sábado, 13 de janeiro de 2018

Exegese: Isaias 1. 4-9

Introdução:


ד הוֹי גּוֹי חֹטֵא, עַם כֶּבֶד עָו‍ֹן--זֶרַע מְרֵעִים, בָּנִים מַשְׁחִיתִים; עָזְבוּ 
אֶת-יְהוָה, נִאֲצוּ אֶת-קְדוֹשׁ יִשְׂרָאֵל--נָזֹרוּ אָחוֹר.
ה עַל מֶה תֻכּוּ עוֹד, תּוֹסִיפוּ סָרָה; כָּל-רֹאשׁ לָחֳלִי, וְכָל-לֵבָב דַּוָּי.
ו מִכַּף-רֶגֶל וְעַד-רֹאשׁ אֵין-בּוֹ מְתֹם, פֶּצַע וְחַבּוּרָה וּמַכָּה טְרִיָּה; לֹא-זֹרוּ 
וְלֹא חֻבָּשׁוּ, וְלֹא רֻכְּכָה בַּשָּׁמֶן.
ז אַרְצְכֶם שְׁמָמָה, עָרֵיכֶם שְׂרֻפוֹת אֵשׁ; אַדְמַתְכֶם, לְנֶגְדְּכֶם זָרִים אֹכְלִים 
אֹתָהּ, וּשְׁמָמָה, כְּמַהְפֵּכַת זָרִים.
ח וְנוֹתְרָה בַת-צִיּוֹן, כְּסֻכָּה בְכָרֶם; כִּמְלוּנָה בְמִקְשָׁה, כְּעִיר נְצוּרָה.
ט לוּלֵי יְהוָה צְבָאוֹת, הוֹתִיר לָנוּ שָׂרִיד כִּמְעָט--כִּסְדֹם הָיִינוּ, לַעֲמֹרָה 
דָּמִינוּ.  {פ}

A analise do texto de Isaías 1. 4-9, escrito em uma linguagem profética, própria da época. Escrito pelo profeta Isaías engloba o período longo de 740 a 700 a. C. Este texto ocorre durante o reinado do rei Uzias. O local do escrito foi em Jerusalém.

I. A forma do texto - tradução:

A. Isaias 1. 4-9

  1. Ai da    Nação que peca!
(ai do)  Povo pesado de iniqüidade!
      (ai da)  Semente de crimes
      (ai dos) Filhos que causam destruição!
                             Eles abandonaram a Javé
                             Eles rejeitaram o Santo de Israel
                             Eles afastaram para trás (por último)

  1. Como sereis feridos ainda
Vós que perseveram na rebelião
   Toda cabeça está doente
E todo coração mestruado (enfermo)

  1. Desde a sola do pé
E até a cabeça
                                          não há nele lugar sadio
            Ferida e ferimento
E         pancada (contusão) de ossos (feridas)
                                                 não foram espremidas
      E                                        não foram atadas
      E                                        não umedecidas com óleo

  1.    A vossa terra é desolação (que causa louvor)
   As vossas cidades estão queimadas há fogo
   O vosso solo (chão), diante de vós,
                        estrangeiros o devoram
E                     desolação com destruição de estrangeiros
  1. E a filha de Sião será deixada (preterida)
Como uma choça em uma vinha
            Como cabana (palhoça) em um campo de pepino
            Como uma cidade sendo sitiada

  1. Oh! Se Javé dos Exércitos
Nos tivesse deixado poucos sobreviventes
Estaríamos como Sodoma
Pareceríamos como Gamorra

B. Estrutura:

            I – Acusação em tom de lamentação – v. 4
            A.Geral v. 4a
B. Específica v. 4b
           
II – Detalhamento da acusação – v. 5 – 8
            A.Questão v.5a
B. Descrição do corpo enfermo v. 5b – 6
                        C. Descrição da nação destruída v. 7 – 8

            III – Conclusão ou reconhecimento – v. 9

 C. Explicação da Estrutura:

A estrutura do texto não é de difícil compreensão e de análise.
O verso 4 mostra a denúncia e a acusação em forma de lamento. Parte de uma acusação geral (povo e nação) para uma acusação específica dos cidadãos e autoridades.
Nos versos 5 a 8 - aqui surge um detalhamento da acusação como parte denúncia de um processo jurídico: devido a uma desobediência (5a); um corpo doente (5b e 6), narra através de doenças, o alerta da dor; para a nação destruída (7 e 8), diante da ameaça em Israel que é fogo causada pela seca, pois Jerusalém havia sido sitiada pelos Assírio em 735 a. C. (escrito foi Isaías); conclui verso 9 que Javé é que está sustentando Jerusalém, apesar da expectativa de encerramento / destruição como foi com Sodoma e Gomorra.


