedeo & MANENTI, Alessandro. Psicologia
e Formação: Estruturas e Dinamismos. Trad. Frank Roy Cintra Ferreira &
Mariana Gastaldi. 2a ed. Local: São Paulo: Paulinas. p.
54-70.
DAVIDOFF,
Linda F. Introdução à Psicologia.
Trad. Lenke Perez. 3a ed. Local: São Paulo: Ed. Makron Books, 2001. p. 367-413.
DAVIDOFF,
Linda F. Introdução à Psicologia.
Trad. Auriphebo Berrance Simões e Maria da Graça Lustosa Local: São Paulo: Ed.
McGraw-Hill do Brasil, 1983. p. 426-470.
GOLEMAN,
Daniel Inteligência Emocional. Trad.
Marcos Santarrita Local: Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 1995. p. 303-304.
[1]
DAVIDOFF Linda F. Introdução a Psicologia,
p. 369.
[2]
GOLEMAN Daniel Inteligência
Emocional, p. 303.
[3]
GOLEMAN Daniel Inteligência
Emocional, p. 304.
[4]
DAVIDOFF Linda F. Introdução a Psicologia,
p. 369.
[5]
GOLEMAN Daniel Inteligência
Emocional, p. 304
[6]
DAVIDOFF Linda F. Introdução a Psicologia,
p. 371.
[7]
CENCINI, Amedeo Psicologia e Formação,
p. 54.
[8]
DAVIDOFF Linda F. Introdução a Psicologia,
p. 378.
[9] Cf. I Sm 19:10,11.
[10]
Cf. Lc 22:50.
[11]
DAVIDOFF Linda F. Introdução a Psicologia,
p. 386.
[12]
AGOSTINHO, Santo. Solilóquios e Vida Feliz.,
p. 129.
[13]
AGOSTINHO, Santo. Solilóquios e Vida
Feliz., p. 131.
[14]
Cf. Jó 30:15.
[15]
Cf. Mc 4:16.
[16]
Cf. Lc 19:6.
[17]
DAVIDOFF Linda F. Introdução a Psicologia,
p. 390.
[18]
Cf. I Pe 5:17.
[19]
DAVIDOFF Linda F. Introdução a Psicologia,
p. 390.
[20]
DAVIDOFF Linda F. Introdução a Psicologia,
p. 390.
[21] Cf. I Rs 19:9-14.
[23] Cf. Nm 11:15; I Rs 19:4; Jn 4:8,9.
[24]
Cf. Mc 14:32-42.
[25]
Cf. Jo 21:7.
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