Introdução
“O
evangelho de Cristo não conhece outra religião que não seja social, nem santidade
que não seja santidade social”.
John Wesley
A pobreza está presente na sociedade humana. Não é de hoje.
A pobreza acompanha o ser humano há muitos anos afligindo-o. Durante todo este
tempo, até hoje, o ser humano foi e é explorado por seu semelhante num jogo de
poder e de fraqueza. A pobreza em si não produz o mal, ela é na verdade o mal
em si, produto de um sistema de desigualdades sociais, política e econômica
onde o interesse de poucos se sobrepõe aos de muitos
.
Não é pelo fato da pobreza acompanhar o ser humano em sua
jornada por este mundo, na forma de um parasita social, que deve acomodar-se
com a situação. As conseqüências que a pobreza produz e os elementos causadores
devem ser enfrentados com o objetivo de libertar o ser humano do mal que o
aflige.
Esta monografia busca relacionar a pobreza com o papel da
Igreja, instituição do Sagrado que se preocupa com esta situação, fato
demonstrado nas Escrituras através dos exemplos de Jesus. Não poderíamos deixar
de perguntar: A Igreja está atenta a situação que agrava a vida de bilhões de
pessoas? O que estaria ela fazendo para que a situação do pobre seja
transformada? Ou estaria a Igreja cega diante da situação, não por estar
distante, a pobreza não está presente dentro dela mesma? Estaria a Igreja
acomodada com a situação deprimente do próximo por que ela estaria em uma
situação confortável? São perguntas que procuraremos responder nesta obra.
No primeiro capítulo definiremos o que ser pobre e quem são
os pobres, objeto de cuidado. No capítulo seguinte vem da questão se a Igreja
deve ser envolver e comprometer-se com o pobre e o qual o significado disto
para a própria Igreja. No terceiro capítulo discute-se formas práticas de ação
que a Igreja pode realizar para tornar a vida do pobre digna de um ser
humano.
I – Pode-se definir quem são os pobres?
I - Os pobres, quem são?
Uma resposta difícil de ser
respondida pode-se responder com outra pergunta: o que é ser rico? O que é ser
pobre? A pobres menos pobres? A ricos mais ricos ou menos ricos?
A primeira vista o pobre é pobre
por não ter poder aquisitivo suficiente para ter. Ter coisas materiais, coisas
que “todo” mundo tem. A pergunta que surge é: se o pobre tiver uma grande renda
deixará simplesmente de ser pobre? Não, até porque a pobreza não está condicionada
a aspectos puramente financeiros ou materiais, mas está ligada ao desprezo da
dignidade humana e principalmente a dimensão espiritual.
O Frei Leonardo Boff define a
pobreza nas seguintes palavras:
“Num primeiro significado, pobreza é carência, falta de meio
de subsistência, coisa ruim, porque a pessoa não pode produzir e reproduzir
vida... um outro sentido da pobreza que é a pobreza não inocente; mas é uma
pobreza de exploração, de injustiça. Isto é, há um mecanismo que cria a pobreza,
arrebata, rouba do trabalhador o justo salário, aquilo que se lhe deve. Não tem
camisa, não pode ir ao dentista, não porque não queira, porque lhe tiraram a
possibilidade de ir. Então essa pobreza é sinônimo de injustiça, e a oposição a
ela não é a riqueza. Oposição a essa pobreza é justiça”.
A partir
desta reflexão de Leonardo Boff podemos distinguir “tipos” de pobreza. A
primeira causada por fatores econômicos, a segunda causa a injustiça social, a
terceira é uma pobreza que vai ao encontro do outro no sentido do serviço, e o
quarto tipo é a pobreza que se faz na solidariedade.
A pobreza
gerada por questões econômicas está presente na história há muito tempo. O ser
humano de forma injusta explora seu semelhante. Retira dele o que pode ser
explorado e em troca nada dá, até mesmo a dignidade do pobre é desprezada. A
riqueza de poucos é construída as custas da desgraça de muitos. O pobre é
mantido com o mínimo de condições sociais para ser usado em benefício da exploração
do capital.
A pobreza
da injustiça está no afastamento da justiça na direção do rico e na aplicação
da justiça em direção de encontro ao pobre. O escritor Drausio Varella em seu
livro intitulado Carandiru cita que na sala do diretor da antiga Casa de
Detenção havia uma placa que dizia algo como “Aqui só entra pobre”. Esta
é a realidade.