D. Interpretação do texto:


I – Acusação em tom de lamentação – v. 4

Na primeira parte do verso 4(a) o profeta Isaias faz uma acusação / denúncia, primeiro em tom de lamentação e em segundo momento em uma linguagem jurídica. A ameaça é geral em aplicar um castigo físico por parte de Javé à nação. A acusação pode ser vista através das seguintes palavras: o verbo hata – pecar, tem o sentido de negar o padrão que Deus tem. A substantivo masculino awon – iniqüidade, significa o desvio do caminho. A palavra roa – crime denota as atitudes negativas, ou uma característica imoral do ser humano. Já mashhit – destruição demonstra a figura de um anjo encarregado de destruição que feriu os egípcios que não tinham nos batentes das portas o sangue.
Na segunda parte do verso 4(b) especifica os motivos específicos da ameaça de Javé. Os verbos: azab tem o sentido de abandonar, apostatar de Javé e ir atrás de ídolos.  A palavra naats denota o sentido de rejeitar, rebelar-se e inclinar-se a desobediência culminando o ponto máximo de apostasia de todo o povo de Israel. Já a palavra shakak traz o significado de aniquilar, deixar de existir.

II – Detalhamento da acusação – v. 5 – 8

O profeta menciona os ferimentos dos que yasap - perseveram em sarar - rebelião - o sentido da palavra é de sair da presença de Deus. Apesar de ainda não receberem o castigo proveniente de Javé. No verso 5b e 6a, descreve um corpo totalmente enfermo: “desde a sola do pé e até a cabeça” e reitera que nele “não há lugar sadio”. Os ferimentos não tratados permaneciam em estado de abandono. O profeta no final do verso 6b, explica o motivo daquela situação. Como se um tratamento médico sobre as “feridas” não houvessem sido realizado, pois elas não sararam, porque: não “espremeram”, no sentido de pressionar para o mal do corpo sair; a palavra hãbash - atar, ou tiaras usadas pelos sacerdotes; também era usada no sentido de colocar uma atadura ou bandagem, não “ataram”, porque não ligaram com as ataduras, a palavra rak – umedecidas, tem o sentido de amaciar, num sentido é Javé quem faz amolecer o coração. O óleo tem significado todo especial entre eles: um deles, o de curar as feridas. A “umedeceram com óleo”, no sentido de cuidadas com azeite (remédio), não foi utilizado.  Os estrangeiros “citados como aqueles que estavam desolando a terra”, nos remetem a guerra Siro-Efraimita no período de 735 a 732 a. C. quando Jerusalém foi sitiada. Este é o contexto em que eles estão vivendo. O profeta sai das metáforas referentes à comparação do corpo humano e relata a realidade do povo de Israel que esta degradada por causa da desobediência a Javé. O profeta usa o temo shemama - desolação, que expressa algo que acontece gerando uma grande calamidade. O uso do termo akal - devorar, no sentido de consumir, atentando para este sentido percebe-se que o profeta está falando que os estrangeiros estão consumindo tudo que a terra dá e possui. Isto é o resultado causado pelo povo que abandonou a Javé e deixaram de seguir os seus conselhos. A destruição da Filha de Sião, a cidade de Jerusalém, ocorre pelo total descaso da nação de Israel. A comparação de uma choça e de uma cabana, que são elementos básicos do trabalho do campo, é utilizada pelo profeta, como exemplos do abandono do agricultor após a colheita. A aplicação deste sentido à cidade preterida, pelo governo e dos habitantes mediante a situação de sítio.

III – Conclusão ou reconhecimento – v. 9


No verso 9, a palavra hebraica sedom - Sodoma tem o sentido de antítese. Sodoma e Gomorra estão representadas na história de Israel sempre como símbolo de poder. As guerras pela posse de tal cidade dão sua importância. Da mesma forma a não observâncias aos mandamentos de Javé às tornaram em pó e cinzas. A palavra sarid - sobreviventes nos remete sempre a outra expressão que encerra a idéia de um grupo que permanece firme, um remanescente. Ou seja, designa aquilo que sobreviveu a um processo prévio de eliminação ou a uma catástrofe. Essa analogia é muito usada pelos israelitas durante as narrativas bíblicas. Entretanto é na figura do profeta Isaías que ela é comumente usada. Desta forma o verso 9 dá um desfecho ao texto da justiça e misericórdia de Javé.

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