terça-feira, 9 de janeiro de 2018

A IGREJA E O DESAFIO DOS POBRES

Introdução

            “O evangelho de Cristo não conhece outra religião que não seja social, nem santidade que não seja santidade social”.[1]
John Wesley

A pobreza está presente na sociedade humana. Não é de hoje. A pobreza acompanha o ser humano há muitos anos afligindo-o. Durante todo este tempo, até hoje, o ser humano foi e é explorado por seu semelhante num jogo de poder e de fraqueza. A pobreza em si não produz o mal, ela é na verdade o mal em si, produto de um sistema de desigualdades sociais, política e econômica onde o interesse de poucos se sobrepõe aos de muitos[2].
Não é pelo fato da pobreza acompanhar o ser humano em sua jornada por este mundo, na forma de um parasita social, que deve acomodar-se com a situação. As conseqüências que a pobreza produz e os elementos causadores devem ser enfrentados com o objetivo de libertar o ser humano do mal que o aflige.
Esta monografia busca relacionar a pobreza com o papel da Igreja, instituição do Sagrado que se preocupa com esta situação, fato demonstrado nas Escrituras através dos exemplos de Jesus. Não poderíamos deixar de perguntar: A Igreja está atenta a situação que agrava a vida de bilhões de pessoas? O que estaria ela fazendo para que a situação do pobre seja transformada? Ou estaria a Igreja cega diante da situação, não por estar distante, a pobreza não está presente dentro dela mesma? Estaria a Igreja acomodada com a situação deprimente do próximo por que ela estaria em uma situação confortável? São perguntas que procuraremos responder nesta obra.
No primeiro capítulo definiremos o que ser pobre e quem são os pobres, objeto de cuidado. No capítulo seguinte vem da questão se a Igreja deve ser envolver e comprometer-se com o pobre e o qual o significado disto para a própria Igreja. No terceiro capítulo discute-se formas práticas de ação que a Igreja pode realizar para tornar a vida do pobre digna de um ser humano.    

I – Pode-se definir quem são os pobres?

I - Os pobres, quem são?

Uma resposta difícil de ser respondida pode-se responder com outra pergunta: o que é ser rico? O que é ser pobre? A pobres menos pobres? A ricos mais ricos ou menos ricos?
A primeira vista o pobre é pobre por não ter poder aquisitivo suficiente para ter. Ter coisas materiais, coisas que “todo” mundo tem. A pergunta que surge é: se o pobre tiver uma grande renda deixará simplesmente de ser pobre? Não, até porque a pobreza não está condicionada a aspectos puramente financeiros ou materiais, mas está ligada ao desprezo da dignidade humana e principalmente a dimensão espiritual.
O Frei Leonardo Boff define a pobreza nas seguintes palavras:  [3]
“Num primeiro significado, pobreza é carência, falta de meio de subsistência, coisa ruim, porque a pessoa não pode produzir e reproduzir vida... um outro sentido da pobreza que é a pobreza não inocente; mas é uma pobreza de exploração, de injustiça. Isto é, há um mecanismo que cria a pobreza, arrebata, rouba do trabalhador o justo salário, aquilo que se lhe deve. Não tem camisa, não pode ir ao dentista, não porque não queira, porque lhe tiraram a possibilidade de ir. Então essa pobreza é sinônimo de injustiça, e a oposição a ela não é a riqueza. Oposição a essa pobreza é justiça”.
            A partir desta reflexão de Leonardo Boff podemos distinguir “tipos” de pobreza. A primeira causada por fatores econômicos, a segunda causa a injustiça social, a terceira é uma pobreza que vai ao encontro do outro no sentido do serviço, e o quarto tipo é a pobreza que se faz na solidariedade. 
            A pobreza gerada por questões econômicas está presente na história há muito tempo. O ser humano de forma injusta explora seu semelhante. Retira dele o que pode ser explorado e em troca nada dá, até mesmo a dignidade do pobre é desprezada. A riqueza de poucos é construída as custas da desgraça de muitos. O pobre é mantido com o mínimo de condições sociais para ser usado em benefício da exploração do capital.
            A pobreza da injustiça está no afastamento da justiça na direção do rico e na aplicação da justiça em direção de encontro ao pobre. O escritor Drausio Varella em seu livro intitulado Carandiru cita que na sala do diretor da antiga Casa de Detenção havia uma placa que dizia algo como “Aqui só entra pobre”. Esta é a realidade.
            A pobreza que vai ao encontro do pobre é aquela em que colocamos o que temos a favor do outro no sentido de compartilhar para minimizar a aflição do afligido em sua angustiosa situação de abandono e desprezo.
            A pobreza da solidariedade que se faz com os pobres, na luta contra a pobreza. Em estar juntos nos fazemos pobre sentido o que ele sente. Lutando para mudar não para nós, mas para ele. Sofrendo a dor dele como se doesse em nós.

