sexta-feira, 31 de maio de 2013

Dinâmica da Fé - Tillich

TILLICH, Paul. Dinâmica da Fé. Tradução de Walter O. Schlupp. São Leopoldo – RJ. Sinodal, 7ª. Edição, 2002, 87 p.

DINÂMICA DA FÉ
Observações Introdutórias: Palavra fé é incompreendida, distorcida e mal definida. É termo que precisa ser curado antes de curar. Causa desorientação, confunde, leva a extremos, como o ceticismo, ao fanatismo, a resistência pela razão, a sujeição emocional, rejeição de religião genuína. Até mesmo ao abandono dela mesmo, se bem que isso dificilmente é possível, por mais desejável que seja. Não há outro termo que faça jus à realidade expressa por fé. Reinterpretar a palavra fé é o objetivo do autor do livro, em seis pontos: 1) O que é Fé, 2) O que não é Fé, 3) Os símbolos da Fé, 4) Tipos de Fé, 5) a Verdade da Fé e 6) A Vida da Fé.
I - O QUE É FÉ?
1.            Fé é como estar possuído por aquilo que nos toca incondicionalmente: Incondicionalmente não admite ou não supõe qualquer condição. O ser humano difere de outros seres vivos por causa das PREOCUPAÇÕES ESPIRITUAIS (estéticas, sociais, políticas e cognitivas – que é o ato de conhecer, conhecimento). As outras preocupações (alimento moradia) são inerentes a todos seres vivos, inclusive o Ser Humano (SH).
As PREOCUPAÇÕES podem ser urgentes ou mais urgentes. As mais urgentes são O FOCO QUE EXIGEM DEDICAÇÃO TOTAL DAQUELE QUE ACEITA ESSA EXIGÊNCIA – p. ex: o sustento de um individuo é para todo individuo como para toda comunidade, aquele que aceita essa exigência dedica-se totalmente a essa preocupação, o sustento.
A exigência (preocupação suprema) exige sacrifício de todas as outras coisas (preocupações): bem-estar, saúde, família, valores cognitivos, estéticos. Isso torna a preocupação suprema um deus. O problema é quando esse deus se evidencia um demônio, porque não se esgota na sujeição incondicional. Apesar de conter uma promessa de realização, esperada num ato de fé. Essa esperança (promessa de realização pela fé) por vir à tona em símbolos indefinidos ou concretos, que não se compreende ao pé da letra, mas promete uma REALIZAÇÃO ÚLTIMA, que se torna uma preocupação incondicional na medida em que essa realização última seja uma ameaça de exclusão daquele que foge à exigência incondicional. Essa PREOCUPAÇÃO INCONDICIONAL é a natureza da fé genuína e exigência de DEDICAÇÃO TOTAL que perfaz PREOCUPAÇÃO ÚLTIMA. Assim, para o homem do AT a fé é o estar possuído última e incondicionalmente por Javé e por todo aquele que ele representa através de seus mandamentos, ameaças e promessas. P.ex: Sucesso na vida, status social, ascensão econômica, quando se torna uma preocupação incondicional é um deus (neste caso espírito de concorrência). Contendo uma OBEDIÊNCIA INCONDICIONAL ÀS SUAS LEIS. Sacrifica as RELAÇÕES HUMANAS GENUÍNAS, CONVICÇÕES PRÓPRIAS, PORQUE AMEAÇA A decadência social; e econômica, neste exemplo não existe promessas de vaga.
2.    Fé como ato da pessoa inteira - Fé é estar possuído por algo que nos toca incondicionalmente.
Fé é um ato da pessoa inteira. Realiza-se no centro da vida pessoal. É intimidade global do espírito humano. Não é soma das funções individuais, ultrapassa-a e se faz sentir em cada uma das áreas da vida humana e ao mesmo tempo. É DINÂMICA da vida pessoal, que é a DINÂMICA DA FÉ.
Dinâmica da Fé tem sua raiz no centro da pessoa: no inconsciente e consciente. No inconsciente dá o conteúdo da fé. No consciente se dá quando o inconsciente atinge o centro da pessoa e por ele são impregnados. Estando só no inconsciente não é fé. Fé é liberdade, porque é ação. Fé = liberdade. Freud compreende a Fé no conceito do ego e superego. Conceito de superego é ambíguo. A vida cultural não se deve dar rédeas à libido (energia sexual) sempre insistente, porque castra a vitalidade da pessoa - “mal estar da cultura”, pode levar a neuras.
Assim, os símbolos da fé aparecem no superego concretamente como a “imagem do pai”, rejeitado por Freud, pois o superego não se justifica por normas objetivas, que transforma o SR em tirano. Mas a fé paterna transforma-a em princípio de verdade, caso em que Fé e cultura se mantém porque o superego encarna normas e princípios objetivos do ser.
Essa relação é um ato central pessoa e sua estrutura racional manifestada em sua linguagem, capacidade de distinguir entre fazer o bem, senso estético e de justiça. Supera a RAZÃO do SH em criatividade e em destruição. Essa é uma capacidade do seu “eu”. Aqui a fé não é irracional, é ato que transcendem os elementos racionais da vivência humana. É extática / êxtase, é global e mais íntimo da pessoa. É mais que impulso irracional do subconsciente. O êxtase não exclui a razão, mas não é idêntica a ela. Engloba elementos não racionais. Estar em êxtase na fé há consciência da verdade e de valores éticos. Êxtase é estar fora de si, sem deixar de ser gente.
Compreender a fé também é saber entre função cognitiva e sentimento e vontade. Todo ato de fé é elemento cognitivo (conhecimento), não como processo independente do pensamento, mas como elemento indispensável de um Ato global de receber e dedicar. Conhecimento é um elemento da própria fé, que é uma decisão da vontade, do “eu” centrado, não brota dos sentimento. Sentimento não produz fé. Não excluí a possibilidade de outros elementos que determina o caráter da fé (sentimento e vontade), mas não a produz.
Assim, é possível uma psicologia da fé. Porque tudo o que acontece na personalidade do homem pode ser objeto da psicologia. Então o Ato de fé está inserido na totalidade dos processos psicológicos. A psicologia do medo nada tem a ver com a fé. A relação total da pessoa é ato integral procedente do centro do “eu” pessoal, percebido o incondicional e por ele somos possuídos.
3.            A fonte da Fé: Da PREOCUPAÇÃO INCONDICIONADA nasce a Fonte da Fé, em dois lados: 1) aquele que por ele é possuído (homem conscientizado) e 2) aquilo que o possui (homem em relação com o seu mundo por outro).
O homem por ter uma preocupação última é natural tem capacidade de transcender as suas experiências finitas e passageiras, condicionadas, que surgem e desaparecem. Nessa capacidade de captar o sentido do que é último, incondicional, infinito, faz da Fé uma possibilidade do homem. Essa possibilidade humana exige a sua realização, o homem é impelido para a Fé ao se conscientizar do que é último, incondicional, infinito que faz parte, mas não pode tomar posse como uma propriedade, por causa da inquietude do coração. Estar possuído incondicionalmente é Fé, é estar tomado pelo incondicional, é paixão infinita. É Fé paixão pelo infinito. É preocupação incondicional. É validade última. É um ato experimentado subjetivo central da pessoa.
A questão não é o ato de fé experimentado de Deus ou deus, mas qual o fundamento da divindade na ideia da Deus? Resposta: É o elemento do INCONDICIONAL, validade última é o que determina o caráter do divino. É entender que tudo o “céu e na terra” já alcançou o INCONDICIONAL na história da religião, na CONSCIÊNCIA religiosa do homem, que sempre age criticamente separando o INCONDICIONAL do CARÁTER INCONDICIONAL, que é provisório, passageiro, finito.
Essa PREOCUPAÇÃO INCONDICIONAL engloba aspectos subjetivos e objetivos, do ato de crer. O ato SUBJETIVO é a fé pela qual se crê, provém do íntimo da pessoa. O ato OBJETIVO é a fé que é crida, são os símbolos do divino. Diferenciar é importante, mas não absoluta uma vez que o ato de crer se assimila ao conteúdo da fé. Assim, a PREOCUPAÇÃO INCONDICIONAL é estar tomado pelo que é Verdadeiro / Incondicional, essa é a Fé Verdadeira. A Fé Falsa / Idólatra é aquela que não supera a separação do sujeito e objeto: Deus nunca pode ser objeto sem ser sujeito (ser símbolo sem ser no íntimo das pessoas), nem mesmo na oração (símbolo). Essa é a diferença entre fé verdadeira e a falsa. Fé falsa é dialética em si mesma como ato central.
4.            A Fé e a Dinâmica do Sagrado: Há fé há conhecimento do sagrado. O que nos toca incondicionalmente se torna sagrado. A experiência do sagrado = experiência do divino. Sagrado é mistério revelado. Quem se depara com o sagrado é por ele atraído e estremece. Desse duplo efeito deixa claro a relação entre a experiência do sagrado e a experiência do infinito. O coração humano procura o infinito porque vê sua própria realização, que é à base da atração extática = êxtase. Dessa relação do infinito pode ocorrer experiências negativas, que anulam o divino e afeta na relação com o sagrado afetando o ato de fé.
O significado do sagrado de PERFEIÇÃO MORAL precisa ser corrigido. Historicamente a natureza do santo era compreendida como separado do mundo e das experiências comuns das pessoas, separado do âmbito finito, entrar no Santíssimo significava entre no sagrado. Sagrado é diferente, ultrapassa o condicional, é de caráter inacessível, é mistério. Por isso ele se encontra no homem de duas maneiras: 1) Como força criadora sobre a destruidora e 2) como força destruidora sobre a criadora. Essa ambiguidade divino demoníaca se manifesta como divina – criadora, sobre as destruidoras e vive-versa sobre a criadora. Santo e sagrado nada têm haver com bom e mau. Tanto é divino como é demoníaco.
Assim, na Dinâmica da Fé é dito na Dinâmica do Sagrado. A diferença entre Fé Verdadeira e Fé Idólatra, entre sagrado em atuação demoníaca destrutiva e a criação, é idêntico para com objeto Fé idólatra, destrutiva a Fé Verdadeira. Perigo da Fé é a idolatria. Perigo do sagrado é a sua possibilidade demoníaca. PREOCUPAÇÃO ÚLTIMA a que nos toca incondicionalmente pode nos destruir como também pode nos curar.
5.            Fé e Dúvida: Ato de Fé é realizado pelo ser humano finito, limitado, mas é um ato transcendente dos limites do finito, ele ultrapassa a finitude humana. Fé é a certeza na medida que se baseia na experiência do sagrado. Fé é incerteza porque o infinito é experiência por um ser finito. Não há como anular essas incertezas, inseguranças aceitá-las é ato de coragem. Coragem é arriscar a afirmar-se a si mesmo diante dos poderes de não ser, no qual o finito é ameaçado. Isto está no “eu”. Assim, A aceitação de uma PREOCUPAÇÃO ÚLTIMA em seu conteúdo não produz uma certeza imediata, é um risco, um ato de coragem, porque pode evidenciar que a preocupação seja provisória / passageira, o que leva a decepção. Esse risco do ato de crer é a relação entre fé e dúvida. Fé é aquilo que nos toca incondicionalmente.
Fé e dúvida são irreconciliáveis. Porém a dúvida pode se tornar elemento necessário da fé, porque se encontra encerrada no risco da fé, pois é ela que impulsiona a pesquisa científica. Não a dúvida metódica ou cética nega a certeza, leva ao desespero ou ao cinismo. É impossibilidade da verdade. A dúvida presente no ato de fé não é a dúvida científica marcada pelo risco, mas é a dúvida da pessoa possuída por algo concreto. É desta forma que a relação Fé e Dúvida é importante na prática, onde os cristãos ficam perplexos com a “perda da fé”, o que na verdade é uma confirmação de Fé, pois leva a discussão do problema de Fé.
6.            Fé e Comunhão: Assim, Fé e Comunhão são a Dinâmica da Fé, diz respeito ao individuo, é colocada em relação à vida de toda uma comunhão de fé é um risco constante se a própria fé é compreendida como risco. Essa é a natureza de uma Fé viva e a conseqüência do princípio protestante.

