quinta-feira, 1 de março de 2018

O Corpo – José Comblin



O Corpo – José Comblin


Estevão da Silva Barros 

O evangelho não distingue a separação entre do ser, por exemplo: a alma e o corpo. O homem é homem na sua totalidade, um só: corpo, alma, espírito, emoções e outras visões possíveis. A filosofia grega faz esta distinção, e sobrepõe o valor do intelecto em relação ao corpo.  Este corpo forma uma unidade na comunidade.
Jesus, na sua encarnação assume o seu corpo e enfatiza um mistério que enfatiza o corpo através das curas ministradas. O auge do cristianismo é a ressurreição do corpo. Enquanto isto, a Igreja assume o papel de defensora do corpo contra os abusos cometidos contra o corpo, contra o homem. A visão evangélica luta contra um dualismo: a alma e o corpo numa luta filosófica: a uma unidade no homem?
A visão do corpo se expande em vários caminhos. Cada um deles faz uma reflexão na questão do homem. Há a visão de que o corpo procede do mal enquanto a alma é sempre boa, cria-se um novo dualismo e por conseqüência a rejeição do corpo. Claro que esta visão passou a ser uma realidade vivida dentro das comunidades e a única maneira de manter o corpo era flagelando-o a fim de purifica-lo. Esta prática mudou, surge a pergunta; a resposta: em parte. No mundo moderno também se estabelece um dualismo: a ciência com seu idealismo e o materialismo, utiliza-se das diversas ciências para estabelecer seu conceito, porém há algo que vem de encontro: a consciência humana. Há uma distinção sobre o corpo que é visto e o corpo real, que é sentido, que é, que sente, que tem uma consciência do eu, do existir. O cérebro é um instrumento capaz de retirar o pecado do homem, porém, pouco utilizado. A inconsciência é o resultado de milhões de anos acumulados no indivíduo.
O conhecimento científico não é isento de criar e viver distorções assim como a Bíblia vem na transmissão de mitos (?) e ritos.
A própria sexualidade humana só vem a ser percebida e tratada pouco tempo. Ignorada por muito tempo pela ciência humana. Esta questão tem aberto uma visão clara que a sexualidade pode ser a ferramenta que tem o poder de destruir a base da sociedade. Desde a denominação da mulher ao pecado social surge a necessidade de estabelecer a igualdade entre homens e mulheres, estas em sua luta para conseguir sua liberdade e se manter nela. Jesus é padrão a ser atingido no tratar e no relacionar-se humano. As conquistas passadas devem ser mantidas no presente, a desigualdade está presente no pecado e dá origem a tantos outros males e pecados sobre e para o homem. A Igreja Católica reproduziu esta desigualdade no passado, e ao mesmo tempo trabalhou no sentido de defender a família estável. Infelizmente, as ações contrárias à estrutura familiar têm conquistado terreno.
O homem não esta no isolamento, mas nas relações entre outros indivíduos, numa constante aproximação. 
A vida e a morte estão unidas. A corpo se apega a vida, a morte é a culminância da vida, uma ameaça à vida.  A morte relaciona com o pecado e juntam tragam a vida, como ato conseqüente. Há várias formas de se matar o ser humano: a miséria, a exclusão, a violência, etc.
A vida do homem vem então a se distinguir da dos animais. A vida é um ato de fé, é estar com outros é solidariedade em meio às tantas lutas e conflitos. Os benefícios e malefícios são o resultado destas lutas. A competição, o individualismo em contraste as comunidades. O homem é homem quando vivência tudo isto em seu viver.

A visão do corpo como um todo gera uma maior expectativa no relacionar humano, não podemos cuidar de partes do homem, mas sim em seu todo na defesa e no colocar o homem num lugar de plena comunhão, com seu Criador, com ele mesmo e com outros. A igreja poderia ser este exemplo vivo como mostra desta possibilidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário, importante saber sua impressão sobre os textos, com issto podemos dialogar.