A pobreza
que vai ao encontro do pobre é aquela em que colocamos o que temos a favor do
outro no sentido de compartilhar para minimizar a aflição do afligido em sua angustiosa
situação de abandono e desprezo.
A pobreza
da solidariedade que se faz com os pobres, na luta contra a pobreza. Em estar
juntos nos fazemos pobre sentido o que ele sente. Lutando para mudar não para
nós, mas para ele. Sofrendo a dor dele como se doesse em nós.
II – Onde se encontra os pobres:
Nos enfermos física e
mentalmente. Crônicos sem esperança de cura, sem consolo no seu sofrimento
oferecendo o consolo através da Palavra de Deus. Ajuda-los a minimizar as dores
físicas e interiores. Lembramos daqueles que enfermos são excluídos, sem
medicação, sem hospitalização, sem atendimento digno, sem transporte. Solitários.
Mortos. Mortos por um sistema que os ignora, os exclui da última tecnologia
médica existente e a disposição do abastado e
negada não só ao pobre, mas também a tantos outros.
Os carentes material e emocional.
Pode-se estar bem emocionalmente se o físico e o material estão em falta? Há os
necessitam de roupas, alimentos, remédios. Os que não tem casas para se
abrigarem do frio, da chuva, muitos vivendo no relento da noite. São obrigados
a sentirem frio em noites geladas.
Os viciados, dependentes químicos
e alcoólatras. Necessitam de assistência especializada. Lembrando que a causa
que leva o vício está no pecado. Assim deve-se assistir o viciado tanto no
tratamento químico como também no tratamento espiritual que trate a alma humana.
Os órfãos e menores abandonados e
carentes – talvez as maiores vítimas da pobreza. As crianças sofrem de muitas
carências. A falta de afetividade visitado-os e dando-lhes amor; de um lar onde
encontrem amparo; a carência espiritual – orando por elas, demonstrando o amor
de Deus, cria-las com fé e esperança; carência material: ajudando materialmente
de diversas formas como roupas, mantimentos, brinquedo, livros,
financeiramente. Outro mal que atinge as crianças em seu estado de miséria e a
alta taxa de mortalidade infantil causada pela fome e pela falta de higiene
básica.
As viúvas que normalmente existem
em grande número dentro das Igrejas. Muitas são esquecidas dos filhos e mesmo
de suas comunidades. Esta pensa que os filhos têm o dever de cuidar das mesmas.
Para as viúvas muito de suas carências não está em coisas materiais, mas sim
sociais. Vivem solitárias, esquecidas, sem atividades que lhes tragam dignidade
humana. Como as Igrejas poderiam dar as estas vidas condições de servirem a
outros em diversos locais que necessitem de voluntários. Que bem lhes traria
sendo úteis ao outro e ao mesmo tempo a elas mesmas.
Os/as desempregados/as que a cada
dia crescem em números estatísticos, desesperançados e desesperados na luta de
algo que lhes possa trazer um mínimo de dignidade humana afim de não mais
mendigar. Na busca de algo que possa manter suas cabeças erguidas, são
trabalhadores/as desprezados/as por um mercado capital que refuga o descartável,
desprezando o ser humano como algo sem valor. O homem não vale nada.
Os escravos do século XXI.
Enquanto para muitos o trabalho escravo parece coisa do passado, há em regiões
remotas do país famílias inteiras sendo exploradas sem um mínimo de condições
sociais e sem nenhum tipo de salário senão a troco de uma subsistência.
No campo jurídico o pobre vive
uma insegurança, ele é indefeso ao passo que o rico está protegido na sociedade
devido suas influência e o “respeito” que a sociedade nutre pelos abastados. O
pobre não conhece seus direitos, estão marginalizados. A seguinte citação realizada no Congresso da Ordem dos
Advogados do Brasil realizado em 1976 demonstra isto de forma bem clara
:
“O direito penal é um direito dos pobres, não porque os vigie
e os proteja, mas porque seu rigor e sua gravidade pesam exclusivamente sobre
eles”.
No povo
indígena e nos descendentes afro, esquecidos após terem sido explorados. Tanto
índios e negros morreram devido à exploração do rico, eram instrumentos de gerar
riqueza enquanto suas vidas se exauriam. O que vemos hoje em favelas
construídas de papelão, madeira e mais recentemente de blocos e cortiços são a
“sobra” da exploração, verdadeiros lixões humanos para os que não tem mais valor
nesta sociedade de alguns.
