sábado, 13 de janeiro de 2018

Exegese: Isaias 1. 4-9

Introdução:


ד הוֹי גּוֹי חֹטֵא, עַם כֶּבֶד עָו‍ֹן--זֶרַע מְרֵעִים, בָּנִים מַשְׁחִיתִים; עָזְבוּ 
אֶת-יְהוָה, נִאֲצוּ אֶת-קְדוֹשׁ יִשְׂרָאֵל--נָזֹרוּ אָחוֹר.
ה עַל מֶה תֻכּוּ עוֹד, תּוֹסִיפוּ סָרָה; כָּל-רֹאשׁ לָחֳלִי, וְכָל-לֵבָב דַּוָּי.
ו מִכַּף-רֶגֶל וְעַד-רֹאשׁ אֵין-בּוֹ מְתֹם, פֶּצַע וְחַבּוּרָה וּמַכָּה טְרִיָּה; לֹא-זֹרוּ 
וְלֹא חֻבָּשׁוּ, וְלֹא רֻכְּכָה בַּשָּׁמֶן.
ז אַרְצְכֶם שְׁמָמָה, עָרֵיכֶם שְׂרֻפוֹת אֵשׁ; אַדְמַתְכֶם, לְנֶגְדְּכֶם זָרִים אֹכְלִים 
אֹתָהּ, וּשְׁמָמָה, כְּמַהְפֵּכַת זָרִים.
ח וְנוֹתְרָה בַת-צִיּוֹן, כְּסֻכָּה בְכָרֶם; כִּמְלוּנָה בְמִקְשָׁה, כְּעִיר נְצוּרָה.
ט לוּלֵי יְהוָה צְבָאוֹת, הוֹתִיר לָנוּ שָׂרִיד כִּמְעָט--כִּסְדֹם הָיִינוּ, לַעֲמֹרָה 
דָּמִינוּ.  {פ}

A analise do texto de Isaías 1. 4-9, escrito em uma linguagem profética, própria da época. Escrito pelo profeta Isaías engloba o período longo de 740 a 700 a. C. Este texto ocorre durante o reinado do rei Uzias. O local do escrito foi em Jerusalém.

I. A forma do texto - tradução:

A. Isaias 1. 4-9

  1. Ai da    Nação que peca!
(ai do)  Povo pesado de iniqüidade!
      (ai da)  Semente de crimes
      (ai dos) Filhos que causam destruição!
                             Eles abandonaram a Javé
                             Eles rejeitaram o Santo de Israel
                             Eles afastaram para trás (por último)

  1. Como sereis feridos ainda
Vós que perseveram na rebelião
   Toda cabeça está doente
E todo coração mestruado (enfermo)

  1. Desde a sola do pé
E até a cabeça
                                          não há nele lugar sadio
            Ferida e ferimento
E         pancada (contusão) de ossos (feridas)
                                                 não foram espremidas
      E                                        não foram atadas
      E                                        não umedecidas com óleo

  1.    A vossa terra é desolação (que causa louvor)
   As vossas cidades estão queimadas há fogo
   O vosso solo (chão), diante de vós,
                        estrangeiros o devoram
E                     desolação com destruição de estrangeiros
  1. E a filha de Sião será deixada (preterida)
Como uma choça em uma vinha
            Como cabana (palhoça) em um campo de pepino
            Como uma cidade sendo sitiada

  1. Oh! Se Javé dos Exércitos
Nos tivesse deixado poucos sobreviventes
Estaríamos como Sodoma
Pareceríamos como Gamorra

B. Estrutura:

            I – Acusação em tom de lamentação – v. 4
            A.Geral v. 4a
B. Específica v. 4b
           
II – Detalhamento da acusação – v. 5 – 8
            A.Questão v.5a
B. Descrição do corpo enfermo v. 5b – 6
                        C. Descrição da nação destruída v. 7 – 8

            III – Conclusão ou reconhecimento – v. 9

 C. Explicação da Estrutura:

A estrutura do texto não é de difícil compreensão e de análise.
O verso 4 mostra a denúncia e a acusação em forma de lamento. Parte de uma acusação geral (povo e nação) para uma acusação específica dos cidadãos e autoridades.
Nos versos 5 a 8 - aqui surge um detalhamento da acusação como parte denúncia de um processo jurídico: devido a uma desobediência (5a); um corpo doente (5b e 6), narra através de doenças, o alerta da dor; para a nação destruída (7 e 8), diante da ameaça em Israel que é fogo causada pela seca, pois Jerusalém havia sido sitiada pelos Assírio em 735 a. C. (escrito foi Isaías); conclui verso 9 que Javé é que está sustentando Jerusalém, apesar da expectativa de encerramento / destruição como foi com Sodoma e Gomorra.


D. Interpretação do texto:


I – Acusação em tom de lamentação – v. 4

Na primeira parte do verso 4(a) o profeta Isaias faz uma acusação / denúncia, primeiro em tom de lamentação e em segundo momento em uma linguagem jurídica. A ameaça é geral em aplicar um castigo físico por parte de Javé à nação. A acusação pode ser vista através das seguintes palavras: o verbo hata – pecar, tem o sentido de negar o padrão que Deus tem. A substantivo masculino awon – iniqüidade, significa o desvio do caminho. A palavra roa – crime denota as atitudes negativas, ou uma característica imoral do ser humano. Já mashhit – destruição demonstra a figura de um anjo encarregado de destruição que feriu os egípcios que não tinham nos batentes das portas o sangue.
Na segunda parte do verso 4(b) especifica os motivos específicos da ameaça de Javé. Os verbos: azab tem o sentido de abandonar, apostatar de Javé e ir atrás de ídolos.  A palavra naats denota o sentido de rejeitar, rebelar-se e inclinar-se a desobediência culminando o ponto máximo de apostasia de todo o povo de Israel. Já a palavra shakak traz o significado de aniquilar, deixar de existir.

II – Detalhamento da acusação – v. 5 – 8

O profeta menciona os ferimentos dos que yasap - perseveram em sarar - rebelião - o sentido da palavra é de sair da presença de Deus. Apesar de ainda não receberem o castigo proveniente de Javé. No verso 5b e 6a, descreve um corpo totalmente enfermo: “desde a sola do pé e até a cabeça” e reitera que nele “não há lugar sadio”. Os ferimentos não tratados permaneciam em estado de abandono. O profeta no final do verso 6b, explica o motivo daquela situação. Como se um tratamento médico sobre as “feridas” não houvessem sido realizado, pois elas não sararam, porque: não “espremeram”, no sentido de pressionar para o mal do corpo sair; a palavra hãbash - atar, ou tiaras usadas pelos sacerdotes; também era usada no sentido de colocar uma atadura ou bandagem, não “ataram”, porque não ligaram com as ataduras, a palavra rak – umedecidas, tem o sentido de amaciar, num sentido é Javé quem faz amolecer o coração. O óleo tem significado todo especial entre eles: um deles, o de curar as feridas. A “umedeceram com óleo”, no sentido de cuidadas com azeite (remédio), não foi utilizado.  Os estrangeiros “citados como aqueles que estavam desolando a terra”, nos remetem a guerra Siro-Efraimita no período de 735 a 732 a. C. quando Jerusalém foi sitiada. Este é o contexto em que eles estão vivendo. O profeta sai das metáforas referentes à comparação do corpo humano e relata a realidade do povo de Israel que esta degradada por causa da desobediência a Javé. O profeta usa o temo shemama - desolação, que expressa algo que acontece gerando uma grande calamidade. O uso do termo akal - devorar, no sentido de consumir, atentando para este sentido percebe-se que o profeta está falando que os estrangeiros estão consumindo tudo que a terra dá e possui. Isto é o resultado causado pelo povo que abandonou a Javé e deixaram de seguir os seus conselhos. A destruição da Filha de Sião, a cidade de Jerusalém, ocorre pelo total descaso da nação de Israel. A comparação de uma choça e de uma cabana, que são elementos básicos do trabalho do campo, é utilizada pelo profeta, como exemplos do abandono do agricultor após a colheita. A aplicação deste sentido à cidade preterida, pelo governo e dos habitantes mediante a situação de sítio.