II - O QUE A FÉ NÃO É
1. A distorção da Fé como Ato do Conhecimento: A própria descrição positiva da Fé contém uma rejeição que distorcem o sentido da Fé, que influencia o pensamento popular e afasta as pessoas da religião. A responsabilidade por esta deturpação não é só do pensamento popular, uma análise última, mas é das concepções filosóficas e teológicas que mal entenderam a natureza da fé. Uma só é a raiz do erro interpretativo da fé: a desfiguração do sentido da fé que acontece quando apenas uma das funções que constituem a pessoa é identificada como a fé.
A distorção mais freqüente da Fé é considerá-la um conhecimento que apresenta menor grau de certeza do que o conhecimento científico. Essa suposição de probabilidade maior ou menor que não pode ser demonstrada é presente no ato de fé. Assim, a Fé é dar crédito, é “crer” nas informações com se fossem exatas, nas utilidades dos documentos históricos, num determinado comportamento de uma pessoa. “Crer” é ter a suposição como base de uma probabilidade suficiente.
Às vezes o “crer” é o provável ou até o improvável, mas não o impossível. Há “crer” por bons motivos, por as pessoas serem dignas de confiança (aqui entre a informação do passado). Ter confiança numa autoridade que diz alguma coisa é sensato, desde que não nos deixarmos tomar a liberdade do próprio pensamento.
Fé é = confiança, conseqüentemente pode-se dizer com razão que quase todo o nosso conhecimento se baseia em “Fé”. Fé é mais que confiança em autoridade religiosa. Fé é participação no que toca incondicionalmente. Então Fé não é um conhecimento pré-científico ou científico, nem confiança em autoridades.
TEMA: Fé não confirma nem nega nada que faça parte do conhecimento pré-científico ou científico do nosso mundo, seja e; e baseado em experiências próprias ou de outros. Por que? Porque o conhecimento do mundo (inclusive o de nós mesmos) é esforço nosso, a investigação é do ser humano, portanto não é questão de Fé.
A diferença entre Fé e Conhecimento se mostra no tipo de certeza que delas advém. Do Conhecimento (dois tipos): 1) Certeza Imediata – dada pela percepção dos sentidos (perceber a cor verde é porque viu o verde), pode até haver engano, mas a pessoa não dúvida que viu algo verde; e, 2) Certeza Suprema – são pressupostos irrefutáveis. É lógica, pois existem estruturas que dizem isso.
A Certeza Suprema / Absoluta nem sempre são fundamentais para o nosso conhecimento, porque nenhuma verdade é possível sem o material que nos é fornecido pelos sentidos. Sem a forma desse material as leis lógicas não são tão lógicas. Portanto, o pior erro da Teologia é externar idéias que contradizem a própria estrutura do pensamento. Isso não é Fé. O fato de conhecer uma realidade não tem o caráter de certeza absoluta, mas sim de maior ou menor probabilidade.
A certeza do conhecimento de uma lei física, um fato histórico ou uma constituição psicológica, na prática nunca é plenamente suficiente, pois pode ser questionada por novos conhecimentos, enquanto que a certeza da Fé, que não se baseia em formas de intuição e pensamento, é existencial, porque o homem participa de toda ela. A Certeza da Fé têm dois componentes: 1) A certeza Absoluta, é a fé sem risco – a que se dirige a algo de validade última e é incondicional; e, 2) a que encerra um risco e engloba dúvida e coragem, porque aqui se trata da afirmação de algo não-último, de algo que se torna destrutivo se for tomado incondicionalmente.
Portanto a Certeza da Fé não é a certeza condicionada de um juízo teórico.
2. A distorção da Fé como da Vontade: Existem o tipo Católico e o Evangélico de distorção da Fé. O Católico: Tomás de Aquino afirmava que a impossibilidade de demonstração inerente à Fé precisa ser compensada por um ato de vontade. Aqui o pressuposto da fé é um ato de conhecimento de baixo grau de certeza, contrapesada por um ato de vontade. Isso contradiz o caráter existencial da Fé. Sem conteúdo teórico fixado da fé a vontade para crer não faz sentido. Conteúdo é dado da razão à vontade. Aqui as pessoas decidem pela fé na vontade demonstrada. É a vontade que leva a Deus, não o intelecto que é levado por Deus.
O Protestante: a Vontade de crer é obediência de fé, que pode significar duas coisas: 1) entregar-se para ser possuído incondicionalmente, aqui coloca-se todas as funções do espírito humano; e, 2) sujeitar-se à ordem de crer, como ela é pregada pelos profetas e apóstolos.
A palavra profética reconhecida como tal, leva a obediência da fé e reconhece uma mensagem como proveniente de Deus. No caso de dúvida, a palavra profética ou não, a obediência da fé, perde seu sentido e se transforma numa arbitrária disposição (vontade) para crer.
O Ato da Vontade de fazer não produz fé, pois fé, como preocupação incondicional, já estava presente antes do Ato de Vontade. Fé não é exigência, cuja rejeição revela má vontade. Homem finito não pode criar voluntariamente o estar possuído pelo infinito. Nem a razão, nem à vontade, nem a autoridade, conseguem criar a fé.
 3. A distorção da fé como sentimento: Entender fé como razão ou vontade ou cooperação de ambas, é conceber o sentimento. Scheleiermacher, o pai da teologia moderna, diz que religião é “sentimento de dependência incondicional”. Aqui o emprego da palavra sentimento tem sentido de “preocupação incondicional” e não com sentido da psicologia.
Fé não é só emoção, sem uma relação com algum conteúdo. Religião é assunto particular do individuo e nada mais é do que um reflexo de sua vida emocional. Portanto, não representa perigo à cultura do homem.
Nem a cultura, nem a religião consegue separar a Fé, que é como estar possuído por aquilo que toca incondicionalmente reclama a pessoa inteira e não se restringe à subjetividade do sentimento, mas reivindica a verdade, exige a entrega daquilo que toca incondicionalmente, não é isolada, sem compromisso. Negar essa reivindicação da religião é negar a própria religião.
A Fé sendo ato da pessoa inteira, o sentimento está presente, vivo, pois é o que representa a participação da pessoa inteira na experiência espiritual. Sentimento não é fonte de Fé. Fé tem um conteúdo concreto. Fé tem orientação para o incondicional, que surge numa situação concreta que exige e justifica essa entrega.