Nos migrantes moradores de pontes
e viadutos, dormem junto aos seus carrinhos na esperança de enche-los com
papelão na tentativa de conseguirem algum dinheiro para sobreviver.
Nos que nada ganham ou daqueles
que ganham o suficiente para não mendigar e ao mesmo tempo não padecerem de
fome. A questão do salário mínimo
é um
exemplo claro de uma pobreza institucionalizada na sociedade atual.
Naqueles que são excluídos da
educação escolar tão necessária e que por diversas vezes determinante do futuro
humano de sucesso ou fracasso diante de uma sociedade que valoriza o melhor em
desprezo do não capaz. O pobre não é incapaz. Na verdade a ele foi imposto um
não ao seu preparo estudantil e profissional. As portas não foram abertas a ele
e pior: poucos se preocupam com isto. O pobre está entregue a sua própria
sorte.
Os pobres de espírito. Os que não
possuem bens espirituais, aqueles a quem Deus oferece de forma gratuita, tanto
a ricos como a pobres. São aqueles que tem fome e sede de justiça, os
misericordiosos, os pacíficos, os perseguidos
.
II - a Igreja e o envolvimento com os pobres: os prós e
contras
Para a Bíblia a riqueza e a
pobreza são fruto do pecado que corrompe as relações entre os homens e estes
para com Deus.
Uma igreja que opta pelos pobres
não é uma Igreja pobre. Quando a igreja opta pelos pobres ela se solidariza com
os pobres. É uma opção pela justiça e contra as estruturas que produzem sem
cessar uma situação de injustiça social. É uma reviravolta da Igreja em favor
do povo como um inteiro. O compromisso com os pobres deve ser visto como um
compromisso como o de Cristo
que se
voltava para os necessitados e não há mais necessitados do que os pobres. Foi
como pobre que Deus se revelou ao homem na pessoa de Jesus de Nazaré, em sua
ação de libertação não se dá apenas para as necessidades espirituais, ou materiais e nem das sociais, ele anuncia o amor do Pai,
desperta a fé, perdoa os pecados, cura os enfermos, restabelece os inválidos,
multiplica o pão, acolhe os pobres, come com os pecadores, traz de volta a
dignidade humana e espiritual. A Igreja sempre ajudou os pobres dando esmolas,
ajudou, mas o pobre continua pobre, este tipo de ajuda não resolve o problema.
A fé cristã é marcada pelo amor
ao próximo, não é este o segundo mandamento? O cristão dá seu testemunho
acompanhado de obras de amor onde há necessidades. Na Igreja primitiva não se
indagava se a Igreja era responsável por amparar as viúvas ou órfãos, os necessitados
ou auxiliar os doentes e mesmo os carentes
. Movida
por amor a Igreja agia. Atualmente existem aqueles que questiona o papel da
Igreja em envolver-se na ajuda ao próximo. Isto para muitos seria dever do
estado e o sagrado não se mistura com o profano. Segundo Rapp
o poder
do evangelho estende-se apenas àqueles que ouvem e crêem, não é propósito de
Deus salvar todo o mundo. O evangelho social ignora o fato do pecado humano e
trata a vida presente como a única coisa real. O verdadeiro evangelho, segundo
Rapp, está interessado nos problemas da humanidade, nos problemas sociais, econômicos
e políticos, mas de que forma a Igreja deveria agir em relação a estas
dificuldades? Para esta pergunta ele não oferece respostas, apenas condenações
àqueles que obram em favor dos pobres. Ainda Rapp escreve que a expressão do
amor é bíblica apenas no sentido de conduzir o homem para o céu, faz uma
dicotomia entre o profano e o celeste porvir. Não importa o hoje, a glória do
homem está no futuro – encontramos neste relato uma teodicéia ou mesmo um forma
de escapismo. A missão da igreja no presente é pregar o evangelho, alias a
única responsabilidade da igreja. Percebemos nesta frase uma grande contradição
do autor, ora dizendo que a Igreja se preocupa com a humanidade e com o ethos,
ora dizendo que a única preocupação da Igreja esta na libertação da alma humana
e no serviço e comunhão voltada para dentro da igreja e não para fora dela.
Isto seria o mesmo que Jesus cuidar somente dos doze apóstolos desprezando o
restante das pessoas, excluído-as. Para o autor o mais fundamental na vida
humana e a relação deste com Deus e não há valor na relação humana com seu
próximo
. Quando
Deus usa pessoas para combater algum desvio social que não estabelece qual
seja, e apenas para o objetivo – egoísta – para cria um melhor ambiente para
pregação do evangelho. Mesmo quando o autor relata o exemplo da parábola do Bom
Samaritano
esclarece que não é obrigação da Igreja, mas do cristão. Esquece o autor que a
Igreja é individualmente cada cristão?