    II – Onde se encontra os  pobres:

Nos enfermos física e mentalmente. Crônicos sem esperança de cura, sem consolo no seu sofrimento oferecendo o consolo através da Palavra de Deus. Ajuda-los a minimizar as dores físicas e interiores. Lembramos daqueles que enfermos são excluídos, sem medicação, sem hospitalização, sem atendimento digno, sem transporte. Solitários. Mortos. Mortos por um sistema que os ignora, os exclui da última tecnologia médica existente e a disposição do abastado e  negada não só ao pobre, mas também a tantos outros. 
Os carentes material e emocional. Pode-se estar bem emocionalmente se o físico e o material estão em falta? Há os necessitam de roupas, alimentos, remédios. Os que não tem casas para se abrigarem do frio, da chuva, muitos vivendo no relento da noite. São obrigados a sentirem frio em noites geladas.
Os viciados, dependentes químicos e alcoólatras. Necessitam de assistência especializada. Lembrando que a causa que leva o vício está no pecado. Assim deve-se assistir o viciado tanto no tratamento químico como também no tratamento espiritual que trate a alma humana.
Os órfãos e menores abandonados e carentes – talvez as maiores vítimas da pobreza. As crianças sofrem de muitas carências. A falta de afetividade visitado-os e dando-lhes amor; de um lar onde encontrem amparo; a carência espiritual – orando por elas, demonstrando o amor de Deus, cria-las com fé e esperança; carência material: ajudando materialmente de diversas formas como roupas, mantimentos, brinquedo, livros, financeiramente. Outro mal que atinge as crianças em seu estado de miséria e a alta taxa de mortalidade infantil causada pela fome e pela falta de higiene básica.
As viúvas que normalmente existem em grande número dentro das Igrejas. Muitas são esquecidas dos filhos e mesmo de suas comunidades. Esta pensa que os filhos têm o dever de cuidar das mesmas. Para as viúvas muito de suas carências não está em coisas materiais, mas sim sociais. Vivem solitárias, esquecidas, sem atividades que lhes tragam dignidade humana. Como as Igrejas poderiam dar as estas vidas condições de servirem a outros em diversos locais que necessitem de voluntários. Que bem lhes traria sendo úteis ao outro e ao mesmo tempo a elas mesmas.
Os/as desempregados/as que a cada dia crescem em números estatísticos, desesperançados e desesperados na luta de algo que lhes possa trazer um mínimo de dignidade humana afim de não mais mendigar. Na busca de algo que possa manter suas cabeças erguidas, são trabalhadores/as desprezados/as por um mercado capital que refuga o descartável, desprezando o ser humano como algo sem valor. O homem não vale nada.
Os escravos do século XXI. Enquanto para muitos o trabalho escravo parece coisa do passado, há em regiões remotas do país famílias inteiras sendo exploradas sem um mínimo de condições sociais e sem nenhum tipo de salário senão a troco de uma subsistência.
No campo jurídico o pobre vive uma insegurança, ele é indefeso ao passo que o rico está protegido na sociedade devido suas influência e o “respeito” que a sociedade nutre pelos abastados. O pobre não conhece seus direitos, estão marginalizados. A seguinte  citação realizada no Congresso da Ordem dos Advogados do Brasil realizado em 1976 demonstra isto de forma bem clara[4]:
“O direito penal é um direito dos pobres, não porque os vigie e os proteja, mas porque seu rigor e sua gravidade pesam exclusivamente sobre eles”.