III – SÍMBOLOS DA FÉ
1.            O conceito de símbolo: Aquilo que toca o homem incondicionalmente precisa ser expresso por meio de símbolos, Os símbolos são genuínos e existem nas diversas áreas da vida cultural. p.ex: melodias, ritmos, bandeira de uma nação, semáforo, uma cora (rei) e outros. Existem símbolos de estudo, de família, de casa, de construção, de amor e dentre outros também os que simbolizam a fé. Deus é o símbolo fundamental da Fé, mas não é o único. Todas as qualidades que lhe atribuímos como poder, amor, justiça provêm de nossas experiências finitas no cotidiano.
2.            O símbolos religiosos: Os símbolos da Fé estão associados à história de deuses, são símbolos da Fé associados a lendas, são os símbolos que representam personagens divinos e os seus atos, também, chamados de mitos. São símbolos da Fé que falam do encontro dos deuses entre si e dos deuses com os homens; os símbolos também são linguagem de Fé e são transcendentes.
3.            Símbolos e mito: Símbolos e mitos revelam formas de pensamento e de intuição que estão inseparavelmente ligados à estrutura da consciência humana. Um mito pode separar-se de outro ou ser substituído, mas não se pode desligar o pensamento mítico da vida humana, porque isto toca-lhe incondicionalmente.