Ela mesma é vitima da pobreza.
Insistimos que o amor em situações de necessidade deve-se mover em busca de
suprir a necessidade do próximo seja ela quem for, como nos disse o Senhor
devemos amar os nossos inimigos. Sem ajuda muitos pobres são tragados pela vida
marginal que o alicia oferecendo uma “vida mais digna”. Oferece o que o pobre
mais deseja ou necessita: dinheiro.
A crise social sempre existiu,
existe e existirá, a Igreja e nem uma instituição necessita de ideologias
políticas para se aperceber da gravidade da situação do ser humano em estado de
pobreza. Causa dos problemas está nas estruturas sociais, na maldade humana no
tratar com seu semelhante, mas a dor e a necessidade não podem esperar a
mudança das estruturas ou na transformação do homem dominador em homem
companheiro e solidário.
A realidade do pobre está
presente em todos os lugares. Ignorar o problema da pobreza, acreditando que
isto é uma causa isolada que não necessita de cuidados é tolice. Os sintomas da
pobreza atingem toda a sociedade a ponto do rico temer andar com seu carro nas
ruas da Cidade não só pelas noites, mas também em plena luz de dia. O rico se
priva de comprar o luxuoso e adquire o comum não chamar atenção dos miseráveis.
Se os ricos distribuíssem parte do que tem provavelmente não teriam temor estar
no meio do povo.
O cerne da mensagem de Jesus é
formado pelo conjunto tradicional dos pobres, dos enlutados e dos famintos
, também
não despreza os ricos, pois, também necessitam ser afastados do pecado que os
afasta de Deus. Jesus anuncia o evangelho da graça divina libertadora do mal e
do pecado do mundo. Convida ao seguimento na pobreza e na humildade ao exortar
os discípulos a carregarem a própria cruz. Jesus elogiou a pobreza e ensinou a
praticar a compaixão com os miseráveis, anunciando o evangelho aos pobres e chamando-os
as bem-aventuranças e na prática de boas obras
. A
graça libertadora nos dá condições de
nos fazer realmente livres para praticar a libertação na injustiça.
Muitas regiões crescem o desenvolvimento econômico,
em proporções maiores cresce a indigência, desemprego, carência e marginalidade.
A complexa questão da liberdade dos pobres somente achará resposta na luta
pacífica contra o subdesenvolvimento e
somente uma experiência profunda e ética pode levar o ser humano a uma
conversão pessoal, e as mudanças sociais são capazes de superar o males do
pecado e suas raízes.
III – como a igreja pode lidar com o desafio da
pobreza?
Ter uma atitude assistencialista
por mais tentadora que seja não é a solução adequada, pois, trabalhava apenas a
necessidade, esquece-se que o pobre não tem somente necessidades. O pobre tem
capacidade de luta, pode organizado se autopromover, para isto deve ser
libertado. A Igreja não vai libertar o pobre, ela não tem esta capacidade e nem
deve faze-lo. Ela, sim deve se aliar no sentido de ajudar o pobre a encontrar
suas respostas e vencer a pobreza. Para
isto a Igreja deve mover-se em direção a necessidade do outro, porém, insistimos,
não de forma assistencialista. O pobre não deve ser mantido dependente
indefinidamente. Não deve ser sentir humilhado, e a Igreja não deve colaborar
para um conformismo o leve a uma dependência prolongada. O objetivo maior da
Igreja é a busca de uma sociedade mais justa e igualitária.
Deve-se encarar o desafio do
pobre na luta pela promoção humana
,
deve-se respeitá-lo e considerado como uma pessoa a quem Deus ama. É justamente
neste item de relacionamento que o pobre deve encontrar o perdão de Deus em
relação ao seu pecado é chamado a converter-se
. O auxílio
de forma integral deve também tratar a problemática da pobreza espiritual
existente na vida do pobre. A religiosidade e a cultura do pobre não tem mérito
para adentrar no Reino de Deus, antes, estes valores devem ser purificados
diante da morte de Jesus. A Igreja deve saber que a pobreza é também a
capacidade de aceitar a salvação com humildade
é a
liberdade de confiar a sua vida a Deus.