III – Conclusão ou reconhecimento – v. 9


No verso 9, a palavra hebraica sedom - Sodoma tem o sentido de antítese. Sodoma e Gomorra estão representadas na história de Israel sempre como símbolo de poder. As guerras pela posse de tal cidade dão sua importância. Da mesma forma a não observâncias aos mandamentos de Javé às tornaram em pó e cinzas. A palavra sarid - sobreviventes nos remete sempre a outra expressão que encerra a idéia de um grupo que permanece firme, um remanescente. Ou seja, designa aquilo que sobreviveu a um processo prévio de eliminação ou a uma catástrofe. Essa analogia é muito usada pelos israelitas durante as narrativas bíblicas. Entretanto é na figura do profeta Isaías que ela é comumente usada. Desta forma o verso 9 dá um desfecho ao texto da justiça e misericórdia de Javé.

Introdução – Paul Tillich

SÍNTESE DAS LEITURAS -  Introdução – Paul Tillich

Estevão Barros 

Espera-se que a teologia realize a sua parte fornecendo as informações básicas e corretas de sua realidade a mensagem e o seu conteúdo. A dinâmica entre o efêmero e o temporal é um caminho que deve ser trilhado. A Palavra é imutável e ela é quem determina as respostas e a defesa das verdades em relação às dúvidas. A teologia tenta construir métodos capazes se serem entendidos como ciência, porém, não tem obtido os resultados necessários. A teologia parte de princípios básicos como os relacionamentos da pessoa de Cristo ou do relacionamento de Deus com sua comunidade. A teologia só tem valor se os seus resultados atingirem aqueles que se relacionam com a teologia ou que determinam aspectos de sua inteiração. Os aspectos metodológicos que analisam o que é a fé cristã, estão na teologia, e esta chama para si a responsabilidade e como resultado estabelece as interpretações cristãs. Ela produz e se fundamenta para si mesma utilizando métodos que não sejam questionáveis, dando-lhe autonomia de escolhas de diversas outras ciências. A palavra é a base, senão a principal fonte da teologia, pois, trata-se de um legado. Uma riqueza de informações coletadas durante vários anos trazendo a diversidade de pensamentos, história, conceitos, etc. Na verdade, o material científico para a teologia é diverso e amplo. Se a utilização do material coletado, estiver contido em princípios estabelecidos ou a utilização de normas de análises, seus resultados aparecerão. Portanto, a teologia não age apenas pelo místico, mas utiliza-se também de conceitos racionais para impor seus métodos. 

A teologia vem de encontro ao homem, questionando e ao mesmo tempo trazendo respostas e tenta fazer com que este mesmo homem reflita as novidades e a partir delas mudar sua maneira de ser e viver a dinâmica da descoberta.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

A IGREJA E O DESAFIO DOS POBRES

Introdução

            “O evangelho de Cristo não conhece outra religião que não seja social, nem santidade que não seja santidade social”.[1]
John Wesley

A pobreza está presente na sociedade humana. Não é de hoje. A pobreza acompanha o ser humano há muitos anos afligindo-o. Durante todo este tempo, até hoje, o ser humano foi e é explorado por seu semelhante num jogo de poder e de fraqueza. A pobreza em si não produz o mal, ela é na verdade o mal em si, produto de um sistema de desigualdades sociais, política e econômica onde o interesse de poucos se sobrepõe aos de muitos[2].
Não é pelo fato da pobreza acompanhar o ser humano em sua jornada por este mundo, na forma de um parasita social, que deve acomodar-se com a situação. As conseqüências que a pobreza produz e os elementos causadores devem ser enfrentados com o objetivo de libertar o ser humano do mal que o aflige.
Esta monografia busca relacionar a pobreza com o papel da Igreja, instituição do Sagrado que se preocupa com esta situação, fato demonstrado nas Escrituras através dos exemplos de Jesus. Não poderíamos deixar de perguntar: A Igreja está atenta a situação que agrava a vida de bilhões de pessoas? O que estaria ela fazendo para que a situação do pobre seja transformada? Ou estaria a Igreja cega diante da situação, não por estar distante, a pobreza não está presente dentro dela mesma? Estaria a Igreja acomodada com a situação deprimente do próximo por que ela estaria em uma situação confortável? São perguntas que procuraremos responder nesta obra.
No primeiro capítulo definiremos o que ser pobre e quem são os pobres, objeto de cuidado. No capítulo seguinte vem da questão se a Igreja deve ser envolver e comprometer-se com o pobre e o qual o significado disto para a própria Igreja. No terceiro capítulo discute-se formas práticas de ação que a Igreja pode realizar para tornar a vida do pobre digna de um ser humano.    

I – Pode-se definir quem são os pobres?

I - Os pobres, quem são?

Uma resposta difícil de ser respondida pode-se responder com outra pergunta: o que é ser rico? O que é ser pobre? A pobres menos pobres? A ricos mais ricos ou menos ricos?
A primeira vista o pobre é pobre por não ter poder aquisitivo suficiente para ter. Ter coisas materiais, coisas que “todo” mundo tem. A pergunta que surge é: se o pobre tiver uma grande renda deixará simplesmente de ser pobre? Não, até porque a pobreza não está condicionada a aspectos puramente financeiros ou materiais, mas está ligada ao desprezo da dignidade humana e principalmente a dimensão espiritual.
O Frei Leonardo Boff define a pobreza nas seguintes palavras:  [3]
“Num primeiro significado, pobreza é carência, falta de meio de subsistência, coisa ruim, porque a pessoa não pode produzir e reproduzir vida... um outro sentido da pobreza que é a pobreza não inocente; mas é uma pobreza de exploração, de injustiça. Isto é, há um mecanismo que cria a pobreza, arrebata, rouba do trabalhador o justo salário, aquilo que se lhe deve. Não tem camisa, não pode ir ao dentista, não porque não queira, porque lhe tiraram a possibilidade de ir. Então essa pobreza é sinônimo de injustiça, e a oposição a ela não é a riqueza. Oposição a essa pobreza é justiça”.
            A partir desta reflexão de Leonardo Boff podemos distinguir “tipos” de pobreza. A primeira causada por fatores econômicos, a segunda causa a injustiça social, a terceira é uma pobreza que vai ao encontro do outro no sentido do serviço, e o quarto tipo é a pobreza que se faz na solidariedade. 
            A pobreza gerada por questões econômicas está presente na história há muito tempo. O ser humano de forma injusta explora seu semelhante. Retira dele o que pode ser explorado e em troca nada dá, até mesmo a dignidade do pobre é desprezada. A riqueza de poucos é construída as custas da desgraça de muitos. O pobre é mantido com o mínimo de condições sociais para ser usado em benefício da exploração do capital.
            A pobreza da injustiça está no afastamento da justiça na direção do rico e na aplicação da justiça em direção de encontro ao pobre. O escritor Drausio Varella em seu livro intitulado Carandiru cita que na sala do diretor da antiga Casa de Detenção havia uma placa que dizia algo como “Aqui só entra pobre”. Esta é a realidade.
            A pobreza que vai ao encontro do pobre é aquela em que colocamos o que temos a favor do outro no sentido de compartilhar para minimizar a aflição do afligido em sua angustiosa situação de abandono e desprezo.
            A pobreza da solidariedade que se faz com os pobres, na luta contra a pobreza. Em estar juntos nos fazemos pobre sentido o que ele sente. Lutando para mudar não para nós, mas para ele. Sofrendo a dor dele como se doesse em nós.