IV – TIPOS DE FÉ
1.      Os elementos da fé e sua dinâmica: 2. Os tipos ontológicos de Fé: 3. Os tipos morais de Fé: e, 4. A unidade dos tipos de Fé:
·                    Em toda a religião a Dinâmica da Fé está definida por dois tipos de elementos na experiência do sagrado: santidade do ser e santidade do dever. Um elemento é do tipo ontológico ou do ser, vê o infinito no finito, vê Deus no homem, na flor, no animal, na natureza, a experiência do infinito no finito.
·                    Todo grupo religioso e cultural, individual, tem uma experiência de Fé especial com conteúdo de Fé própria. O tipo ético ou moral é a idéia da lei. Deus é, sobretudo aquele que deu a lei. Somente aquele que segue a lei pode chegar a Deus, i. é, uma Fé legalista. A revelação trazida por Maomé consiste principalmente de leis rituais e sociais. As leis rituais lembram a fase sacramental, da qual provém todas as religiões e culturas. As leis sociais vão mais longe do que o elemento ritual e santificam “o que deveria ser”, leis desse tipo permeiam a vida inteira, p. ex: no judaísmo ortodoxo. A lei sempre se apresenta como dádiva e exigência, sob proteção da lei é que a vida é possível e digna de se viver. Este pensamento foi influência da Grécia Antiga. A Fé mística e sacramental conhece leis, aqui ninguém consegue alcanças o último e incondicional sem cumprir as leis. No tipo ontológico a lei impõe a sujeição a ordens rituais ou a exercícios ascéticos. No caso do tipo moral, uma lei moral, demanda obediência moral.
·                    A Fé das precursoras do Iluminismo desde o século XVIII é o tipo moral da Fé humanística, eles lutaram pela libertação da servidão feudal consagrada pela religião e pela justiça para todo ser humano individual.
·                    O catolicismo caracterizou a si mesmo, com razão, como um sistema que engloba elementos culturais e religiosos divergentes entre si, suas fontes são o Antigo Testamento que reúne o tipo sacramental e moral, as religiões helênicas de mistérios, a mística, o humanismo clássico grego e o modo de pensar científico da Antiguidade tardia. Além de tudo o catolicismo baseia-se no Nov Testamento considerando mais significativo à doutrina de Paulo acerca de Espírito Santo. A presença do Espírito Santo divino no espírito humano e o Espírito de Cristo é amor, justiça e verdade.
·                    A crítica básica de todos os grupos protestantes ao catolicismo se volta contra o fato de que o sistema autoritário excluiu a autocrítica da Igreja e que os elementos sacramentais da Fé e sufocaram os elementos proféticos. O sistema autoritário tornou impossível uma reforma de base, restando apenas a cisão total. Com essa cisão o protestantismo se tornou cada vez mais representante unilateral do tipo moral da Fé, se perdendo a riqueza dos ritos tradicionais, a compreensão de que o sagrado está presente em experiências sacramentais e místicas. A importância do conceito Paulino de espírito, em que estão reunidos os tipos sacramental e o ético não foi reconhecido nem pelo catolicismo nem pelo protestantismo. A realidade que Paulo designou com a palavra “espírito” como sendo a unidade do extático com o personal, do sacramental com o moral, do místico com o racional, só depois do cristianismo reconquistar a unidade dos diferentes tipos de Fé como experiência vivida, poderá reivindicar questões resultantes da Dinâmica da Fé.

V – A VERDADE DA FÉ.
1. Fé e razão; 2. A verdade da Fé e a verdade científica; 3. A verdade da Fé e a verdade histórica; 4. A verdade da Fé e a verdade filosófica; e 5. A verdade da fé e seus critérios.
·         Fé e razão. Será que poderiam andar uma ao lado da outra, ou elas se excluem mutuamente? É possível uma Fé racional? O primeiro tipo de razão poderia ser chamado de razão técnica, que se ocupa com os meios e não com o fim. Nesse sentido abarca a vida diária de cada um e domina a civilização técnica do nosso tempo. O segundo tipo de razão esta relacionado com aquilo que faz do homem um homem e o diferencia de todo outro ser. É à base de sua língua, sua liberdade e sua capacidade criadora, procura pela verdade e realização da lei de conduta. Dotado de razão, pode ser possuído por algo incondicional e assimilar a exigência da lei de conduta e perceber a presença do sagrado. Razão é uma condição necessária para a Fé e Fé é o ato em que a razão irrompe extaticamente para além de si. A razão humana é finita, mais é elevada acima de si mesma quando é possuída pelo incondicional. Então fé e razão não são necessariamente opostas.
·         Uma Fé que se encontra em contraposição à razão, não destrói apenas a si mesma, mas também aquilo que é propriamente humano no homem. Êxtase é a razão realizada e não razão quebrada, razão só chega a ser realizada quando é levada para além dos limites de sua finitude e experimenta a presença do sagrado. Ela é, finalmente preenchida de conteúdos irracionais. Razão é a pressuposição da fé e Fé preenche a razão. Entre a natureza verdadeira da fé e a natureza verdadeira da razão não há contradição, mas a alienação do homem que acontece com experiências da sua finitude, com o infinito transformando toda a sua estrutura de ser racional pela revelação daquilo que o toca incondicionalmente, faz da Fé uma idolatria e confunde os portadores do incondicional com o próprio incondicional.
·         Daí surgem novos conflitos entre fé e razão, os quais exigem uma revelação nova e superior. Aquilo que a Fé denomina de verdade é diferente daquilo que é visto como verdade pelas citadas formas da razão. Que significa verdade em relação à fé? E que relação existe entre a verdade da Fé e as outras formas de verdade com seus critérios tão diferentes?
·         A verdade científica depende de quão adequadamente as leis estruturais são descritas e confirmadas através de repetidas experiências, é provisória e sujeita a constante verificação. A verdade da fé e a verdade científica fazem parte de dimensões diferentes, não quer dizer que se trate de um conflito entre fé e ciência. A ciência só pode entrar em conflito com a ciência e a fé apenas com a fé. A verdade da fé não pode ser nem confirmada nem negada pelas mais recentes descobertas no campo da física, biologia ou psicologia. A verdade histórica é baseada em fatos e a verdade de fé pode analisá-las e interpretá-las à luz de sua própria experiência. Com isso ela traz o aspecto histórico para dentro da dimensão da fé. A verdade da Fé não pode afirmar ou negar a verdade científica ou a histórica. Levante-se agora também a verdade filosófica que é a tentativa de responder às perguntas mais gerais acerca da natureza das coisas e sobre a existência humana usando conceitos.
·         A visão filosófica da natureza e da situação humana é a jun cão da fé e do pensamento, é o colo materno de onde partiram as ciências naturais e a pesquisa histórica e permanece ligada com toda ciência até o dia de hoje.
VI – A VIDA DA FÉ.
1. Fé e coragem; 2. A Fé e a integração da pessoa; 3. Fé, amor e ação; 4. A comunhão de fé e suas formas de expressão; e 5. O encontro entre comunhão de Fé.
·         Fé e dúvida tem sido colocadas como opostas, exaltando-se a certeza da Fé como o fim de toda dúvida, mas a dúvida é superada pela coragem. A coragem não nega a dúvida, mais aceita a dúvida como finitude humana e se confessa, apesar da dúvida, aquilo que toca incondicionalmente, ela engloba o risco, partindo para a possibilidade de uma vida criativa, não é uma Fé isenta de dúvida, mais sim de coragem que se arrisca, que encerra o perigo do fracasso mesmo na confissão. Jesus é o Cristo, é exprimida com a convicção mais profunda, contém risco e coragem. Não se pode substituir a fé pela coragem, mas também não se pode separar a Fé da coragem. A união perfeita com a base divina do ser é anula a separação e com essa se elimina a incerteza, dúvida, coragem e risco. O finito é englobado no infinito, mesmo na Fé fracassada.

CONCLUSÃO

Fé é uma realidade em cada período da história da humanidade. Fé pode ser supersticiosa, pode ser rejeitada, proveniente de um desconhecimento da natureza da fé. Fé é difícil de se definir. Normalmente a tentativa encerra possibilidades de novos mal-entendimentos. Fé é a mais íntima preocupação na vida do homem como pessoa, manifesta ou oculta. Fé é religião e simultaneamente mais do que religião. Fé presente e concreta, mutável e sempre a mesma. Fé está inseparavelmente ligada à natureza do homem, sendo por isso necessária e universal. Fé é estar possuído incondicionalmente e por isso não pode ser refutada nem pela ciência nem pela filosofia. F’é possível. Fé não pode ser desvalorizada, dentro ou fora das Igrejas, seitas ou movimentos ideológicos. Fé se justifica a si mesma e defende seu direito contra todos que a atacarem, porque só ela pode ser atacada em nome de uma outra Fé. Este é o triunfo da Dinâmica da Fé – QUE TODA NEGAÇÃO DA FÉ JÁ É EXPRESSÃO DE FÉ.

