INTRODUÇÃO
Ao final da segunda metade do século XIX é
profundamente marcante para a filosofia. Um novo formato ideológico é inserido
na Europa e alcança todos os continentes. Por essa época Marx e Engels redigem
um panfleto político denominado “O Manifesto Comunista”. Uma verdadeira bomba
relógio é lançada em meio a uma sociedade polarizada. Nessa sociedade coexistem
duas forças: A burguesia; em franca decadência e o proletariado; que se insurge
através de massas que se unem em favor de uma sociedade igualitária. Essa bomba
explode deixando cicatrizes profundas na sociedade vigente.
Esse é o motivo pelo qual procuramos
desenvolver sucintamente o tema presente. Nós o dividimos de maneira objetiva,
explanando em primeira instância a ideologia do “Manifesto”, em seguida,
abordando os seus argumentos, que na prática não eram funcionais, mas,
meramente teóricos. Por fim, buscamos coordenar, ou concatenar, os pontos
satisfatórios e os frágeis, delegando à decadência humana o insucesso de todos
os projetos por ela realizados. O resultado dessa análise pode ser examinado
nas pautas seguintes.
A
ARITMÉTICA DE MARX E ENGELS
Reza o Manifesto do Partido Comunista
elaborado por Marx e Engels, como base de argumentação central, a luta entre as
classes sociais. Uma luta que perpassa as gerações; ora declarada, ora
camuflada. É uma filosofia que podemos comparar com o dogma de Mani. Uma visão
polarizada cujas as vidas humanas são pedras sobre um tabuleiro, previamente
movimentadas por duas forças antagônicas: O bem e o mal. Com efeito, o materialismo
histórico justifica o perfil histórico da humanidade em todos os tempos, o que
leva a um rigoroso determinismo econômico. Por esse prisma de visão, o homem
apesar de estar intrinsecamente ligado a história, é meramente um coadjuvante,
ou seja, nos diferimos dos animas não pela razão, nem porque temos a capacidade
de articulação sócio-política, e sim, porque somos produtores, entretanto, toda
a realização – quer material ou intelectual - , é completamente condicionada.
Seguindo esse raciocínio, entendemos a afirmação de Marx, de que os Homens são
historicamente determinados, portanto, historicamente passivos.
É verdade que o “Kerigma” da Filosofia
apresentada por Marx e Engels não é assim tão simplório. Naturalmente que não é
mera conjecturação, há fundamentos para que se chegasse a fórmula final.
A relação
miséria – Burguesia – Proletariado seriam a tríade em que eles se apoiariam
para justificar sua teoria. Basicamente, nesse período, os homens lutam
individualmente buscando os seus próprios interesses. A luta pela estabilização
pessoal, fruto do capitalismo é marcante e decisiva para determinação da
filosofia contemporânea. Essa estrutura, na qual a sociedade da época estava
alicerçada é com certeza o pano de fundo sobre o qual o socialismo científico de
Marx ganharia força, e ao mesmo tempo seria combatida ferrenhamente pelos
capitalistas que sempre alcançaram êxito nesse sistema de organização vigente.
O manifesto comunista é, sobretudo uma
crítica severa a esse formato político que alçou vôo com a revolução francesa.
A problemática apresentada por Marx e Engels busca uma aproximação entre as
realidades econômicas tão disparis da época e, que se avultavam na medida em
que o processo de industrialização mudava de paradigmas. Nesse ínterim surgem
os protestos da grande massa de operários. A greve e o sindicalismo ganham
força. Marx não é um simples crítico que assiste aos acontecimentos do lado de
fora, está embrenhado na luta dos trabalhadores. O seu envolvimento é tão
profundo que o leva da investigação da razão da miséria a tratativa para a
instituição de uma sociedade sem exploração. Instaura-se então a luta entre o
capitalismo e o socialismo e, apesar de diferir dos outros modelos de
socialismo não deixava de ser também utópico.