A Igreja deve intervir no processo social no auxilio para a
mudança da situação. É verdade que não mudou muito a situação do pobre, mas é
inegável que mudanças tem acontecido em diversos âmbitos. O trabalhador tem se
organizado em sindicatos, juntos tem lutado por melhores condições de trabalho
e renda. As Comunidades Eclesiais de Base, leigos atuam onde a Igreja enquanto
instituição não age. Faz um forte trabalho de conscientização e orientação.
Destaque-se a Pastoral da Criança que tem transformando morte em vida através
de simples mudanças de hábitos alimentares e de higiene, através deste trabalho
milhares de crianças destinadas a morrerem de subnutrição conquista a saúde
necessária para viverem. Os pobres rurais se organizam em Movimento dos Sem
Terra lutando não só por terra, mas também por direito a tecnologia do campo e
na assessoria necessária para produzir mais com qualidade. Os pobres urbanos
lutam através do Movimento dos Sem Teto por moradias dignas para suas famílias.
Percebemos as mobilizações e nelas, parte da Igreja esta presente. Para as
demais pobrezas a saída é a justiça, é a consciência política. Infelizmente o
pobre necessita do apoio da sociedade, dos meios de comunicação e das
instituições de forma comprometida e que atuem ao encontro deles. Vemos que
muitos pobres são usados por políticos inescrupulosos e gananciosos, a Igreja
deve exercer um papel de orientador, o pobre não pode mais ficar refém de
falsas informações e falsas promessas, ilusões. O pobre é tem suas limitações e
tem necessidade de ser orientado. Os pobres continuam partilhando seus bens,
suas penas e suas alegrias com vizinho e
companheiros, vão encontrando forma de
agrupamento e comunidade onde cada pessoa encontra sua dignidade num ambiente
de fraternidade. Os pobres continuam crendo na possibilidade de um mundo de
justiça e de liberdade; muitos continuam lutando para prepará-lo e muitos
cristãos redescobrem o compromisso de Deus com os pobres e oprimidos num horizonte
de justiça e libertação integral.
A Igreja está em movimento em
direção ao outro. Diversos ministérios têm levado a Palavra do evangelho que o
ser humano do pecado. Ministérios específicos estão sendo desenvolvidos:
meninos de rua, construção de creches e orfanatos, clubes de terceira idade, distribuição
de sopas e cobertores, cursos de alfabetização e profissionalizantes.
Acreditamos que a própria
sociedade, e em especial os pobres esperam mais da Igreja. Parte da Igreja tem
se fechado em si mesma, mantendo suas portas fechadas as necessidades humanas,
aos que dela necessitam, Também estar presente os necessitados estão, nas ruas,
vielas, viadutos e favelas.
Outras ações por parte da Igreja
poderiam ser trabalhadas
: abrir
as estruturas da Igreja a participação do povo; objetivar ministérios a partir
dos pobres; desenvolver um evangelismo não apenas numérico, mas também
libertador; educar as bases a visar a justiça em prol do outro; obras sociais
voltadas para os pobres sem cunho assistencialista; desenvolver trabalho
cooperativo entre as comunidades; redirecionar suas atividades; estar onde o
pobre esta sendo um porta voz do sofrimento humano; usar a Bíblia como
instrumento de grande valor na vida do pobre; pregar uma teologia que leve a
práxis libertadora na vida e na luta dos pobres; solidarizar-se com o oprimido,
contra a injustiça, leva-los a terem consciência; envolver-se na luta dos
pobres só pode se dar em pleno envolvimento, é estar junto; os pobres são
objetos de agressão, a Igreja precisa decidir em que lado ela está
.
Conclusão
Na conclusão
desta obra verificamos que a Igreja tem um grande desafio diante de si: os
pobres. Reconhecemos que a Igreja está de alguma forma empenhada no combate a
pobreza na retomada da dignidade humana se solidarizando com o pobre e com a
sua situação, é estender seu braço e cooperar no sentido do pobre encontrar-se
consigo mesmo, com sua auto-estima, com sua dignidade reconquistada, se
tornando apto a enfrentar a situação com sua própria capacidade.
A Igreja como
instituição deve envolver-se e comprometer-se a trabalhar nas causas que geram
a pobreza: a injustiça e atos que destroem a dignidade humana, lutar e buscar
por uma justiça comum a todos os seres humanos.
A igreja deve
evitar extremos que levem o pobre a conviver com sentimentos como a humilhação
de depender da ajuda do outro. Por outro lado pode-se criar um estado de
paralisia, alimentando o pobre a preguiça, e como conseqüência, um mau caráter.
O pobre tem pressa.
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