Notas Sociologia da Religião

Segue notas soltas de abstratos de leitura de textos ligados a Sociologia da Religião, não pretende ser um trabalho estruturado:

I

Os símbolos sagrados funcionam para sintetizar o Ethos de um povo e sua visão de mundo. Eles formavam uma conseqüência básica entre um estilo de vida particular e uma metafísica específica.

Sistema de símbolos que vão para:

  • Símbolos são usados para vincular objetos, atos, acontecimentos ou qualidades a uma concepção. A concepção é o significado do símbolo. Entretanto são abstraíveis.
  • Representam fontes extrínsecas de informações. As fontes extrínsecas são vitais uma vez que as fontes intrínsecas são poucas nos seres humanos (diferentes dos demais animais). Por isso os padrões culturais tornam-se (conseqüentemente) modelos.
  • Dois tipos principais:
  • Modelo de: Manipulação de estruturas simbólicas de forma a coloca-las paralelamente ao sistema não simbólico (Representam os processos padronizados como tal).
  • Modelo para: Orienta as relações físicas para sua organização.”Modelo para a realidade”. (fornecem fontes de informações em termos das quais outros processos podem ser padronizados).

Estabelecer poderosas disposições e motivações nos homens.

  • Símbolos induzem os crentes a um certo tipo de disposição.
  • Disposição – descreve não uma atividade ou ocorrência, mas uma probabilidade de atividade ser exercida ou de a ocorrência se realizar em certas circunstâncias.
  • Motivação – Tendência persistente, uma inclinação crônica para executar certos tipos de atos e experimentar certas espécies de sentimento.
  • Diferença entre disposição e motivação.

      Motivos tem molde direcional, gravitam em torno de certas consumações (geralmente temporária) – Chave de interpretação = consumação.

      Disposições não levam a coisa alguma. Surgem de certas circunstâncias, mas não respondem a quaisquer fins.

      
       Chave de interpretação = Fontes


Formulação de conceitos de uma ordem de existência


  • Os símbolos além de induzirem a disposições formulam idéias gerais de ordem. (Relacionam com o cosmos). Os símbolos também se apóiam nesta ordem para não apenas consistir em uma coletânea de práticas estabelecidas.
  • Por isso o homem tem uma dependência essencial dos símbolos e sistemas simbólicos.
Pontos nos quais o Caos ameaça o homem:

  • Limite da capacidade analítica: Incapacidade de deixar sem esclarecimento os problemas de análise não esclarecidos. Sempre tentar desenvolver algumas noções, por mais fantásticas, inconsistentes ou simplistas que sejam.
  • Limite do poder de suportar: Problema do sofrimento (doença e luto).
  • A religião ajuda as pessoas a suportarem situações de pressão emocional abrindo fugas a tais situações e tais impasses que nenhum outro caminho empírico abrira.
  • Não evitar o sofrimento, mas como sofrer.
  • Símbolos religiosos não apenas na sua capacidade de compreender o mundo, mas também para que, compreendendo-o, dêem precisão a seu sentimento, uma definição às suas emoções que lhes permita suportá-lo, soturna a alegremente, implacável a cavalheirescamente.

II

A discrepância entre o moral e as recompensas materiais, a inconsistência do “e” e do “deve”.
Não é necessário ser teologicamente autoconsciente para ser sofisticado em termos religiosos. A introspeção moral é inadequada para a experiência moral nas religiões. Os Dinka são um exemplo: simpatizam com o Homem e questionam a insignificância do erro visto pela Divindade. Os homens são hoje ativos, auto-afirmadores, indagadores aquisitivos, ao mesmo tempo sujeitos ao sofrimento e à morte, são ineficientes, ignorantes e pobres (possuem dois lados), eles são falhos. O contraste entre o julgamento humano e o poder da divindade que rege a vida deles. Para eles, a ordem moral é constituída com princípios que às vezes escapam a razão humana, algo que o homem não pode mudar. O universo que vive está além do seu controle e os acontecimentos vem contrariar as expectativas.
O problema do mal, o sofrimento vem demonstrar que o mundo não tem de fato nenhuma ordem genuína. A religião surge por meio de símbolos, que trabalhará a questão da ambigüidade. O esforço para negar que a vida é insuportável e a vida uma miragem. O importante para o homem religioso é que entenda este fato, as ambigüidades entre o racional e o natural.
O problema do significado é matéria para afirmar a ignorância, a dor e a injustiça no plano humano. O simbolismo religioso é a esfera que vive o homem, onde ele repousa nas afirmações e negações. Podemos acreditar nisto? A inquieta desordem para uma certeza de ordem estabelecida? A crença religiosa não envolve a experiência cotidiana, é uma aceitação da autoridade que impulsiona o homem a crer em deuses.
Belsen ilustra o pecado original, a crença religiosa fazendo uso da autoridade, aceitamos a autoridade, o domínio de algo que não somos nós, aceitamos a autoridade do culto, da bíblia, de pessoas.
Nas religiões tribais a autoridade está no poder das imagens tradicionais, aquele que tiver de saber tem primeiro de acreditar. Falar de perspectivas religiosas é ver, discernir, aprender, entender a vida sob uma perspectiva científica. Um olhar diferente.
A perspectiva religiosa está construída sob uma visão diferente. O senso comum, a científica e a estética. O senso comum trabalha a aceitação do mundo baseado no realismo ingênuo do homem. Na perspectiva científica, a dúvida é trabalhada na observação. Na tentativa de analisar o mundo em termos formais. A perspectiva estética trabalha as aparências da s coisas, o conhecimento não tem grande significado no mundo prático. As perspectivas são impostas, induzidas.
A perspectiva religiosa difere do senso comum, move em relação às realidades da vida. Sua ação se baseia na aceitação da fé. Difere da científica porque trabalha no sentido de ampliar e não dissolver as coisas. A religião vai ao encontro, ao compromisso. Difere da arte porque aprofunda a preocupação e cria uma áurea de atualidade.
A ação religiosa trabalha os símbolos de uma autoridade persuasiva. No ritual, no cerimonial isto é consagrado. As concepções gerais se encontram e se reforçam num mundo vivido e no mundo imaginário em uma mediação de formas simbólicas. Dá-se a fusão entre o símbolo e o ethos em rituais mais complexos e elaborados. Realizações culturais. É claro que nem todas realizações são expressões religiosas. As formas simbólicas servem para multiplicar os propósitos por aqueles que dizem que a religião é uma forma de arte humana. Podem ser apreciadas esteticamente ou dissecadas cientificamente.
Há o embate entre o maligno e o lúdico.
O drama não é meramente um espetáculo, mas um ritual encenado. A representação se assemelha a uma missa onde se dá a aproximação, uma participação.
A aceitação da autoridade decorre da própria aceitação da autoridade, do ritual, das disposições e motivações em uma visão de símbolos. Do para o de.
Ninguém vive o tempo todo no mundo religioso, nos símbolos, apenas alguns momentos. O mundo prático constitui a nossa realidade, a humana. Um homem pode ser insensível e não religioso, mas isto não significa a ausência do senso comum. As disposições religiosas induzem os homens. O entrelaçamento do maligno e do cômico. A religião é sociologicamente interessante pelo poder político a riqueza e outras influências.
O movimento de ida e volta entre a perspectiva religiosa e o senso comum são ocorrências empíricas. O ritual transporta o homem a um outro mundo. A diferença disto nos leva a uma visão real. O homem pode acreditar e se sentir realmente outro num mundo de ilusão. Vivenciar uma realidade mítica. Conforme a perspectiva religiosa e agir contra a índole de todo universo.
Compreender a religião sem entender os símbolos e seus significados é algo frustrante. Na medida que o homem muda o senso comum muda. A religião dá vida a religião. O impacto dos sistemas religiosos sobre os sistemas sociais torna impossível uma avaliação. As disposições e as motivações podem ser diferentes de religião para religião. O maior problema do cientista é o tom ateu da comunidade religiosa.