AS LINHAS
TÊNUES DA FILOSOFIA COMUNISTA
É sabido que toda a evolução do
pensamento filosófico contemporâneo na obra de Engels e Marx trazem proposições
benéficas ao homem. O desafio da criação de uma sociedade justa e sem a
disparidade econômica, que é uma peculiaridade do capitalismo, trouxe a
esperança de uma saída tangencial para a classe de proletários que empobrecia
dia após dia. A influência dessa ideologia foi tão grande que muitos países a
aderiram até mesmo quase um século após a sua criação. O sindicalismo
brasileiro é fruto desse socialismo. As lutas pelo fim da desigualdade de
classes se perpetuam e são grilos que ecoam desde os períodos mais antigos.
Se por um
lado esse movimento é promissor e nos faz sonhar com um mundo ideal, por outro
lado, temos que confrontar a teoria com a prática, Aliás, prática, tem sido um
solo escorregadio para todas as teorias elaboradas pelo homem. Devido a isso,
gostaria de apresentar algumas dificuldades pela quais “o comunismo” não pôde
sobreviver como “Política efetiva” e, apenas sobrevive como modelo ideal de
sociedade.
Segunda coisa, é que o salário premia o esforço, sendo assim, uma sociedade que viva em total igualdade desestimula a busca pela complexidade ontológica nas mais diversas áreas do ser. A posição de Marx e Engels totalmente contrária à exploração do trabalhador, o que é louvável, fez que algumas nações posteriormente viessem a radicalizar completamente a questão do desnível salarial, deixando os profissionais abalizados e habilitados em total desconforto. Lembremo-nos que a teoria é puramente cognitiva e desconsidera a imprevisibilidade do ser passional.
Por último, após o final da guerra
fria, podemos notar claramente a situação catastrófica em que os países
comunistas se encontravam. O modelo ideal tão ambicionado por nós brasileiros,
ruía diante do hegemônico poder capitalista, e mais do que isto, podíamos
observar a nudez de todas as nações que se trancaram para a evolução mundial. A
polarização social, baseada em Marx e Engels, os legou a involução, degradação
e miséria. Os dois lados do muro de Berlim nos mostram claramente ambos os
mundos completamente distantes; o mundo capitalista das grandes possibilidades
e o mundo socialista de uma única possibilidade. Resumindo, a prática é um
grande verdugo.
CONCLUSÃO
Se o iluminismo foi suplantado pelo
Romantismo e o romantismo teve como algoz o contemporanismo, esse último
momento filosófico foi vitimado pelo pós-modernismo. Temos na obra de Marx e
Engels verdadeiras pérolas é verdade, entretanto, os movimentos são superados
quotidianamente. Vemos basicamente três períodos distintos em cada um deles, a
saber, a visão que traz a euforia; a ação que traz o conflito com a teoria e,
por fim; as cinzas, que é o resultado da superação ideológica por um novo
paradigma. O pensamento marxista continua influenciando setores da sociedade,
mas já não é a mesma voz que soou com sonoridade ímpar até quase o final do
século XX.
O manifesto comunista permanece atual,
vivemos sob a luta de classes, não nos moldes da burguesia e do proletariado,
há algumas variantes, todavia, o cerne se mantém intacto. Patrão e operário
continuam se gladiando, ainda que de maneira sutil; os movimentos de protesto
contra a classe dominante ecoam nos quatro cantos do planeta terra. Isso é
indiscutível. O que podemos discutir é se essa luta constitui na causa ou no
efeito. É a febre ou a infecção? Continuo crendo que é a febre, pois a infecção
se mantém intocável. Todo modelo de sociedade ideal tem o efeito da dipirona,
ou seja, combate apenas à febre. Remedeia, porém, não cura. Tem ação imediata,
mas, efêmera. Finalizando, o Homem é um ser decadente, e por isso mesmo,
permanece impotente diante de seu continuo desafio de criar uma sociedade
estável e ideal.
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