            No povo indígena e nos descendentes afro, esquecidos após terem sido explorados. Tanto índios e negros morreram devido à exploração do rico, eram instrumentos de gerar riqueza enquanto suas vidas se exauriam. O que vemos hoje em favelas construídas de papelão, madeira e mais recentemente de blocos e cortiços são a “sobra” da exploração, verdadeiros lixões humanos para os que não tem mais valor nesta sociedade de alguns.
Nos migrantes moradores de pontes e viadutos, dormem junto aos seus carrinhos na esperança de enche-los com papelão na tentativa de conseguirem algum dinheiro para sobreviver.
Nos que nada ganham ou daqueles que ganham o suficiente para não mendigar e ao mesmo tempo não padecerem de fome. A questão do salário mínimo[5] é um exemplo claro de uma pobreza institucionalizada na sociedade atual.
Naqueles que são excluídos da educação escolar tão necessária e que por diversas vezes determinante do futuro humano de sucesso ou fracasso diante de uma sociedade que valoriza o melhor em desprezo do não capaz. O pobre não é incapaz. Na verdade a ele foi imposto um não ao seu preparo estudantil e profissional. As portas não foram abertas a ele e pior: poucos se preocupam com isto. O pobre está entregue a sua própria sorte.
Os pobres de espírito. Os que não possuem bens espirituais, aqueles a quem Deus oferece de forma gratuita, tanto a ricos como a pobres. São aqueles que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos, os pacíficos, os perseguidos[6].
II - a Igreja e o envolvimento com os pobres: os prós e contras
Para a Bíblia a riqueza e a pobreza são fruto do pecado que corrompe as relações entre os homens e estes para com Deus.
Uma igreja que opta pelos pobres não é uma Igreja pobre. Quando a igreja opta pelos pobres ela se solidariza com os pobres. É uma opção pela justiça e contra as estruturas que produzem sem cessar uma situação de injustiça social. É uma reviravolta da Igreja em favor do povo como um inteiro. O compromisso com os pobres deve ser visto como um compromisso como o de Cristo[7] que se voltava para os necessitados e não há mais necessitados do que os pobres. Foi como pobre que Deus se revelou ao homem na pessoa de Jesus de Nazaré, em sua ação de libertação não se dá apenas para as necessidades espirituais, ou materiais  e nem das sociais, ele anuncia o amor do Pai, desperta a fé, perdoa os pecados, cura os enfermos, restabelece os inválidos, multiplica o pão, acolhe os pobres, come com os pecadores, traz de volta a dignidade humana e espiritual. A Igreja sempre ajudou os pobres dando esmolas, ajudou, mas o pobre continua pobre, este tipo de ajuda não resolve o problema.
A fé cristã é marcada pelo amor ao próximo, não é este o segundo mandamento? O cristão dá seu testemunho acompanhado de obras de amor onde há necessidades. Na Igreja primitiva não se indagava se a Igreja era responsável por amparar as viúvas ou órfãos, os necessitados ou auxiliar os doentes e mesmo os carentes[8]. Movida por amor a Igreja agia. Atualmente existem aqueles que questiona o papel da Igreja em envolver-se na ajuda ao próximo. Isto para muitos seria dever do estado e o sagrado não se mistura com o profano. Segundo Rapp[9] o poder do evangelho estende-se apenas àqueles que ouvem e crêem, não é propósito de Deus salvar todo o mundo. O evangelho social ignora o fato do pecado humano e trata a vida presente como a única coisa real. O verdadeiro evangelho, segundo Rapp, está interessado nos problemas da humanidade, nos problemas sociais, econômicos e políticos, mas de que forma a Igreja deveria agir em relação a estas dificuldades? Para esta pergunta ele não oferece respostas, apenas condenações àqueles que obram em favor dos pobres. Ainda Rapp escreve que a expressão do amor é bíblica apenas no sentido de conduzir o homem para o céu, faz uma dicotomia entre o profano e o celeste porvir. Não importa o hoje, a glória do homem está no futuro – encontramos neste relato uma teodicéia ou mesmo um forma de escapismo. A missão da igreja no presente é pregar o evangelho, alias a única responsabilidade da igreja. Percebemos nesta frase uma grande contradição do autor, ora dizendo que a Igreja se preocupa com a humanidade e com o ethos, ora dizendo que a única preocupação da Igreja esta na libertação da alma humana e no serviço e comunhão voltada para dentro da igreja e não para fora dela. Isto seria o mesmo que Jesus cuidar somente dos doze apóstolos desprezando o restante das pessoas, excluído-as. Para o autor o mais fundamental na vida humana e a relação deste com Deus e não há valor na relação humana com seu próximo[10]. Quando Deus usa pessoas para combater algum desvio social que não estabelece qual seja, e apenas para o objetivo – egoísta – para cria um melhor ambiente para pregação do evangelho. Mesmo quando o autor relata o exemplo da parábola do Bom Samaritano[11] esclarece que não é obrigação da Igreja, mas do cristão. Esquece o autor que a Igreja é individualmente cada cristão?    
Ela mesma é vitima da pobreza. Insistimos que o amor em situações de necessidade deve-se mover em busca de suprir a necessidade do próximo seja ela quem for, como nos disse o Senhor devemos amar os nossos inimigos. Sem ajuda muitos pobres são tragados pela vida marginal que o alicia oferecendo uma “vida mais digna”. Oferece o que o pobre mais deseja ou necessita: dinheiro.  
A crise social sempre existiu, existe e existirá, a Igreja e nem uma instituição necessita de ideologias políticas para se aperceber da gravidade da situação do ser humano em estado de pobreza. Causa dos problemas está nas estruturas sociais, na maldade humana no tratar com seu semelhante, mas a dor e a necessidade não podem esperar a mudança das estruturas ou na transformação do homem dominador em homem companheiro e solidário.
A realidade do pobre está presente em todos os lugares. Ignorar o problema da pobreza, acreditando que isto é uma causa isolada que não necessita de cuidados é tolice. Os sintomas da pobreza atingem toda a sociedade a ponto do rico temer andar com seu carro nas ruas da Cidade não só pelas noites, mas também em plena luz de dia. O rico se priva de comprar o luxuoso e adquire o comum não chamar atenção dos miseráveis. Se os ricos distribuíssem parte do que tem provavelmente não teriam temor estar no meio do povo.
O cerne da mensagem de Jesus é formado pelo conjunto tradicional dos pobres, dos enlutados e dos famintos[12], também não despreza os ricos, pois, também necessitam ser afastados do pecado que os afasta de Deus. Jesus anuncia o evangelho da graça divina libertadora do mal e do pecado do mundo. Convida ao seguimento na pobreza e na humildade ao exortar os discípulos a carregarem a própria cruz. Jesus elogiou a pobreza e ensinou a praticar a compaixão com os miseráveis, anunciando o evangelho aos pobres e chamando-os as bem-aventuranças e na prática de boas obras[13]. A graça libertadora nos dá condições  de nos fazer realmente livres para praticar a libertação na injustiça.
Muitas regiões crescem o desenvolvimento econômico, em proporções maiores cresce a indigência, desemprego, carência e marginalidade. A complexa questão da liberdade dos pobres somente achará resposta na luta pacífica contra o subdesenvolvimento  e somente uma experiência profunda e ética pode levar o ser humano a uma conversão pessoal, e as mudanças sociais são capazes de superar o males do pecado e suas raízes.