III

A religião para o antropólogo está para servir o indivíduo e o grupo de concepções gerais. A religião cria ou dá o pano de fundo aos acontecimentos (teodicéias), dá um sentido. A religião cria uma ordem cósmica. As religiões não são meras interpretes dos processos sociais ou psicológicos, ela também gera. A religião lança uma luz sobre a vida secular de um povo. Na religião trata-se de entender as noções dos homens e seus significados. Onde ela alcança? Quão profundamente? Quais os resultados? Em que grau? Em todas sociedades ela está presente, mesmo naquela que está baseada em crenças amontoadas. O grau de articulação religiosa não é uma constante. O estudo a partir da antropologia e duplo: 1. Análise dos significados e dos símbolos e 2. No relacionamento dos sistemas aos processos sociais e psicológicos.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Não é este o Filho de José?


Introdução

“Aos olhos de todos, nada havia que parecesse notável ou digno de atenção nesse filho de família pobre do interior”.[1]
Jesus, O Cristo. Pregado e anunciado por muitos em muitos lugares teria sido um homem? A resposta fornecida por muitos é sim, apesar disto poucos falam de Jesus como homem, sujeito às mesmas paixões que todos seus semelhantes sofrem. Para os cristãos, Jesus foi um homem e também Deus, se era assim como então pode Deus morrer? Jesus morreu, isto prova que era homem. Oliveira em seu discurso sobre a humanidade de Jesus faz a seguinte declaração:
“Deus encarnado assumiu completamente a humanidade, tornando-se passível das mesmas limitações físicas e psicológicas comuns a todos os homens. A realidade de sua humanidade garante que sua morte é aplicável a todos os seres humanos”.[2]

O dicionário Aurélio concede a seguinte definição do homem:
“Qualquer indivíduo da espécie animal que apresenta maior grau de complexidade na escala evolutiva; o ser humano”.[3]
A complexidade é o que torna o homem diferente em relação aos demais animais, mas o que seria esta complexidade? Defino como um conjunto de relações humanas com seus semelhantes e com si mesmo. Pretendo nesta monografia demonstrar a humanidade de Jesus através das complexidades vivida por ele enquanto esteve entre nós. Homens.

Capítulo I – Início e a formação de vida de Jesus

Para muitos o início da vida de Jesus se dá quando de sua manifestação através de sinais, não podemos entender o homem omitindo sua origem e seus anos de vida, como se o passado simplesmente não houvesse existido e influenciado naquilo que somos hoje.
Sua origem:
O nascimento de Jesus está envolto em uma visão de vocação colocada pelos narradores, definindo uma predestinação à criança. É muito provável que este registro vise apenas dar um significado especial ao nascimento de Jesus. Que ele nasceu de uma mulher é fato (Gl 4:4). Como é fato a concepção, a gestação de provavelmente nove meses. Nasceu como todo ser humano nasce e teve os mesmos cuidados necessários de todo homem como alimento, a troca de "fraldas", brinquedos, broncas, tombos, machucados, dores... Sim, Jesus sentia dores (Jo 18:22; 19:2,3), provavelmente não somente a dele, mas de seus conterrâneos também - infelizmente não há narrativas que falam sobre a criança e o jovem Jesus, mas um incrível silêncio. Seu nascimento o coloca na mesma humanidade de Adão, na mesma história humana.[4] Cresceu como toda criança normal cresceria, alimentada por comida e água. Seu corpo não era sobre-humano, não tinha características especiais.
Como diz Berkouwer:
“A criança Jesus caminhando por nosso mundo como qualquer outra criança”.[5]

Seu Físico:
Todas as etapas de seu crescimento foram idênticas ao de qualquer outro homem (Lc 2:40, 52). Fisicamente Jesus, o carpinteiro se apresentava como um homem e não como um anjo, por exemplo. Era seu corpo que se movia de um lugar para outro. As pessoas o tocavam, o viam. Seus olhos podiam ver, sua boca pronunciava palavras, ele ouvia os outros, os tocava. Ele sentia cansaço algo inerente ao ser humano. Na manifestação do corpo podemos entender claramente a humanidade de Jesus, afinal quando foi crucificado havia um corpo naquela cruz. Jesus, apesar de uma concepção singular recebeu de sua mãe Maria, características genéticas, como todos os homens o recebem de seus antepassados. Mesmo após sua ressurreição Jesus declara a Tomé: “Vede as minhas mãos e os meus pés... apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne e ossos como vedes que tenho”. (Lc 24:38s).

Sua Família:

  Jesus de Nazaré, da região da Galiléia. Filho de uma família comum, simples, Jesus como qualquer homem não surge do nada. Teve um pai, uma mãe, irmãos, tios, primos. Habitou em uma casa, dormiu em uma cama, usava roupas. Assim como sua família, ele também era humilde. Comblin[6] relata que sua família fica surpresa, ansiosa, e mesmo com medo, quando Jesus começa a se manifestar sua vocação, se isto procede podemos entender que até o início de sua missão Jesus viveu normalmente como um homem e sua família não via nele nada de extraordinário. Quando Jesus começa sua obra a família é como que esquecida, posicionada em um segundo plano. A família não influi sobre ele, e ele não influi sobre a sua família. Ele adota uma outra família quando diz que são aqueles que fazem a vontade de Deus, estes seriam seus irmãos, irmãs, pai e mãe. 

Sua Fragilidade:
Jesus, como homem era limitado ou dependente? Era dependente. Quando teve sede pediu água (Jo 19:28), quando fome (Mt 4:2; Mc 11:12) pediu pão, quando se cansou (Jo 4:6) descansou. Tudo o que os homens sentiam, ele sentiu também de forma idêntica. A fragilidade não se restringiu apenas a necessidade básica do comer e beber, mas em todo seu ser, pois todo ser humano é um ser frágil.