    II – Onde se encontra os  pobres:

Nos enfermos física e mentalmente. Crônicos sem esperança de cura, sem consolo no seu sofrimento oferecendo o consolo através da Palavra de Deus. Ajuda-los a minimizar as dores físicas e interiores. Lembramos daqueles que enfermos são excluídos, sem medicação, sem hospitalização, sem atendimento digno, sem transporte. Solitários. Mortos. Mortos por um sistema que os ignora, os exclui da última tecnologia médica existente e a disposição do abastado e  negada não só ao pobre, mas também a tantos outros. 
Os carentes material e emocional. Pode-se estar bem emocionalmente se o físico e o material estão em falta? Há os necessitam de roupas, alimentos, remédios. Os que não tem casas para se abrigarem do frio, da chuva, muitos vivendo no relento da noite. São obrigados a sentirem frio em noites geladas.
Os viciados, dependentes químicos e alcoólatras. Necessitam de assistência especializada. Lembrando que a causa que leva o vício está no pecado. Assim deve-se assistir o viciado tanto no tratamento químico como também no tratamento espiritual que trate a alma humana.
Os órfãos e menores abandonados e carentes – talvez as maiores vítimas da pobreza. As crianças sofrem de muitas carências. A falta de afetividade visitado-os e dando-lhes amor; de um lar onde encontrem amparo; a carência espiritual – orando por elas, demonstrando o amor de Deus, cria-las com fé e esperança; carência material: ajudando materialmente de diversas formas como roupas, mantimentos, brinquedo, livros, financeiramente. Outro mal que atinge as crianças em seu estado de miséria e a alta taxa de mortalidade infantil causada pela fome e pela falta de higiene básica.
As viúvas que normalmente existem em grande número dentro das Igrejas. Muitas são esquecidas dos filhos e mesmo de suas comunidades. Esta pensa que os filhos têm o dever de cuidar das mesmas. Para as viúvas muito de suas carências não está em coisas materiais, mas sim sociais. Vivem solitárias, esquecidas, sem atividades que lhes tragam dignidade humana. Como as Igrejas poderiam dar as estas vidas condições de servirem a outros em diversos locais que necessitem de voluntários. Que bem lhes traria sendo úteis ao outro e ao mesmo tempo a elas mesmas.
Os/as desempregados/as que a cada dia crescem em números estatísticos, desesperançados e desesperados na luta de algo que lhes possa trazer um mínimo de dignidade humana afim de não mais mendigar. Na busca de algo que possa manter suas cabeças erguidas, são trabalhadores/as desprezados/as por um mercado capital que refuga o descartável, desprezando o ser humano como algo sem valor. O homem não vale nada.
Os escravos do século XXI. Enquanto para muitos o trabalho escravo parece coisa do passado, há em regiões remotas do país famílias inteiras sendo exploradas sem um mínimo de condições sociais e sem nenhum tipo de salário senão a troco de uma subsistência.
No campo jurídico o pobre vive uma insegurança, ele é indefeso ao passo que o rico está protegido na sociedade devido suas influência e o “respeito” que a sociedade nutre pelos abastados. O pobre não conhece seus direitos, estão marginalizados. A seguinte  citação realizada no Congresso da Ordem dos Advogados do Brasil realizado em 1976 demonstra isto de forma bem clara[4]:
“O direito penal é um direito dos pobres, não porque os vigie e os proteja, mas porque seu rigor e sua gravidade pesam exclusivamente sobre eles”.
            No povo indígena e nos descendentes afro, esquecidos após terem sido explorados. Tanto índios e negros morreram devido à exploração do rico, eram instrumentos de gerar riqueza enquanto suas vidas se exauriam. O que vemos hoje em favelas construídas de papelão, madeira e mais recentemente de blocos e cortiços são a “sobra” da exploração, verdadeiros lixões humanos para os que não tem mais valor nesta sociedade de alguns.
Nos migrantes moradores de pontes e viadutos, dormem junto aos seus carrinhos na esperança de enche-los com papelão na tentativa de conseguirem algum dinheiro para sobreviver.
Nos que nada ganham ou daqueles que ganham o suficiente para não mendigar e ao mesmo tempo não padecerem de fome. A questão do salário mínimo[5] é um exemplo claro de uma pobreza institucionalizada na sociedade atual.
Naqueles que são excluídos da educação escolar tão necessária e que por diversas vezes determinante do futuro humano de sucesso ou fracasso diante de uma sociedade que valoriza o melhor em desprezo do não capaz. O pobre não é incapaz. Na verdade a ele foi imposto um não ao seu preparo estudantil e profissional. As portas não foram abertas a ele e pior: poucos se preocupam com isto. O pobre está entregue a sua própria sorte.
Os pobres de espírito. Os que não possuem bens espirituais, aqueles a quem Deus oferece de forma gratuita, tanto a ricos como a pobres. São aqueles que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos, os pacíficos, os perseguidos[6].
II - a Igreja e o envolvimento com os pobres: os prós e contras
Para a Bíblia a riqueza e a pobreza são fruto do pecado que corrompe as relações entre os homens e estes para com Deus.
Uma igreja que opta pelos pobres não é uma Igreja pobre. Quando a igreja opta pelos pobres ela se solidariza com os pobres. É uma opção pela justiça e contra as estruturas que produzem sem cessar uma situação de injustiça social. É uma reviravolta da Igreja em favor do povo como um inteiro. O compromisso com os pobres deve ser visto como um compromisso como o de Cristo[7] que se voltava para os necessitados e não há mais necessitados do que os pobres. Foi como pobre que Deus se revelou ao homem na pessoa de Jesus de Nazaré, em sua ação de libertação não se dá apenas para as necessidades espirituais, ou materiais  e nem das sociais, ele anuncia o amor do Pai, desperta a fé, perdoa os pecados, cura os enfermos, restabelece os inválidos, multiplica o pão, acolhe os pobres, come com os pecadores, traz de volta a dignidade humana e espiritual. A Igreja sempre ajudou os pobres dando esmolas, ajudou, mas o pobre continua pobre, este tipo de ajuda não resolve o problema.
A fé cristã é marcada pelo amor ao próximo, não é este o segundo mandamento? O cristão dá seu testemunho acompanhado de obras de amor onde há necessidades. Na Igreja primitiva não se indagava se a Igreja era responsável por amparar as viúvas ou órfãos, os necessitados ou auxiliar os doentes e mesmo os carentes[8]. Movida por amor a Igreja agia. Atualmente existem aqueles que questiona o papel da Igreja em envolver-se na ajuda ao próximo. Isto para muitos seria dever do estado e o sagrado não se mistura com o profano. Segundo Rapp[9] o poder do evangelho estende-se apenas àqueles que ouvem e crêem, não é propósito de Deus salvar todo o mundo. O evangelho social ignora o fato do pecado humano e trata a vida presente como a única coisa real. O verdadeiro evangelho, segundo Rapp, está interessado nos problemas da humanidade, nos problemas sociais, econômicos e políticos, mas de que forma a Igreja deveria agir em relação a estas dificuldades? Para esta pergunta ele não oferece respostas, apenas condenações àqueles que obram em favor dos pobres. Ainda Rapp escreve que a expressão do amor é bíblica apenas no sentido de conduzir o homem para o céu, faz uma dicotomia entre o profano e o celeste porvir. Não importa o hoje, a glória do homem está no futuro – encontramos neste relato uma teodicéia ou mesmo um forma de escapismo. A missão da igreja no presente é pregar o evangelho, alias a única responsabilidade da igreja. Percebemos nesta frase uma grande contradição do autor, ora dizendo que a Igreja se preocupa com a humanidade e com o ethos, ora dizendo que a única preocupação da Igreja esta na libertação da alma humana e no serviço e comunhão voltada para dentro da igreja e não para fora dela. Isto seria o mesmo que Jesus cuidar somente dos doze apóstolos desprezando o restante das pessoas, excluído-as. Para o autor o mais fundamental na vida humana e a relação deste com Deus e não há valor na relação humana com seu próximo[10]. Quando Deus usa pessoas para combater algum desvio social que não estabelece qual seja, e apenas para o objetivo – egoísta – para cria um melhor ambiente para pregação do evangelho. Mesmo quando o autor relata o exemplo da parábola do Bom Samaritano[11] esclarece que não é obrigação da Igreja, mas do cristão. Esquece o autor que a Igreja é individualmente cada cristão?    
Ela mesma é vitima da pobreza. Insistimos que o amor em situações de necessidade deve-se mover em busca de suprir a necessidade do próximo seja ela quem for, como nos disse o Senhor devemos amar os nossos inimigos. Sem ajuda muitos pobres são tragados pela vida marginal que o alicia oferecendo uma “vida mais digna”. Oferece o que o pobre mais deseja ou necessita: dinheiro.  
A crise social sempre existiu, existe e existirá, a Igreja e nem uma instituição necessita de ideologias políticas para se aperceber da gravidade da situação do ser humano em estado de pobreza. Causa dos problemas está nas estruturas sociais, na maldade humana no tratar com seu semelhante, mas a dor e a necessidade não podem esperar a mudança das estruturas ou na transformação do homem dominador em homem companheiro e solidário.
A realidade do pobre está presente em todos os lugares. Ignorar o problema da pobreza, acreditando que isto é uma causa isolada que não necessita de cuidados é tolice. Os sintomas da pobreza atingem toda a sociedade a ponto do rico temer andar com seu carro nas ruas da Cidade não só pelas noites, mas também em plena luz de dia. O rico se priva de comprar o luxuoso e adquire o comum não chamar atenção dos miseráveis. Se os ricos distribuíssem parte do que tem provavelmente não teriam temor estar no meio do povo.
O cerne da mensagem de Jesus é formado pelo conjunto tradicional dos pobres, dos enlutados e dos famintos[12], também não despreza os ricos, pois, também necessitam ser afastados do pecado que os afasta de Deus. Jesus anuncia o evangelho da graça divina libertadora do mal e do pecado do mundo. Convida ao seguimento na pobreza e na humildade ao exortar os discípulos a carregarem a própria cruz. Jesus elogiou a pobreza e ensinou a praticar a compaixão com os miseráveis, anunciando o evangelho aos pobres e chamando-os as bem-aventuranças e na prática de boas obras[13]. A graça libertadora nos dá condições  de nos fazer realmente livres para praticar a libertação na injustiça.
Muitas regiões crescem o desenvolvimento econômico, em proporções maiores cresce a indigência, desemprego, carência e marginalidade. A complexa questão da liberdade dos pobres somente achará resposta na luta pacífica contra o subdesenvolvimento  e somente uma experiência profunda e ética pode levar o ser humano a uma conversão pessoal, e as mudanças sociais são capazes de superar o males do pecado e suas raízes.