III – como a igreja pode lidar com o desafio da pobreza?

Ter uma atitude assistencialista por mais tentadora que seja não é a solução adequada, pois, trabalhava apenas a necessidade, esquece-se que o pobre não tem somente necessidades. O pobre tem capacidade de luta, pode organizado se autopromover, para isto deve ser libertado. A Igreja não vai libertar o pobre, ela não tem esta capacidade e nem deve faze-lo. Ela, sim deve se aliar no sentido de ajudar o pobre a encontrar suas respostas e vencer a pobreza.  Para isto a Igreja deve mover-se em direção a necessidade do outro, porém, insistimos, não de forma assistencialista. O pobre não deve ser mantido dependente indefinidamente. Não deve ser sentir humilhado, e a Igreja não deve colaborar para um conformismo o leve a uma dependência prolongada. O objetivo maior da Igreja é a busca de uma sociedade mais justa e igualitária.
Deve-se encarar o desafio do pobre na luta pela promoção humana[14], deve-se respeitá-lo e considerado como uma pessoa a quem Deus ama. É justamente neste item de relacionamento que o pobre deve encontrar o perdão de Deus em relação ao seu pecado é chamado a converter-se[15]. O auxílio de forma integral deve também tratar a problemática da pobreza espiritual existente na vida do pobre. A religiosidade e a cultura do pobre não tem mérito para adentrar no Reino de Deus, antes, estes valores devem ser purificados diante da morte de Jesus. A Igreja deve saber que a pobreza é também a capacidade de aceitar a salvação com humildade[16] é a liberdade de confiar a sua vida a Deus.
A Igreja deve  intervir no processo social no auxilio para a mudança da situação. É verdade que não mudou muito a situação do pobre, mas é inegável que mudanças tem acontecido em diversos âmbitos. O trabalhador tem se organizado em sindicatos, juntos tem lutado por melhores condições de trabalho e renda. As Comunidades Eclesiais de Base, leigos atuam onde a Igreja enquanto instituição não age. Faz um forte trabalho de conscientização e orientação. Destaque-se a Pastoral da Criança que tem transformando morte em vida através de simples mudanças de hábitos alimentares e de higiene, através deste trabalho milhares de crianças destinadas a morrerem de subnutrição conquista a saúde necessária para viverem. Os pobres rurais se organizam em Movimento dos Sem Terra lutando não só por terra, mas também por direito a tecnologia do campo e na assessoria necessária para produzir mais com qualidade. Os pobres urbanos lutam através do Movimento dos Sem Teto por moradias dignas para suas famílias. Percebemos as mobilizações e nelas, parte da Igreja esta presente. Para as demais pobrezas a saída é a justiça, é a consciência política. Infelizmente o pobre necessita do apoio da sociedade, dos meios de comunicação e das instituições de forma comprometida e que atuem ao encontro deles. Vemos que muitos pobres são usados por políticos inescrupulosos e gananciosos, a Igreja deve exercer um papel de orientador, o pobre não pode mais ficar refém de falsas informações e falsas promessas, ilusões. O pobre é tem suas limitações e tem necessidade de ser orientado. Os pobres continuam partilhando seus bens, suas penas e suas alegrias  com vizinho e companheiros, vão encontrando forma  de agrupamento e comunidade onde cada pessoa encontra sua dignidade num ambiente de fraternidade. Os pobres continuam crendo na possibilidade de um mundo de justiça e de liberdade; muitos continuam lutando para prepará-lo e muitos cristãos redescobrem o compromisso de Deus com os pobres e oprimidos num horizonte de justiça e libertação integral.
A Igreja está em movimento em direção ao outro. Diversos ministérios têm levado a Palavra do evangelho que o ser humano do pecado. Ministérios específicos estão sendo desenvolvidos: meninos de rua, construção de creches e orfanatos, clubes de terceira idade, distribuição de sopas e cobertores, cursos de alfabetização e profissionalizantes.
Acreditamos que a própria sociedade, e em especial os pobres esperam mais da Igreja. Parte da Igreja tem se fechado em si mesma, mantendo suas portas fechadas as necessidades humanas, aos que dela necessitam, Também estar presente os necessitados estão, nas ruas, vielas, viadutos e favelas.
Outras ações por parte da Igreja poderiam ser trabalhadas[17]: abrir as estruturas da Igreja a participação do povo; objetivar ministérios a partir dos pobres; desenvolver um evangelismo não apenas numérico, mas também libertador; educar as bases a visar a justiça em prol do outro; obras sociais voltadas para os pobres sem cunho assistencialista; desenvolver trabalho cooperativo entre as comunidades; redirecionar suas atividades; estar onde o pobre esta sendo um porta voz do sofrimento humano; usar a Bíblia como instrumento de grande valor na vida do pobre; pregar uma teologia que leve a práxis libertadora na vida e na luta dos pobres; solidarizar-se com o oprimido, contra a injustiça, leva-los a terem consciência; envolver-se na luta dos pobres só pode se dar em pleno envolvimento, é estar junto; os pobres são objetos de agressão, a Igreja precisa decidir em que lado ela está[18].

Conclusão

Na conclusão desta obra verificamos que a Igreja tem um grande desafio diante de si: os pobres. Reconhecemos que a Igreja está de alguma forma empenhada no combate a pobreza na retomada da dignidade humana se solidarizando com o pobre e com a sua situação, é estender seu braço e cooperar no sentido do pobre encontrar-se consigo mesmo, com sua auto-estima, com sua dignidade reconquistada, se tornando apto a enfrentar a situação com sua própria capacidade.
A Igreja como instituição deve envolver-se e comprometer-se a trabalhar nas causas que geram a pobreza: a injustiça e atos que destroem a dignidade humana, lutar e buscar por uma justiça comum a todos os seres humanos.
A igreja deve evitar extremos que levem o pobre a conviver com sentimentos como a humilhação de depender da ajuda do outro. Por outro lado pode-se criar um estado de paralisia, alimentando o pobre a preguiça, e como conseqüência, um mau caráter. O pobre tem pressa.

Bibliografia

1. Livros
A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Local: São Paulo: Ed. Paulus, 1996.     
MUÑOZ, Ronaldo. A Igreja no povo: para uma eclesiologia Latino-Americana. Trad. J. Thomaz Filho & Augusto Ângelo Zanatta Local: Petrópolis: Ed. Vozes, 1985. p. 105-114; 159-178.
PIEPKE, Joaquim G. A Igreja voltada para o homem: eclesiologia do povo de Deus no Brasil. Trad. Frederico Dattler. Local: São Paulo: Ed Paulinas, 1989. Coleção fermento na massa. p. 59-75
QUEIROZ, José J. A Igreja dos pobres na América Latina. Trad. Rubens Eduardo Ferreira Frias. Local: São Paulo: Ed. Brasiliense, 1980. p. 180-182
RAPP, Roberto S. A Confederação Evangélica do Brasil e o Evangelho Social. Local: São Paulo: Ed. Missão Presbiteriana no Brasil. p. 44-54
S. J., Francisco Ivern & BINGEMER, Maria Clara L. Doutrina social da Igreja e teologia da libertação. Local: São Paulo: Ed. Loyola, 1994. p. 275-326
SANTA ANA, Julio de. A igreja dos pobres. Trad. Jaci Maraschin Local: São Bernardo do Campo: Ed. Imprensa Metodista, 1985. p. 214-223
SEIBERT, Erni Walter. A Igreja hoje: organizada a partir de seus objetivos. 2a ed. Local: Porto Alegre: Ed. Concórdia. p. 87-92
2. Internet





O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística  em seu levantamento realizado no ano 200[2] aponta o número de crianças em trabalho formal e não formal em 1.142.438 entre as idades de 10 a 14 anos se incluirmos as crianças da idade de 15 anos o número sobe para 1.791.480, de acordo com o Estatuto da Criança nenhuma criança abaixo de 16 anos deverá exercer qualquer atividade remunerada. O mesmo censo demonstra que 101.569.347 pessoas nada recebem ou recebem até 2 salários mínimos de um universo populacional de 136.910.368 de pessoas, ou seja, 74,18% da população não compra nada for a do que necessitam para não morrer de fome. Estes são os excluídos da sociedade por não terem poder aquisitivo de compra são os pobres. Estes números revelam a grandeza do desafio social que o país representa.

[3] QUEIROZ, José J. A Igreja dos pobres na América Latina. Trad. Rubens Eduardo Ferreira Frias. Local: São Paulo: Ed. Brasiliense, 1980. p. 180.
[4] PIEPKE, Joaquim G. A Igreja voltada para o homem: eclesiologia do povo de Deus no Brasil. Trad. Frederico Dattler. Local: São Paulo: Ed Paulinas, 1989. Coleção fermento na massa. p. 61
[5] Como pode uma pessoa individualmente ter todas suas necessidades básicas com um valor de R$ 260,00 por mês? Imaginemos a situação de uma família de mais de dois elementos vivendo, ou sobrevivendo com este valor. A grande questão está que não é apenas uma família nesta situação, milhões vivenciam esta realidade.
[6] Mt 5.1-10
[7] MUÑOZ, Ronaldo. A Igreja no povo: para uma eclesiologia Latino-Americana. Trad. J. Thomaz Filho & Augusto Ângelo Zanatta Local: Petrópolis: Ed. Vozes, 1985. p. 161
[8] SEIBERT, Erni Walter. A Igreja hoje: organizada a partir de seus objetivos. 2a ed. Local: Porto Alegre: Ed. Concórdia. p. 87
[9] RAPP, Roberto S. A Confederação Evangélica do Brasil e o Evangelho Social. Local: São Paulo: Ed. Missão Presbiteriana no Brasil. p. 44-54
[10] Idem, p. 50
[11] Lucas capítulo 10.x-xx
[12] PIEPKE, Joaquim G. A Igreja voltada para o homem: eclesiologia do povo de Deus no Brasil. Trad. Frederico Dattler. Local: São Paulo: Ed Paulinas, 1989. Coleção fermento na massa. p. 66
[13] Mt 6.19-29; Mc 8.35; Mt 25.40
[14] QUEIROZ, José J. A Igreja dos pobres na América Latina. Trad. Rubens Eduardo Ferreira Frias. Local: São Paulo: Ed. Brasiliense, 1980. p. 180.
[15] Mc 1.14-15; Lc 13.1-5
[16] Mt 5.3-12; Mt 19.18-30 Lc 21.1-14
[17] SANTA ANA, Julio de. A igreja dos pobres. Trad. Jaci Maraschin Local: São Bernardo do Campo: Ed. Imprensa Metodista, 1985. p. 214-220
[18] At 2.42-47; 4.32-35 e 6.1-7

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário, importante saber sua impressão sobre os textos, com issto podemos dialogar.