Sua Afetividade:
Jesus era um ser afetivo. Sentia emoções e demonstrava suas emoções de forma clara (Mt 9:36; 14:14; 15:32; 20:34). Ainda que sentir emoções não seja um atributo apenas humano, uma vez que Deus também se emociona. As emoções demonstram a plena humanidade de Jesus, como também deixam claro algumas reações tipicamente humanas. O ser emocional pensava, raciocinava, se emocionava vivendo a tristeza e angústia (Mt 26:37), a alegria (Jo 15:11; 17:13; Hb12:2), a indignação (Mc 3:5; 10:14), a ira (Mt 21: 12,13), a surpresa (Lc 7:9; Mc 6:6). Jesus se mostra genuinamente surpreso perante a fé do centurião e se admira da incredulidade dos habitantes de Nazaré. Se sente atormentado (Mc 14:33), no Getsêmani Jesus foi tomado de grande angústia e pavor. Estava em conflito íntimo e se atormenta pelo fato de não querer ser deixado só, contudo ainda assim escolhe fazer a vontade do Pai. Mesmo na cruz, sua frase "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mc 15:34), é uma das expressões mais humanas de solidão já registradas na história dos homens. Comove-se, chora (Jo 11:33,35,38), mesmo sabendo de antemão que Lázaro havia morrido, Jesus é tomado de comoção e chora ao ver a tristeza ao seu redor e a triste realidade humana da morte. A expressão "agitou-se no espírito", retrata vividamente alguém gemendo no íntimo, aflito e comovido com uma situação que trás dor e cansaço.[7]
Berkouwer faz a seguinte citação:
“A Escritura nos fala do Filho do Homem sofredor, do Varão de dores que padece, entristece-se, angustia-se, ora e deseja, maravilha-se e espera, confia em Deus e geme no abandono”.[8]

Seu Intelecto:
Seu conhecimento era superior ao dos homens: em termos intelectuais, Jesus possuía um conhecimento que se destacava em relação aos outros homens. Disse palavras de profundidade e de alcance, porque ele conhecia o pensamento e as necessidades do ser humano. Mostrou um conhecimento além da capacidade humana. Sabia o que os homens pensavam, tantos amigos como inimigos (Lc 6:8; 9:47). Sabia coisas do presente; do passado, uma vez que conhecia o fato da mulher samaritana ter tido cinco maridos (Jo 4:18) e o futuro das pessoas, quando avisa a Simão Pedro de sua negação (Lc 22:33).  Seu conhecimento não era ilimitado, vemos Jesus fazendo perguntas a fim de reforçar algum ensinamento (Mt 22: 41-45), contudo há outras passagens em que Jesus pergunta sinceramente em busca de informações às quais não possuía. Um exemplo claro foi o caso do garoto acometido de um espírito de surdez e mudez, onde Jesus pergunta ao pai dele "Há quanto tempo isto lhe sucede?" (Mt 9: 20,21). Nesta passagem percebemos que Jesus não tinha tal informação, porque ele perguntou? O que isto poderia significar? Talvez porque se importasse de maneira diferente em relação à criança, ou uma grande compaixão pelo pai, não podemos afirmar com certeza. Um outro caso, no discurso apocalíptico (Mc 13:32), quando ao ser interpelado sobre quando voltaria uma segunda vez, Jesus respondeu: "Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai".

Sua Espiritualidade:
 Creio que Jesus participava na sinagoga (Lc 4:16), tornou-se comum ensinar nas sinagogas e visitar o templo quando estava em Jerusalém. Mantinha uma vida de oração (Lc 6:12; 22:41,42; Jo 6:15), em vários momentos vemos Jesus sair para orar sozinho ou em grupo. Sua dependência humana de Deus era total e a vida de oração era uma prova disso. Em todas as coisas Jesus mostrou sua humanidade. Não havia dúvidas para os autores do Novo Testamento que Jesus era plenamente homem.
     
Capítulo II - a relação com seu povo

“Jamais nenhum homem falou como ele” (Jo 7:16)
"A humanidade Jesus Cristo não é de modo algum um traje de que Deus se teria vestido para ser tonar vestido. Para se tonar visível. É uma vida humana verdadeiramente humana cujo significado humano constitui a chave do conhecimento do verdadeiro Deus".[9]
Socialmente Jesus se portou como um homem, demonstrando sua humanidade convivendo com outros homens, relacionando-se com eles, discordando deles, trazendo palavras de encorajamento e em outros momentos os censurando. Jesus de Nazaré era filho de uma família comum. Nada havia nele que se chama atenção dos seus conterrâneos. Quando começa sua carreira as pessoas de seu convívio incrédulas se questionam, perguntando e afirmando não ser aquele o filho de José? Mc 6:3. Jesus vem para libertar seu povo, de fato foi visto e tocado pelos homens a sua volta.
Berkouwer faz a seguinte citação:
“Em outras palavras, cumpria ao Filho de Deus aceitar a carne humana com toda a sua fraqueza para nela poder sofrer e, desta maneira, ajudar-nos”.[10]
“Ele é consubstancial a nós, um conosco, semelhante a nós em tudo, nosso irmão, nossa carne e nosso sangue. Não veio como enviado para atemorizar-nos com sua divindade onipotente, embora oculta, mas veio ao nosso mundo real e verdadeiro, assumindo a forma de servo”.[11]
  A vida e as palavras de Jesus significaram a vitória sobre o mal físico, psíquico e espiritual (Mt 11:4-6).[12]
Suas palavras trouxeram libertação sobre muitas aflições e abusos sofridos pelos judeus, não bastando a dominação romana, os judeus viviam presos nas garras de um judaísmo usurpador dos Fariseus. Jesus vem ao encontro dos pobres e marginalizados (Mt 11:19), rejeitados, excluídos, aos enfermos. O número de pobres e daqueles que padeciam por falta de esperança era enorme, haja vista as multidões (Mt 9:36, Mt 14:14) que o acompanhavam e viam nele um auxiliador. Jesus os acolheu, exerceu compaixão e ofertou perdão aos rejeitados, a escória da sociedade da época.[13] Jesus exerce um papel fundamental, o de traumaturgo (Mt 4:23-24) curou não somente corpos, mas almas também, incluindo males psicológicos. Concedeu aos homens dignidade e motivos para viverem. Todos tipos de enfermos vieram até ele e acharam a cura de seus males, isto não impediria que a morte em algum momento os alcançassem.[14]
A libertação de Jesus vem a todos: mulheres que vivam segregadas e desprezadas, aos necessitados, aos pequenos, aos fracos, aos inimigos, todos são alvos da compaixão de Jesus. 