III – como a igreja pode lidar com o desafio da pobreza?

Ter uma atitude assistencialista por mais tentadora que seja não é a solução adequada, pois, trabalhava apenas a necessidade, esquece-se que o pobre não tem somente necessidades. O pobre tem capacidade de luta, pode organizado se autopromover, para isto deve ser libertado. A Igreja não vai libertar o pobre, ela não tem esta capacidade e nem deve faze-lo. Ela, sim deve se aliar no sentido de ajudar o pobre a encontrar suas respostas e vencer a pobreza.  Para isto a Igreja deve mover-se em direção a necessidade do outro, porém, insistimos, não de forma assistencialista. O pobre não deve ser mantido dependente indefinidamente. Não deve ser sentir humilhado, e a Igreja não deve colaborar para um conformismo o leve a uma dependência prolongada. O objetivo maior da Igreja é a busca de uma sociedade mais justa e igualitária.
Deve-se encarar o desafio do pobre na luta pela promoção humana[14], deve-se respeitá-lo e considerado como uma pessoa a quem Deus ama. É justamente neste item de relacionamento que o pobre deve encontrar o perdão de Deus em relação ao seu pecado é chamado a converter-se[15]. O auxílio de forma integral deve também tratar a problemática da pobreza espiritual existente na vida do pobre. A religiosidade e a cultura do pobre não tem mérito para adentrar no Reino de Deus, antes, estes valores devem ser purificados diante da morte de Jesus. A Igreja deve saber que a pobreza é também a capacidade de aceitar a salvação com humildade[16] é a liberdade de confiar a sua vida a Deus.
A Igreja deve  intervir no processo social no auxilio para a mudança da situação. É verdade que não mudou muito a situação do pobre, mas é inegável que mudanças tem acontecido em diversos âmbitos. O trabalhador tem se organizado em sindicatos, juntos tem lutado por melhores condições de trabalho e renda. As Comunidades Eclesiais de Base, leigos atuam onde a Igreja enquanto instituição não age. Faz um forte trabalho de conscientização e orientação. Destaque-se a Pastoral da Criança que tem transformando morte em vida através de simples mudanças de hábitos alimentares e de higiene, através deste trabalho milhares de crianças destinadas a morrerem de subnutrição conquista a saúde necessária para viverem. Os pobres rurais se organizam em Movimento dos Sem Terra lutando não só por terra, mas também por direito a tecnologia do campo e na assessoria necessária para produzir mais com qualidade. Os pobres urbanos lutam através do Movimento dos Sem Teto por moradias dignas para suas famílias. Percebemos as mobilizações e nelas, parte da Igreja esta presente. Para as demais pobrezas a saída é a justiça, é a consciência política. Infelizmente o pobre necessita do apoio da sociedade, dos meios de comunicação e das instituições de forma comprometida e que atuem ao encontro deles. Vemos que muitos pobres são usados por políticos inescrupulosos e gananciosos, a Igreja deve exercer um papel de orientador, o pobre não pode mais ficar refém de falsas informações e falsas promessas, ilusões. O pobre é tem suas limitações e tem necessidade de ser orientado. Os pobres continuam partilhando seus bens, suas penas e suas alegrias  com vizinho e companheiros, vão encontrando forma  de agrupamento e comunidade onde cada pessoa encontra sua dignidade num ambiente de fraternidade. Os pobres continuam crendo na possibilidade de um mundo de justiça e de liberdade; muitos continuam lutando para prepará-lo e muitos cristãos redescobrem o compromisso de Deus com os pobres e oprimidos num horizonte de justiça e libertação integral.
A Igreja está em movimento em direção ao outro. Diversos ministérios têm levado a Palavra do evangelho que o ser humano do pecado. Ministérios específicos estão sendo desenvolvidos: meninos de rua, construção de creches e orfanatos, clubes de terceira idade, distribuição de sopas e cobertores, cursos de alfabetização e profissionalizantes.
Acreditamos que a própria sociedade, e em especial os pobres esperam mais da Igreja. Parte da Igreja tem se fechado em si mesma, mantendo suas portas fechadas as necessidades humanas, aos que dela necessitam, Também estar presente os necessitados estão, nas ruas, vielas, viadutos e favelas.
Outras ações por parte da Igreja poderiam ser trabalhadas[17]: abrir as estruturas da Igreja a participação do povo; objetivar ministérios a partir dos pobres; desenvolver um evangelismo não apenas numérico, mas também libertador; educar as bases a visar a justiça em prol do outro; obras sociais voltadas para os pobres sem cunho assistencialista; desenvolver trabalho cooperativo entre as comunidades; redirecionar suas atividades; estar onde o pobre esta sendo um porta voz do sofrimento humano; usar a Bíblia como instrumento de grande valor na vida do pobre; pregar uma teologia que leve a práxis libertadora na vida e na luta dos pobres; solidarizar-se com o oprimido, contra a injustiça, leva-los a terem consciência; envolver-se na luta dos pobres só pode se dar em pleno envolvimento, é estar junto; os pobres são objetos de agressão, a Igreja precisa decidir em que lado ela está[18].

Conclusão

Na conclusão desta obra verificamos que a Igreja tem um grande desafio diante de si: os pobres. Reconhecemos que a Igreja está de alguma forma empenhada no combate a pobreza na retomada da dignidade humana se solidarizando com o pobre e com a sua situação, é estender seu braço e cooperar no sentido do pobre encontrar-se consigo mesmo, com sua auto-estima, com sua dignidade reconquistada, se tornando apto a enfrentar a situação com sua própria capacidade.
A Igreja como instituição deve envolver-se e comprometer-se a trabalhar nas causas que geram a pobreza: a injustiça e atos que destroem a dignidade humana, lutar e buscar por uma justiça comum a todos os seres humanos.
A igreja deve evitar extremos que levem o pobre a conviver com sentimentos como a humilhação de depender da ajuda do outro. Por outro lado pode-se criar um estado de paralisia, alimentando o pobre a preguiça, e como conseqüência, um mau caráter. O pobre tem pressa.

Bibliografia

1. Livros
A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Local: São Paulo: Ed. Paulus, 1996.     
MUÑOZ, Ronaldo. A Igreja no povo: para uma eclesiologia Latino-Americana. Trad. J. Thomaz Filho & Augusto Ângelo Zanatta Local: Petrópolis: Ed. Vozes, 1985. p. 105-114; 159-178.
PIEPKE, Joaquim G. A Igreja voltada para o homem: eclesiologia do povo de Deus no Brasil. Trad. Frederico Dattler. Local: São Paulo: Ed Paulinas, 1989. Coleção fermento na massa. p. 59-75
QUEIROZ, José J. A Igreja dos pobres na América Latina. Trad. Rubens Eduardo Ferreira Frias. Local: São Paulo: Ed. Brasiliense, 1980. p. 180-182
RAPP, Roberto S. A Confederação Evangélica do Brasil e o Evangelho Social. Local: São Paulo: Ed. Missão Presbiteriana no Brasil. p. 44-54
S. J., Francisco Ivern & BINGEMER, Maria Clara L. Doutrina social da Igreja e teologia da libertação. Local: São Paulo: Ed. Loyola, 1994. p. 275-326
SANTA ANA, Julio de. A igreja dos pobres. Trad. Jaci Maraschin Local: São Bernardo do Campo: Ed. Imprensa Metodista, 1985. p. 214-223
SEIBERT, Erni Walter. A Igreja hoje: organizada a partir de seus objetivos. 2a ed. Local: Porto Alegre: Ed. Concórdia. p. 87-92
2. Internet





O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística  em seu levantamento realizado no ano 200[2] aponta o número de crianças em trabalho formal e não formal em 1.142.438 entre as idades de 10 a 14 anos se incluirmos as crianças da idade de 15 anos o número sobe para 1.791.480, de acordo com o Estatuto da Criança nenhuma criança abaixo de 16 anos deverá exercer qualquer atividade remunerada. O mesmo censo demonstra que 101.569.347 pessoas nada recebem ou recebem até 2 salários mínimos de um universo populacional de 136.910.368 de pessoas, ou seja, 74,18% da população não compra nada for a do que necessitam para não morrer de fome. Estes são os excluídos da sociedade por não terem poder aquisitivo de compra são os pobres. Estes números revelam a grandeza do desafio social que o país representa.

[3] QUEIROZ, José J. A Igreja dos pobres na América Latina. Trad. Rubens Eduardo Ferreira Frias. Local: São Paulo: Ed. Brasiliense, 1980. p. 180.
[4] PIEPKE, Joaquim G. A Igreja voltada para o homem: eclesiologia do povo de Deus no Brasil. Trad. Frederico Dattler. Local: São Paulo: Ed Paulinas, 1989. Coleção fermento na massa. p. 61
[5] Como pode uma pessoa individualmente ter todas suas necessidades básicas com um valor de R$ 260,00 por mês? Imaginemos a situação de uma família de mais de dois elementos vivendo, ou sobrevivendo com este valor. A grande questão está que não é apenas uma família nesta situação, milhões vivenciam esta realidade.
[6] Mt 5.1-10
[7] MUÑOZ, Ronaldo. A Igreja no povo: para uma eclesiologia Latino-Americana. Trad. J. Thomaz Filho & Augusto Ângelo Zanatta Local: Petrópolis: Ed. Vozes, 1985. p. 161
[8] SEIBERT, Erni Walter. A Igreja hoje: organizada a partir de seus objetivos. 2a ed. Local: Porto Alegre: Ed. Concórdia. p. 87
[9] RAPP, Roberto S. A Confederação Evangélica do Brasil e o Evangelho Social. Local: São Paulo: Ed. Missão Presbiteriana no Brasil. p. 44-54
[10] Idem, p. 50
[11] Lucas capítulo 10.x-xx
[12] PIEPKE, Joaquim G. A Igreja voltada para o homem: eclesiologia do povo de Deus no Brasil. Trad. Frederico Dattler. Local: São Paulo: Ed Paulinas, 1989. Coleção fermento na massa. p. 66
[13] Mt 6.19-29; Mc 8.35; Mt 25.40
[14] QUEIROZ, José J. A Igreja dos pobres na América Latina. Trad. Rubens Eduardo Ferreira Frias. Local: São Paulo: Ed. Brasiliense, 1980. p. 180.
[15] Mc 1.14-15; Lc 13.1-5
[16] Mt 5.3-12; Mt 19.18-30 Lc 21.1-14
[17] SANTA ANA, Julio de. A igreja dos pobres. Trad. Jaci Maraschin Local: São Bernardo do Campo: Ed. Imprensa Metodista, 1985. p. 214-220
[18] At 2.42-47; 4.32-35 e 6.1-7

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O Pietismo e suas influências


“Meu coração te ofereço, Senhor, pronta e sinceramente”
João Calvino. 91

Introdução

O propósito desta monografia é demonstrar que o Piestimo, como movimento, conseguiu atingir seus objetivos: influenciar e transformar o cristianismo moderno bem como o contemporâneo. Suas influências estão presentes e são vividas em diversas comunidades espalhadas pelo mundo.
Surgido num panorama histórico de grandes conturbações: o fim da Guerra de Trinta Anos com suas marcas de destruição e caos como resultado. Uma Alemanha dividida. O absolutismo com o apoio irrestrito da igreja. Pastores se tornando funcionários públicos. Rituais repletos de formalismo e sermões de difícil compreensão para o povo, dão o pano de fundo para entender que o movimento pietista vem trazer as respostas que a igreja[1] necessitava. 
No primeiro capítulo destacamos as visões do pietismo segundo a ótica de alguns pensadores destacando pontos da maneira de pensar pietista. Em seguida como o pietismo conviveu com os homens, sendo influenciados e ao mesmo tempo influenciando o mundo com seus ideais. Veremos também que a importância do movimento pode ser sentida que faz e por sua durabilidade, trazendo para as comunidades uma nova visão do relacionamento do homem com Deus. No último capítulo veremos que o pietismo, para se consolidar, fora necessário travar diversas lutas de pensamento contra a ortodoxia.

I – PIETISMO e suas definições
 Definições:[2]
Várias são os termos que tentam definir o que é o pietismo, por exemplo à palavra latina “pius” traz o seguinte significado: “aqueles que servem ao Senhor”.
Tillich, teólogo contemporâneo, menciona que o pietismo é a reação do lado subjetivo da religião contra o lado objetivo. Reação contra os ritos mecânicos e ao formalismo apático aos cultos da estabelecida igreja luterana. Tillich afirma que termo moralista atribuído ao pietismo como de uso inadequado na América, diferente da forma que é corretamente usada na Europa. Tillich da a seguinte citação para a definição:


“a doutrina da "ordo salutis”, ordem da salvação, cujo último estágio era a “unio mystica”,[3] a união mística com Deus” [4]
Justo González, historiador, comenta:
“O mais notável movimento de protesto contra o tom de fria intelectualidade que parecia dominar a vida religiosa”.[5]
Maciel define algumas características do pietismo: a religião do indivíduo, a religião do coração, um cristianismo prático, sectários, perfeccionistas, e um forte espírito missionário.[6]
Os movimento leigos que mais se espraiam internamente na Igreja são predominante de índole conservadora, pietista e, paradoxalmente, clerical.[7]
O pietismo ensina que os crentes devem trabalhar muito e praticar uma autodisciplina extrema para conseguirem uma piedade pessoal. Deve-se fazer estudos bíblicos enérgicos, ser auto-disciplinados, obedientes, diligentes para se conseguir vidas santas. Adota padrões legalistas no seu modo de vestir, de comer, no seu estilo de vida, etc.[8]
O pietismo foi um dos grupos que tentaram restaurar a fidelidade cristã abandonada pela maioria[9]

O pietismo se propunha a preencher o vazio espiritual supostamente deixado pela excessiva preocupação acadêmico-apologética. O alvo do pietismo era o retorno à teologia viva dos apóstolos e da Reforma, com forte ênfase na pregação do Evangelho, acompanhada de um testemunho cristão condizente.[10]
COSTA [11] faz referência a citação de Tillich:
“O pietismo era mais moderno do que a ortodoxia. Estava mais próximo da mente moderna por causa da sua subjetividade (...). O misticismo era o denominador comum presente no pietismo, ou avivalismo, como também é chamado, e no racionalismo. Esta é uma das mais importantes observações para se entender o desenvolvimento da teologia protestante depois da Reforma até hoje (...). O racionalismo e o misticismo não se contradizem como em geral se pensa”.[12]
                                                                                             
 II – O PIETISMO,  OS HOMENS  E  AS  MÚTUAS  INFLUÊNCIAS

Filipe Jacob Spener, fundador e um dos maiores pietistas, colocou a mostrar os elementos que estavam presentes na vida de Lutero. Nasceu em 1635 e faleceu em 1705. Em 1666 formou-se pastor  e em 1670 deu início aos grupos de estudos bíblicos e oração. Em 1675 publica a grande obra Pia Desidéria, que se tornou carta fundamental do pietismo. O objetivo de Spener era um despertar da fé de cada cristão, apelava para a doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes. O mais destacado seguidor de Spener foi Augusto German Francke, suas idéias eram  semelhantes às de Spener. Tillich declara que foi o primeiro a agir em favor dos termos da ética social.[13]  Isto, sem deixar de ser atacado pela elite eclesial luterana ortodoxa, eles acreditavam que não era necessário rever os princípios deixados por Lutero.[14]
A síntese de sua obra Pia Desidéria divide-se em três partes:
I – Aspectos da situação da igreja protestante: a corrupção da classe política, corrupção do estamento eclesiástico e a corrupção do laicato.
II – A possibilidade de melhorar a situação da Igreja: análise histórico-teológica.
III – Propostas para melhorar a situação da igreja: uso mais extensivo das escrituras, exercitamento do sacerdócio universal, práticas e conhecimento do cristianismo, as controvérsias religiosas, as reformas das escolas e universidades e a pregação e edificação.
Spener era benevolente em suas condenações, mas Francker, que veio a ser um dos mais importantes líderes do movimento juntamente com os pietista de Halle tornaram-se radicais na defesa de seus pontos de vista. Lutaram contra bailes, jogos, banquetes e conversões superficiais da vida cotidiana. O radicalismo trouxe ataques diretos de teólogos que definia como extremo individualismo, subjetivo, emotivo e até herético o movimento. No embate entre o pietismo e a ortodoxia, esta não pode suportar a força do movimento, impondo o fim à frieza da ortodoxia luterana. Tal vitória era conseqüência da autonomia surgida nos séculos XVIII e XIX. Os motos pietistas adentraram na metade do século XIX condenando o fumo, as bebidas e o cinema, teatro e outras coisas. Talvez este seja mais um dos desvios, a radicalização do movimento chegando a vias de exercer a vigilância sobre as comunidades e trazendo não formas de correção, senão formas de punição estando presentes atualmente, mas não de maneira tão influente como no passado não muito distante. Mais éticos que teológicos implantaram uma insuportável forma de controle eclesiástico.[15] Criaram uma regulamentação de vida individual e de um aperfeiçoamento da vida moral.[16]
Francke, seu seguidor mais destacado, atraído pelas propostas de Spener. Em 1961 assume a direção da Universidade de Halle. Spener foi um pai para ele e suas idéias eram muito próximas das de Spener, havendo contradições entre eles em questões apocalípticas. Francke defendia uma disciplina que incluía a leitura da Palavra de Deus tanto em público como em particular, a participação da comunhão, a oração, um exame individual e o arrependimento por parte do homem. Em 1705 o rei da Dinamarca, admirador do pietismo envia missionários às suas colônias na Índia. Os missionários eram alunos da Universidade de Halle. Halle se tornou o centro no qual se arrecadava fundos e capacitavam missionários, treinando-os. Outro centro foi criado em Copenhague para enviar missionários para a Lapônia e Groelândia. 

Outros homens foram fortemente influenciados pela pregação pietista. Um deles era o Conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf, tido como um pietista, recebido influências de Spener. Desde jovem, converteu-se aos 17 anos[17],  aprendeu a necessidade de uma fé pessoal acima da crença de uma reta doutrina (ortodoxia). Desejava um despertar da fé profunda e pessoal.[18] Estudou em Halle, sob a direção de Francke. Quando foi estudar em Wittenberg chocou-se com professores de posição ortodoxa, fortalecendo sua fé pietista.[19] Durante a guerra dos Trinta Anos teve contato com morávios em 1722, que fugindo dos horrores da guerra, lhes oferecia asilo em terras de sua propriedade. Lá fundaram uma aldeia que existe até hoje chamada  Herrnhut.[20] Zinzendorf acabou por se integrar com a comunidade morávia e estes decidiram fazer parte da paróquia luterana correspondente. Os choques logo vieram, pois, os luteranos não estavam dispostos a aceitam um foco pietista dentro de sua comunidade. Em 1731 conheceu alguns esquimós convertidos e a partir deste momento seu entusiasmo pela obra missionária não teve limites e a sua comunidade contagiada aderiu a este propósito. Como resultado em 1732 saem os primeiros missionários as Ilhas Virgens e depois para a Guiana. Em 1735 um grupo de morávios parte para a Geórgia a fim de evangelizar os índios, um outro contingente pouco tempo depois se estabelece em Pensilvânia. Neste ano partem missionários para o Suriname; em 1736 para a África do Sul; em 1750 para a Jamaica; em 1771 para o Canadá; para a Austrália em 1850; para o Tibete em 1856; entre outras regiões.[21]

Zinzendorf esteve na América para visitar as comunidades morávias. Neste tempo trabalhou no sentido de estender as idéias e o estilo de vida dos morávios a outros grupos religiosos. As comunidades morávias fundam a aldeia de Belém e de Nazaré, ambas em Pensilvânia e a comunidade de Salém na Carolina do Norte em 1741. Estas localidades se tornaram o centro do movimento morávio e pietista na América do Norte com um estilo de vida semimonástico e semicomunitário. Cobra faz a seguinte citação sobre a comunidade:
“Herrnhut desenvolveu um tipo de comunidade em que as vidas civis e religiosas eram integradas em uma sociedade teocrática, um protótipo para cerca de 20 assentamentos na Europa e na América. Os irmãos mantinham a si e aos projetos com uma indústria de artesanato. As comunidades garantiam a seus membros casas comunitárias, comida, roupa, emprego, e assumiam inteira responsabilidade pelo cuidado e educação das crianças seguindo teorias pedagógicas inovadoras e eficazes de Zinzendorf. Havia divisão comum do trabalho e da produção, e a comunidade cuidava das necessidades de seus membros em troca de seu trabalho.”[22]
Os morávios estabeleceram missões na América do Sul e Central, África e na Índia com mais de cem missionários nestas regiões. A morte de Zinzendorf se deu em 1760. Pouco depois os morávios romperam definitivamente com os luteranos após uma paz estabelecida em 1741 quando o parlamento reconhece o movimento morávio. Como o movimento morávio nunca foi numeroso, tiveram dificuldades em manter os missionários nos diversos campos. Os morávios contribuíram imensamente com o despertar missionário no século XIX e para com o cristianismo protestante.


John Wesley foi outra personalidade influenciada pelo pietismo presente na comunidade morávia quando de sua viagem a América em 1735 e 1736 e no contato que teve com  líder morávio, Gottleib Spangemberg que o desafiara a experimentar a alegria de uma nova criatura. Wesley não teve sucesso em seu ministério na América. Em 1738 Wesley pôde experenciar esta transformação, próximo ao morávio Peter Boehler. A partir de então se dedicou a pregação junto com Whitefield, calcula-se que tenha pregado cerca de 46.000[23] vezes e experimentou o crescimento do movimento. Defendia a necessidade não apenas da fé, mas também da prática de boas ações[24], assim como Spener, suas preocupações estavam em não se separar da Igreja Anglicana, mas por outro lado via e entendia a necessidade do povo. Por questões teológicas não permaneceu com os morávios, uma da causas foi o quietismo.[25] O interesse missionário que Wesley havia herdado dos pietistas alemães e morávios fez com que o metodismo se estendesse para diversas regiões do globo. Vemos o pietismo na vida de Wesley quando ele dizia que o evangelho deveria influenciar a sociedade e em suas pregações contra o consumo de álcool, contra a guerra e a favor de uma reforma penitenciária. Calcula-se que Wesley tenha percorrido a cavalo 365.000 Km.[26]
    
 III – A IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO

É intrigante o fato que o pietismo não teve em nenhum momento o objetivo de desligar-se da igreja oficial, ao contrário do puritanismo, cuja influência levou a criação de diversas comunidades protestantes. A base do pietismo era a transformação da igreja oficial levando-a a uma condição anterior daquela vivida num marasmo espiritual.
Tillich afirma que o pietismo é de importância em três ênfases:[27]
A teológica: visa a prática, numa exigência de ver a teologia do Antigo Testamento e do Novo testamento e não numa teologia sistemática.[28]  Um teólogo antes de edificar outro deve edificar a si mesmo.
A igreja: a participação do povo leigo, mas principalmente nas casas.[29] Os membros não iam mais as igrejas. Com uma interpretação incorreta do pietismo, surge o primeiro dos desvios daquilo que era o princípio básico do pietismo a “ecclesiola in ecclesia”, os membros das comunidades se recusaram em ir as suas igrejas por considerá-las mundanas, eram pequenas igrejas dentro de uma igreja maior. Justo González cita que o luteranismo necessitava de maior ênfase no processo de santificação.[30]
A moral: diante de uma dissolução reinante. A guerra de trinta anos só produziu destruição e caos e os demais acontecimentos citados anteriormente eram profundamente angustiosos para a população. Os teólogos nada fizeram para mudar ou tentar melhorar a condição da igreja e do povo. Os pietistas reuniram cristãos dispostos a mudar. A santificação era uma idéia dominante, a negação incondicional, um amor latente pelo mundo necessitado e ainda não evangelizado, marcava seus corações. Os pietistas tinham a ética a cada dia, a cada hora como uma forma de demonstrar o amor pelo mundo, ao contrário dos ortodoxos.[31] O pietismo entra no contraste entre o que a sociedade espera de seus membros e o que Deus requer de seus fiéis.[32]
O subjetivismo do pietismo tem um caráter de imediato e de autonomia em oposição à autoridade da igreja. O racionalismo nasceu deste misticismo, e ambos se opõem à autoridade da ortodoxia. O pietismo pode levar um emocionalismo, um subjetivismo, mas a importância é uma fé, viva e pessoal.[33] Isto se percebe pelo valor que o pietismo dá no surgimento do movimento missionário protestante. No início os pietista se preocuparam com as necessidades das pessoas, que estavam e viviam ao seu redor.[34]
O pietismo teve uma conseqüência de grande importância para a história do cristianismo: o começo do movimento missionário protestante. Maciel afirma que:
“não foram os presbiterianos, batistas, congregacionais e metodistas que vieram para o Brasil, e sim os pietistas.” [35]
 O pietismo se espalha pelo mundo, a Inglaterra, os Estados Unidos e onde houvesse uma presença morávia ali estava o pietismo. A cada missionário enviado, o pietismo expandia.
No Brasil de maneira diferente de outras nações por serem os protestantes a minoria da população,[36] assim o movimento exige mais de seu congregado. No artigo “Protestantismo Português – Oportunidade Perdida?”[37] O autor Manuel Pedro Cardoso faz uma citação de Rubem Alves, quando este apresenta o erro do pietismo: “para o qual o que interessa é apenas a experiência pessoal, emocional, do encontro com Jesus Cristo.”[38]
 Assim como o pietismo norte americano não acontece nos moldes brasileiros, apesar da influência daquele país em nossa nação.[39]A publicação Semelhanças Óbvias destaca:
“que uma das grandes forças por trás do expansionismo americano é o protestantismo pós-milenista, a forma agressivamente evangélica de pietismo que dominou e praticamente definiu o “modo de vida” do Norte ianque desde os anos 1830 e que também dominou o Sul a partir de 1890.” [40]
Nas palavras de Murray Rohbart, no mesmo artigo, destaca:
“Segundo o pietismo evangélico, o requisito para a salvação de cada homem é que ele faça o melhor para que todos os outros sejam salvos, e fazer o melhor inevitavelmente significa que o Estado se tornaria um instrumento crucial para maximizar as chances de salvação da pessoas. Em particular, o Estado desempenha um papel crucial na abolição do pecado, e em “santificar a América.”[41]

IV – A Contra Posição Ortodoxa
A ortodoxia representava a tradição da igreja e todos os seus atos de fé e de vida. Tillich menciona:
“No momento que a ortodoxia aceitou a tradição eclesiástica a “unio mystica” como estado definido a ser alcançado, o conceito de fé intelectuou-se.”[42]
Para as massas populares significava a licença para a licenciosidade; a situação moral era miseravelmente baixa, especialmente nos países luteranos onde o elemento doutrinário era decisivo.[43] Tillich cita que para Spener a Ortodoxia se afastava em favor do objetivo da doutrina.[44]
Os ortodoxos entendiam que as nações não cristãs já estavam perdidas, elas já haviam recebido a pregação apostólica e a grande comissão era reservada apenas aos apóstolos. Eles a rejeitaram, portanto, não era necessário renovar a tarefa missionária. Os cristãos a partir daí deveriam permanecer onde estavam. Os pietistas pensavam diferente. As almas podiam e deviam ser salvos por meio de conversão. Começaram trabalhos missionários em terras estrangeiras.[45] Os teólogos ortodoxos reagiram atacando o pietismo.[46]  Estavam expostas as bases do conflito.[47]

CONCLUSÃO
O pietismo cresce, frutifica e está presente dentro de diversas denominações, como já citado, o movimento não era separatista, mas transformador.[48]  Sua permanência nas igrejas atualmente se dá pela forma do carisma praticado pelas comunidades.[49] Um movimento que enfatiza o aspecto emotivo da fé cristã. Uma vida que refletisse uma fé comprometida e uma visão missionária.
Seus desvios, no entanto foram diversos: A fé passou a estar amparada não na Palavra, mas sim em uma experiência mística individual. O último critério de decisão deixa de ser a Palavra de Deus, passando a experiência individual como prioridade. O radicalismo, a vigilância, o legalismo são marcos que limitavam o homem no sentido de viver algumas alegrias. Podavam a sua liberdade enquanto indivíduo.
O pietismo influenciou a muitos, e nos dias de hoje ainda somos influenciados. Destacados homens como Kant, Schleimacher, Tillich, Heidegger e Bultmann, Wesley e tantos outros nos da mostra de seu real valor. 
Finalmente, penso que sou e posso ser um pietista sem no entanto perder a razão de uma análise crítica ou seja posso pensar. Faço uso da citação de COSTA:
”Calvino era um teólogo do coração, a sua teologia envolvia o homem em toda sua complexidade.”[50]
Bibliografia
1. Livros
GONZÁLES, Justo L. A Era dos Dogmas e das Dúvidas. Trad. Carmella Malkones. Local: São Paulo: Editora Vida Nova, 2001. p. 156-186 Coleção: Uma História Ilustrada do Cristianismo.
SPENER, Philipp Jacob. Pia Desidéria. Trad. Dilmar Devantier: Local: São Bernardo do Campo: Imprensa Metodista, 1985. 123 p.
TILLICH, Paul. A história do Pensamento Cristão: Trad. Jaci Maraschim Local: São Paulo: Editora ASTE, 2000. p. 257-260.
2. Periódicos
________. Quo Vadis? Revista Sem Fronteiras. Local: São Paulo. Número: 247. Dezembro 1996. p. 14.
3. Teses não publicadas
MACIEL, Elter Dias. O Pietismo no Brasil: Estudo da Sociologia da Religião. 1972 186 p. (Tese de doutoramento. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo).
4. Documentos e dados da Internet
________. Semelhança Obvia: Americanismo, Puritanismo e duas Proibições. Número 97. Fevereiro, 2002.
CARDOSO, Manuel Pedro. Protestantismo Português: Oportunidade Perdida?
COBRA, R. Q. Protestantismo a Origem e Evolução.
COSTA, Hermisten Maia P. Um Desafio a Piedade e a Teologia.
GIUSSANI, Luigui. Exercícios da Fraternidade. Trad. Durval Cordas. Maio, 1982.
LEOTO, Sérgio & LEOTO, Magali. Geração Ousadia: Aprendendo com Bons Exemplos na História Cristã.
MACARTHUR JR, John F. Qual o Papel do Crente e de Deus na Santificação. Extraído do Jornal: “Os Puritanos” Ano IV número 4, 1986.
VALIENTE, Edilson. O Remanescente. Lição 11 Setembro, 2001.



[1] A igreja vivia numa profunda miséria espiritual, os homens viviam em constantes escândalos pois não levavam a sério à prática do cristianismo. SPENER, Philipp Jacob. Pia Desidéria. p. 9-10.
[2] O pietismo tinha conotação negativa de beatice. O termo às vezes referia unicamente ao movimento que teve lugar na Alemanha, entre os luteranos.
[3] Para Lutero, começa neste ponto a fé na justificação.
[4] TILLICH, Paul. A história do Pensamento Cristão. p. 257.
[5] GONZÁLES, Justo L. A Era dos Dogmas e das Dúvidas. p. 156.
[6] MACIEL, Elter Dias. O Pietismo no Brasil: Estudo da Sociologia da Religião. p. 40
[7] ________. Quo Vadis? Revista Sem Fronteiras. Local: São Paulo. Número: 247. Dezembro 1996. p. 14.
[8] MACARTHUR JR, John F. Qual o Papel do Crente e de Deus na Santificação. Extraído do Jornal: “Os Puritanos” Ano IV número 4, 1986.
[9] VALIENTE, Edilson. O Remanescente. Lição 11 Setembro, 2001.
[10] COSTA, Hermisten Maia P. Um Desafio a Piedade e a Teologia.  
[11] Idem
[12] Paul Tillich, Perspectivas da teologia Protestante nos Séculos XIX e XX . São Paulo: ASTE, 1986 p. 42-43.
[13] TILLICH, Paul. A história do Pensamento Cristão. p. 258.
[14] GONZÁLES, Justo L. A Era dos Dogmas e das Dúvidas. p. 159.
[15] MACIEL, Elter Dias. O Pietismo no Brasil: Estudo da Sociologia da Religião.  p. 43.
[16] Idem p. 45
[17] LEOTO, Sérgio & LEOTO, Magali. Geração Ousadia: Aprendendo com Bons Exemplos na História Cristã.
[18] GONZÁLES, Justo L. A Era dos Dogmas e das Dúvidas. p. 158.
[19] Idem p. 163.
[20] LEOTO, Sérgio & LEOTO, Magali. Geração Ousadia: Aprendendo com Bons Exemplos na História Cristã.
[21] Idem.
[22] COBRA, R. Q. Protestantismo a Origem e Evolução.
[23] LEOTO, Sérgio & LEOTO, Magali. Geração Ousadia: Aprendendo com Bons Exemplos na História Cristã.
[24] COBRA, R. Q. Protestantismo a Origem e Evolução.
[25] O quietismo afirma que o cristão deve ser passivo no crescimento espiritual. Deve-se deixar que Deus faça tudo, pois o nosso frágil esforço só faz atrapalhar a ação de Deus.
     MACARTHUR JR, John F. Qual o Papel do Crente e de Deus na Santificação. Extraído do Jornal: “Os Puritanos” Ano IV número 4, 1986.
[26] LEOTO, Sérgio & LEOTO, Magali. Geração Ousadia: Aprendendo com Bons Exemplos na História Cristã.
[27] TILLICH, Paul. A história do Pensamento Cristão. p. 258.
[28] Sempre que a teologia bíblica se sobrepõe à sistemática é quase sempre por causa da influência do pietismo. TILLICH, Paul. A história do Pensamento Cristão. p. 258.
[29] Collegia Pietatis onde se reuniam para cultuar a piedade
[30] GONZÁLES, Justo L. A Era dos Dogmas e das Dúvidas. p. 160.
[31] Adiaphoron significa o que não faz diferença, sem qualquer relação com a ética. TILLICH, Paul. A história do Pensamento Cristão. p. 259.
[32] GONZÁLES, Justo L. A Era dos Dogmas e das Dúvidas. p. 160.
[33] Idem. p. 161.
[34] Os pietistas em geral, assim como os da Universidade de Halle, situada em Brandenburgo (que veio a ser o centro do movimento pietista) construíram e fundaram escolas, orfanatos e outras instituições de serviço social. Iniciaram as primeiras empresas missionárias, preparando missionários e os enviando a diversas partes do mundo.
[35] MACIEL, Elter Dias. O Pietismo no Brasil: Estudo da Sociologia da Religião.  p. 39
[36] Idem p. 99
[37] CARDOSO, Manuel Pedro. Protestantismo Português: Oportunidade Perdida?
[38] in Dogmatismo e Tolerância pp. 65-66 Edições Paulinas, 1982.
[39] Idem p. 113
[40] ________. Semelhança Obvia: Americanismo, Puritanismo e duas Proibições. Número 97. Fevereiro, 2002.
[41] Murray Rothbard, World War I as Fulfillment: Power and the Intellectuals. Journal of Libertarian Studies.
[42] TILLICH, Paul. A história do Pensamento Cristão. p. 257. Lutero afirmava que a fé era aceitação intelectual da verdadeira doutrina e a comunhão com Deus uma experiência mística como algo diferente.
[43] TILLICH, Paul. A história do Pensamento Cristão. p. 258.
[44] Idem p. 258
[45] Zinzendorf, Wesley voltaram sua visão para a América, enquanto os Ortodoxos se confinavam às próprias igrejas territoriais.
[46] Um deles escreve um livro com o título “Malum Pietisticum”, Mal Pietista.
[47] MACIEL, Elter Dias. O Pietismo no Brasil: Estudo da Sociologia da Religião. 1972  p. 29
[48] MACIEL, Elter Dias. O Pietismo no Brasil: Estudo da Sociologia da Religião. 1972 186 p.34 e 38.
[49] Idem p. 101
[50] COSTA, Hermisten Maia P. Um Desafio a Piedade e a Teologia.