Capítulo III – A morte, um fim prematuro
“Como pode Deus ser abandonado por Deus?”[15]
Muitas dúvidas foram levantadas em relação a sua morte: teria morrido de fato? Não seria um sósia que foi morto no madeiro? A morte não seria apenas uma narração acrescentada? Se os próprios discípulos fugiram como poderiam ter escrito algo que não haviam presenciado?
A morte de Jesus para muitos é antes um ato de fé, que não necessita ser comprovado.
Podemos dizer que seu caráter o levou a morte (Lc 23:46; Jo 19:33,34). Quando Jesus se manifesta trazendo e vivendo palavras de libertação aos homens, ele conquistou muitos inimigos. Creio que Jesus sabia que poderia morrer e iria morrer (Mc 10:45), como de fato se deu. A morte fazia de alguma forma parte de sua missão, de seu amor ao próximo o ápice de sua entrega pelo outro. 
“Sua morte não foi aparente, mas verdadeira. Seu corpo sucumbiu aos sofrimentos infligidos e de fato expirou a semelhança de todos os homens. Esta é talvez a suprema identificação de Jesus com a humanidade, pois sendo Deus não deveria morrer, mas ao assumir plenamente a humanidade, torna-se sujeito a possibilidade da morte. Eis uma verdade tremenda e profunda. “[16]
Fico sempre a me perguntar: porque o ministério de Jesus durou apenas três anos? Os discípulos ainda não estavam preparados: erravam, falhavam, tinham medo, era deficientes, incapazes de levar a obra iniciada avante, precisavam de ajuda e orientação. Jesus não recolheu nenhum fruto de seu trabalho. Tudo isto parece ser injusto, tanto para aqueles como para este. Os homens continuavam a ter necessidades, enfermidades, fome, medo, injustiças. Muitos não foram alcançados por ele, por suas palavras. Porque morrer tão cedo? Porque deixar muitos órfãos?
Jesus deixou o principal: a semente, o exemplo, sua vida. A sua morte trouxe vida, não dependemos de um, agora dependemos de muitos e principalmente de nós mesmos, individualmente podemos ser um “Jesus”. O mundo deve estar repleto de deles. A obra que ele começou nós devemos continuar. Se não há esperança é porque nós não a estamos levando. Se o mundo vai piorando é porque seus seguidores tem falhado em sua missão.
A morte de Jesus não é um fim em si mesmo, antes um desafio a uma continuidade de algo que transformou a vida de muitos. Outros esperam ouvir e vivenciar tal transformação. Onde estão os seguidores, os multiplicadores? Aqueles que como seu Mestre estão dispostos a dar sua vida em resgate de muitos.
Podemos concluir que a morte de Jesus foi de fato um fim prematuro, se isto não trouxer um bem ao próximo, ou ter o significado de vida quando recordamos a transformação que os atos de Jesus tiveram sobre a vida do ser humano.

Conclusão:
Podemos ver no homem Jesus a nós mesmos: alegrias, tristezas, choros, raiva, ira, sarcasmo, emoções, desagrado, medo, surpresa, interesses, vergonha, medo, prazer, amor, nojo.
Em seu corpo, o nosso corpo: nascimento, crescimento, a dor.
Em suas relações, nossas relações: seres sociais, solitários, mas nunca sozinhos.
Em sua espiritualidade, a nossa tentativa de uma constante busca de Deus.
Em seu intelecto - sem estudo e de uma alta capacidade - a nossa tentativa de compreender e dar significados a vida.
Nele vemos um caráter determinante, em nós a tentativa se sermos semelhante a ele.
Somos tão humanos quanto Jesus? Esta pergunta nos remete a verdade que não temos a humanidade em toda a sua plenitude. Não somos seres humanos genuinamente puros, assim como Jesus o foi. Do ponto de vista bíblico só houve três seres humanos completamente humanos: Adão e Eva (antes da Queda), e Jesus. Todo o restante da humanidade é apenas uma sombra da humanidade original. Nossa humanidade é totalmente desconfigurada pelo pecado. Dessa maneira Jesus não só é humano como nós, como também é mais humano. É sua humanidade que deve ser padrão para nós e não o inverso.
Pelos tópicos acima está claro que Jesus assumiu completamente a humanidade, sujeito a todos os reveses que o estado de humanidade poderia lhe trazer, contudo Jesus não um homem qualquer, igual a todos os homens. Vários fatos em sua vida mostram essa singularidade.[17]

Bibliografia
1. Livros
____________. A Bíblia Sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. Ed. Revista e Atualizada. São Paulo: Vida Nova, 1999. 1809 p.
____________. Jesus Cristo: ontem, hoje e sempre. Trad. Clemente Raphael Mahl. Local: São Paulo: Ed Paulinas, 1996. Comissão Teológico-Histórica do Grande Jubileu do Ano 2000. p. 59-68.
BERKOUWER, G. C. A Pessoa de Cristo. Trad. A. Zimmermann & P. G. Hollanders Local: São Paulo: Ed. ASTE, 1964. p. 143-175.
BRUCE, Alexander B. The Humiliation of Christ. 2o. Ed. Local: New York: Ed. Hodder & Stoughton. p. 207-235.
COMBLIN, José. Jesus de Nazaré: Meditações sobre a vida e ação humana de Jesus. 4a. ed. Local: Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1976. 114 p.
DUQUOC, Christian. Cristologia: Ensayo dogmático sobre Jesus de Nazaret el Messias. 2a ed. Local: Salamanca: Ediciones Sígueme, 1978. p. 29-46.
THEISSEN, Gerd & MERZ, Annette. O Jesus Histórico: um manual. Trad. Milton Camargo Mota & Paulo Nogueira Local: São Paulo: Ed. Loyola, 2002. p. 21-32.
2. Documentos e dados da Internet
OLIVEIRA, Kelson Mota T. Cristologia: a Pessoa e a Obra de Nosso Senhor Jesus Cristo: 





[1] COMBLIN, José. Jesus de Nazaré: Meditações sobre a vida e ação humana de Jesus. 4a. ed. Local: Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1976. p. 15
[2] OLIVEIRA, Kelson Mota T. Cristologia: a Pessoa e a Obra de Nosso Senhor Jesus Cristo: 

[3] FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da Língua Portuguesa. 4a. ed.  Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 p. 367
[4] DUQUOC, Christian. Cristologia: Ensayo dogmático sobre Jesus de Nazaret el Messias. 2a ed. Local: Salamanca: Ediciones Sígueme, 1978. p. 35.
[5] BERKOUWER, G. C. A Pessoa de Cristo. Trad. A. Zimmermann & P. G. Hollanders Local: São Paulo: Ed. ASTE, 1964. p.156.
[6] COMBLIN, José. Jesus de Nazaré: Meditações sobre a vida e ação humana de Jesus. 4a. ed. Local: Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1976. p. 14
[7] OLIVEIRA, Kelson Mota T. Cristologia: a Pessoa e a Obra de Nosso Senhor Jesus Cristo: 

[8] BERKOUWER, G. C. A Pessoa de Cristo. Trad. A. Zimmermann & P. G. Hollanders Local: São Paulo: Ed. ASTE, 1964. p. 162.
[9] COMBLIN, José. Jesus de Nazaré: Meditações sobre a vida e ação humana de Jesus. 4a. ed. Local: Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1976. p. 11
[10] BERKOUWER, G. C. A Pessoa de Cristo. Trad. A. Zimmermann & P. G. Hollanders Local: São Paulo: Ed. ASTE, 1964. p. 162.
[11] Idem, p. 167
[12] ____________. Jesus Cristo: ontem, hoje e sempre. Trad. Clemente Raphael Mahl. Local: São Paulo: Ed Paulinas, 1996. Comissão Teológico-Histórica do Grande Jubileu do Ano 2000. p. 69.
[13] Idem p. 70
[14] idem p. 74-76
[15] BERKOUWER, G. C. A Pessoa de Cristo. Trad. A. Zimmermann & P. G. Hollanders Local: São Paulo: Ed. ASTE, 1964. p. 165.
[16] OLIVEIRA, Kelson Mota T. Cristologia: a Pessoa e a Obra de Nosso Senhor Jesus Cristo: 

[17] OLIVEIRA, Kelson Mota T. Cristologia: a Pessoa e a Obra de Nosso Senhor Jesus Cristo: