História de israel: da época da invasão do reino até Alexandre Magno (resenha)
DONNER, Herbert. História
de Israel e dos povos vizinhos. Trad. Cláudio Molz e Hans Treine. 2a
ed. Local: São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes, 1997. p. 273-535
Parte 4: Judá e Israel como membros do sistema
siro-palestinense de pequenos estados
I - A decadência do reino de Davi e a dissolução da união
pessoal entre Judá e Israel.
As condições históricas não eram favoráveis aos sucessores
de Salomão, não muito tempo após sua morte o reino de Davi desintegrou. A
partir de três fontes de informações: história novelística, dos anais dos
governos e narrativas proféticas retrabalhados pela redação deuteronomista.
Roboão assumiu o trono em Judá diferentemente do norte que não aceitava de
pronto a dinastia de Davi. A manutenção da corvéia, mantida por Roboão foi o
estopim para que Israel pusesse um fim nas relações com Judá. A esperança do
sul em reunir-se novamente com o norte existia, mas Israel via-se livre para
colocar um novo rei sobre eles, Jeroboão e tornou-se questão de tempo para
outras regiões conquistassem sua independência dando nascimento aos estados
siro-palestinenses, cabia agora que cada lado consolidasse sua existência.
Jeroboão I, filho de Nebate: o novo rei sobre
Israel estabeleceu Siquém, na Samaria e Penuel na Transjordânia exercendo um
reinado de forma ambulante. No campo religioso agiu de forma mais atuante
construindo dois locais de culto, um em Dã e outro em Betel evitando que
israelitas rumassem a Jerusalém para ali adorarem Javé. Construi um touro
dourado como representação de Javé. Dã fracassou mas Betel consegui atingir
seus propósitos de local de adoração. Jeroboão estabeleceu sacerdotes próprios
que não eram da linhagem de Levi, trazendo sobre si a ira dos deuteronomistas e
o fracasso em sua política de culto a Javé.
Roboão: enfrentou os problemas de política
externa, permanecendo em Jerusalém. Fez guerra contra Israel para melhorar os
espaços da capital e construindo fortificações. Na região era provável que os
filisteus tivessem conquistado sua independência em relação a Judá. No ano de
922 o faraó Shoshenk invade a Palestina contudo sem trazer prejuízos a
Judá.
II – O Reino de Judá até o rei Azarias
O material existente neste
período se reduz aos extratos dos historiógrafos e dos redatores deuteronomistas
dos anais dos reis de Judá. Os acontecimentos envolviam os dois estados direta
ou indiretamente. A necessidade de Judá em fortalecer suas divisas junto a
Israel que foi conseguido com o rei Asa numa terrível guerra em que o rei Baasa
levou a melhor, Asa comprou o apoio do
rei arameu Ben-Hadade, este invadiu Israel ao norte fazendo Baasa retornar da
batalha contra o sul. Com o caminho livre Asa estabeleceu a divisa no
desfiladeiro Wadi Djilyan e criando fortificações em Mispa e Geba. Asa afastou
sua mãe Maaca do cargo de rainha-mãe. Sob Asa e seus sucessores houve um longo
período de paz junto a Israel. Tal proposta parte de Israel sob a dinastia Onri
que mais além de ajuda mútua leva uma relação de casamento entre a família de
Acabe e se une a de Jeorão. Josafá numa tentativa frustrada tenta reativar a
navegação comercial. Sob o governo de Jeorão os edomitas conquistam sua
independência em relação a Judá. O fim da aliança se dá com a morte dos dois
reis: Jorão de Israel e Acazias de Judá por Jeú, oficial de Israel. Quando a
notícia chega em Jerusalém, Atalia rainha-mãe, não hesita em tomar o governo e
exterminar todos os varões descendentes de Davi. Jeoseba consegue esconder o
príncipe Joás, então com um ano. Após alguns anos Joiada promove um contra
golpe destituindo Atalia e a matando. Joás assume o reino com aproximadamente
sete anos. Joás promoveu uma restauração do templo e de como lançou mão do
tesouro do templo e do palácio para comprar sua liberdade. Joás foi vítima de
uma revolta palaciana tendo sido morto por dois serviçais. Amazias, seu filho,
o sucedeu e executou os assassinos do pai. Amazias lutou contra Jeoás, neto de
Jeú onde foi derrotado, preso e depois solto. Nesta guerra parte dos muros
foram derribados e tesouros do palácio e do templo saqueados sem grande
prejuízo para Judá, por fim Amazias foi morto e Azarias então com dezesseis
anos assume o trono, contemporâneo de Jeroboão II, de Israel onde se deu o
apogeu do norte e a paz e prosperidade do sul. Azarias ou Uzias edificou a fortaleza
de Elate e feito conquistas em sua luta contra os filisteus, tornando Amom
tributária, no campo interno a fortificação de Jerusalém, colonização e
agricultura do sul e o fortalecimento do exército.
III – O Reino de Israel até o rei Jeroboão II
A fonte
principal de informações parte dos deuteronomistas em diversas obras. O reino do norte teve maior dificuldades: na
geografia era cobiçado por diversas nações por seus caminhos estratégicos
exigindo que seus governantes mantivessem uma liderança firme, unitária e
continuada, o que não aconteceu em alguns momentos chegando a enfrentar
revoltas e usurpações internas. Porém, não faltaram iniciativas de se
estabelecer dinastias. Jeroboão I preparou seu filho Nadabe que numa iniciativa
marchou contra os filisteus, porém, foi morto por Baasa de Issacar. As lutas
com os filisteus continuariam. Com Baasa no trono exterminou todos os
masculinos da família de Jeroboão, tornando-se um prática dos usurpadores,
embora nem sempre tenham conseguido fazê-lo. Baasa reinou 23 anos e Elá, seu
filho, reinou em seu lugar e foi morto por Zinri que também destrui a família
de Baasa. O exército não aceitou estas revoltas e estabeleceu um novo
governante, Onri que tratou de matar a Inri. Surge um outro pretendente ao trono,
Tibni que acaba desaparecendo e Onri após quatro anos se impõe sobre Israel e
estabelece uma dinastia.
Israel sob a dinastia de Onri: O reinado de
Onri e Acabe exigiam prudência e diplomacia, tanto na política externa: com o
crescimento da ameaça assíria que por
diversas vezes tentou contra as dinastias da síria levando-as a formar
coalizões para reprimir os avanços assírios para tentar entre outros tomar o
corredor siro-palestinense. Assurnasirpal II foi o primeiro a impor tributos a
pequenos principados, depois com Salmaneser III as lutas tornaram-se mais
freqüentes e sangrentas. Com a subida ao trono de Hazael em Damasco a coalizão
foi rompida cabendo a este a lutar com os assírios. No campo interno os
esforços também foram grandes. A decisão de se estabelecer uma política
dualista, uma voltada para os cananeus com sede em Samaria e outro voltada para
os israelitas com sede em Jezreel, isto traz a lembrança de que os cananeus
ainda viviam em Israel habitando em cidades com cultura e costumes próprios. A
compra da terra por 60 quilos de prata onde se erigiu a cidade-estado de
Samaria foi o início de grandes investimentos e grandes construções, inclusive
de um templo a Baal. Onri estabeleceu estrito relacionamento com os centros
comerciais fenícios por razões econômicas e político-comercial abrindo caminho
a exportações pelo Mediterrâneo. Esta política trouxe a união do rei Acabe com
a princesa Jezabel, filha do rei sidônio. Esta estabeleceu um forte marca de
adoração a Baal, trazendo uma forte reação de Israel a este comprometimento da
casa real com Baal. A figura central desta reação foi o profeta Elias. Jezabel
exerceu uma forte influência sobre seus filhos como também no fortalecimento do
caneneísmo no país através da perseguição e morte dos profetas e destruição dos
altares de Javé, sem contar com a indecisão do povo Com os sucessores de Acabe,
Acazias e depois Jorão, o povo levantou um luta política trazendo a destruição
de toda dinastia de Onri, Jeú foi o instrumento utilizado para por fim àquela
situação.
Israel sob a dinastia de Jeú: o novo rei, Jeú
era oficial do exército de Israel. Ungido pelo profeta Eliseu, teve o apoio de
seus pares. Levou a morte de forma sangrenta a toda casa de Onri. Tanto Jorão,
rei de Israel como Acazias, rei de Judá foram mortos. Quando da entrada em
Jezreel, Jezabel foi ao seu encontro a fim de afrontá-lo encontrado ali sua
morte. Agora Jeú era de fato o rei sobre Israel. Jeú manteve com Samaria uma
correspondência de ameaças. Samaria se rendeu, trazendo ao novo rei as cabeças
decepadas dos homens da casa real. Jeú trouxe grande derramamento de sangue em
sua revolta que aos seus olhas era fundamentada na religião. Exterminou os
adoradores de Baal que estavam em Samaria, substituiu o regime dualista por um
unitário por meio da violência. A mudança de governo trouxe também uma mudança
da relação com outros povos, desfez alianças e pagou tributo ao assírio
Salmaneser III. Jeú teve paz por alguns anos o que após a investidas dos
assírios terem acabado. Hazael investiu contra Israel, perdendo grande parte do
território. O reino do norte estava desfacelado, havendo grandes perdas. A
guerra permaneceu por muitos anos, levantou contra Israel outros inimigos: os
filisteus, os moabitas e os amonitas. Os profetas Amós e Isaías relatam dos
acontecimentos. Jeroboão II, o último rei da dinastia viu o reflorescimento de
Israel, graças a queda da Síria provocada pelo poder assírio trazendo o peso do
tributos sobre muitos povos inclusive Israel. Além de ter conseguido recuperar
parte das terras perdidas manteve paz com outras nações e internamente houve
uma prosperidade econômica, em contra partida houve um desequilíbrio social
criando os ricos e os pobres.
Parte 5: O período assírio
I – Povos e estados do Oriente Antigo na 1ª. metade do 1º.
milênio AC até o fim do império neo-assírio
Aproximadamente em 1200 a.C. o
Egito estava em decadência como estado, distúrbios alternados com períodos de
certa calma acometeram o povo. Aconteceram várias disputas pelo controle da
nação, chegando inclusive a estrangeiros ocuparem os maiores cargos na direção
do povo. O conjunto do reino estava dividido em Alto, Médio e Baixo Egito e os
centros de poder vinham de Tebas, Tanis e as vezes Mênfis. Várias dinastias
vieram e foram sem mudar o aspecto da importância da nação que nada significava
no exterior. De outro lado, a Mesopotâmia viu surgir um grande império: O
Assírio, tornando-se a potência dominante, o que aconteceu passo a passo, com
uma estrutura de poder sem igual que selou o destino do Oriente Próximo durante
séculos. Iniciando em 1117 a.C. com reis que levaram adiante campanhas de
expansão tomando posse da herança do império hitita, levando a Assíria a sair
do isolamento e desempenhar o papel de potência líder. Com combates freqüentes
contra os estados arameus a Assíria tentava impor a vassalagem, o que começou a
se estabelecer de fato a partir de 912 a.C. A formação de um exército
permanente de grande força e crueldade tornaram os assírios temidos pelos povos
do oriente. O modelo de conquista se baseava num primeiro momento tornar o
estado conquistado num vassalo e depois anexá-la como província. Em 884 a.C.
Assurnasipal II, um guerreiro de prudência e tenaz deu um novo alento as
conquistas visando o Mar Mediterrâneo. A criação de um cinturão de estados
vassalos traziam preocupação ao império. As guerra sucessivas com Damasco exauriram
as forças da Assíria. Com Salmaneser III através de 27 campanhas conseguiu
controlar a inquietação dos vassalos. A relação entre Damasco e Assíria foi
muita próxima em alguns momentos pela igualdade cultural dos ambos povos. Em
745 a.C. com Tiglate-Pileser III deu-se a reforma administrativa das grandes
províncias em menores estruturas, tirando o poder dos governadores, no
tratamento com outros estados estabeleceu uma nova maneira de tratamento:
primeiro, tornar os estados conquistados em vassalos, segundo quando houvesse
conspiração haveria uma intervenção militar e a substituição do reinante por
outro “mais” fiel e a diminuição do território, anexando partes do mesmo e num
terceiro momento o estado era anexado, destruindo e substituindo os povos
através de assentamentos e eliminação da dinastia presente. Por questões
políticas e comerciais procurou manter um relacionamento mais amigável com
Damasco; a não agressão direta aos comerciantes fenícios. O ápice da conquista
assíria se deu com a conquista do Egito a partir de 681 a.C. O fim do império
Assírio durou até 655 a.C. deixando de se tornar ofensivo e começando uma lenta
desintegração com perda de territórios abrindo espaços para novas
potências.
II – A guerra siro-efraimita e o fim do Reino de Israel
A dinastia fundada por Jeú chegou
rapidamente ao fim, após uma luta pelo poder Menaém assume o trono e Israel
vive uma calma por quase dez anos. O império neo-assírio sob Tiglater-Pileser
III tornou-se de fator de poder que o corredor siro-palestinense em breve
sentiria, no entanto Tiglater-Pileser III ocupou-se com o norte e o leste do
império, mas em 743 a.C. marcha no sentido da Síria Setentrional e em 738 a.C.
ruma a Síria Central destroçando uma coalizão antiassíria trazendo temor aos
povos da região levando-as a pagar tributos. Damasco e Israel continuaram no
primeiro estágio da vassalagem. Israel, para cumprir com seus compromissos
junto a Assíria, taxou os proprietários da terra em 50 siclos cada um. Nos
quatros anos seguintes houve paz na região, em 734 a.C. as coisas mudaram:
havendo uma ação militar na região de Gaza para garantir o fluxo do exército
para o sul. Esta campanha aconteceu bem próxima a Judá dando a Acaz uma mostra
do poder da Assíria. Naquele mesmo ano, os estados de Damasco e Israel
trabalharam no sentido de formar uma coalizão antiassíria e tentaram envolver o rei Acaz que resistiu a
proposta. Os profetas Isaías e Oséias relatam o fato em seus escritos. Com a
negativa de Acaz, Israel e Damasco levaram seus exércitos contra Jerusalém a
fim de derrubar Acaz do poder e colocar em seu lugar um outro governante que
fosse a favor da coalizão. Acaz temendo as forças que vinham contra ele decide
não dar ouvidos as palavras de Jeremias e envia uma contribuição a
Tiglate-Pileser III solicitando sua ajuda o que foi de pronto atendido. Os
exércitos assírios colocaram em marcha contra Damasco que resistiu por uma
período longo de tempo, mas Israel caiu brevemente. Damasco se tornou província
assíria diminuindo seu território. Israel também teve seu território diminuído,
aconteceu a deportação da classe alta urbana, a troca do rei por um outro. O
fim da guerra siro-efraimita se dá com a ocupação de Damasco em 732 a.C. A
situação a partir de então é de tranqüilidade na região até o ano 724 a.C. quando Oséias decide romper sua fidelidade
junto a Assíria e começa fazer contatos com o Egito a fim de estabelecer uma
força que vença os assírios. A ação foi desastrosa, um erro político de grandes
conseqüências para Efraim, pois ela não tinha a menor chance de vencer qualquer
disputa. Salmaneser V capturou o rei Oséias e a capital Samaria caiu após três
anos de cerco. O estado de Efraim foi transformado em província, a classe alta
foi transportada para a Mesopotâmia e a Média e uma nova elite trazida da
Babilônia e da Síria Central. O número de deportados foi próximo de 27.280
pessoas que nunca mais retornaram a sua terra. A mistura religiosa dos deuses
dos novos moradores e de outros que vieram posteriormente com os adoradores de
Javé, modificaram a composição da população tendo como resultado um povo
chamado samaritanos que não mais tinham a ver com Jerusalém. Judá que saiu
beneficiada desta situação.
III – O Reino de Judá sob a supremacia dos assírios
A mudança
de trono entre Salmaneser V para Sargom II foi através de um golpe de estado
possivelmente apoiada por um partido revoltoso com as perdas dos privilégios
perdidos durante os últimos dois reinados. Enquanto Salmaneser teria sido morto
violentamente, Sargom II tinha que contentar aqueles que patrocinaram a
revolta. Nos seus primeiros anos exigiram grande superação do governante. Tais
acontecimentos chamaram atenção dos estados vassalos trazendo uma onde de
revoltas contra a assíria. Isaías foi contrário a adesão de Judá, por fim
Jerusalém permaneceu neutra, o rei Ezequias manteve-se cauteloso e evitou
envolver-se nos levantes. Em 720 a.C. Sargom II começou a estabelecer a ordem
modificando o “status” de vários estados onde até o Egito levou tributos a
Sargom II. Por alguns anos este foi o papel de Sargom II, abafando e
controlando os estados conquistados. A revolta na planície costeira filistéia
foi controlada sem uma ação militar através da troca do governante, já em 711
a.C. a ação militar foi inevitável e a região passou por todo processo de
reforma a região. Judá foi poupada da ira assíria por não ter participado do
levante. No período subsequente Sargom II dedicou-se a pacificar a Babilônia.
Com a morte de Sargom II seu filho Senaqueribe (705-681) houve novas
inquietações no sudoeste do império. Ezequias, rei de Judá adota uma política
antiassíria, talvez encorajado pela troca do trono. Diversos estados se
revoltaram em 705 ou 704 a.C. suspendendo os pagamentos e se unindo aos
egípcios. O profeta Isaías se levanta contra a rebelião, mas o empreendimento
estava preparado e foi colocado em prática num momento oportuno. Somente no ano
701 a.C. após ter colocado suas
fronteiras em segurança avançou difundindo terror por onde passava. Um a um os
estados iam cedendo ao poder as Assíria e num dos embates as tropas egípcias
caíram diante dos assírios. Senaqueribe se volta contra Judá conquistando
diversas cidades fortificadas e formando ao redor de Jerusalém um sítio. Judá
não consegui impor uma resistência a altura das tropas assírias, Ezequias
viu-se completamente isolado em Jerusalém. Senaqueribe isolou o território de
Jerusalém do restante de Judá dando aos filisteus fiéis a Assur. O antigo reino
de Judá fundado em Hebrom pelos anciãos e por Davi havido deixado de existir
como medida político-territorial de Senaqueribe, Ezequias estava restrito à
cidade estado de Jerusalém num segundo estágio de vassalagem. Em 701 a.C. por
via administrativa foi restabelecido o território. Até a Segunda metade do
século 7 o sul da Palestina teve paz. Poucas informações surgem sobre o
restante, como a vitória de Ezequias sobre os filisteus até Gaza; o crescimento
e modificação que ouve em Jerusalém. A política de Manassés permaneceu fiel a
Assur apesar de ter sido levado acorrentado para a Babilônia e depois
solto. No fim após um breve reinado de
Amon, Josias, então com oito anos assume o trono em Jerusalém.
IV – A crise assíria da religião israelita
A soberania
assíria trouxe a influência de cultos e objetos de culto sobre a religião
israelita e por conseguinte uma crise religiosa se estabelece. A questão é
essencial na política e reforma realizada pelo rei Josias. Os assírios em
alguns momentos exigiam a instalação de seu culto nas regiões subjugadas. Acaz
após visita a Damasco manda um esboço de um novo altar a Jerusalém para que
fosse construído antes de seu retorno, o novo iria substituir o antigo e seria
utilizado no culto a Javé. A reforma cúltica promovida pelo rei Ezequias fez
por destruir os altos, os postes sagrados e a serpente de bronze que Moisés
fizera. É fato que Ezequias ao suspender a fidelidade a Assíria aproveitou para
eliminar os símbolos cultuais assírios que haviam sido inseridos na cultura
judaica. Tais objetos se tornam referências da religiosidade cananéia e ao
culto cananeizado a Javé. O deuteronomista talvez tenha medido Ezequias por
Josias transformando-o numa espécie de pré-reformador. Ezequias interveio nas
questões religiosas de Jerusalém de modo purificador. O afluxo de objetos de
culto assírio a Jerusalém e a Judá deve ter ocorrido no 7 séc. a.C. desde o ano
701, os de Davi se encontravam numa
deprimente relação de dependência com os assírios, as mudanças físicas
realizadas por Senaqueribe teve o objetivo de manter os reis vassalos em seu
devido lugar, num grande número de tributários encontra-se também Manassés,
época em que surgiu os cultos assírios e ao longo dos seus 55 anos de governo.
A instituição de cultos assírios oficiais e semi-oficiais em Jerusalém e em
Judá serviam como um sinal de lealdade para com Assur. Na área sagrada de Javé
em Jerusalém continham instalações cúlticas destinadas a Baal, a Axerá e a todo
exército celestial, no caso de Baal tinha-se em mente o culto aos ídolos e o paganismo.
O exército celestial era destinado os altares em ambos átrios do templo, eram
as designações das divindades celestes e astrais assírio-babilônicas, deve-se
considerar que cada vez mais a religião assíria se tornava uma religião astral.
Não era de se admirar que tais concepções adentrassem em Jerusalém, onde era
oferecido incenso as divindades astrais. Cavalos e carros eram também atributos
de deuses assírios e babilônicos e utensílios de culto. As figuras dos altos
assinalavam esta influência. Os davididas promoviam ou toleravam a entrada
deste tipo de culto. Sofonias se levanta contra esta tolerância dos habitantes
de Jerusalém. O profeta os acusa de se terem aberto a costumes estrangeiros
adotando outros costumes. O problema de manter no templo de Javé elemento
estranhos gera a crise. A convivência com estes elementos foram fundamentais
para afastar o povo de Javé. A ligação das divindades estrangeiras com a
natureza foi fundamental para sua recepção trazendo uma proximidade com as
divindades cananéias da natureza e da vegetação sofrendo uma promoção e um
reavivamento gerada da crise assíria, estimulando seu crescimento e a supressão
da religião de Javé.
V – O acaso do império neo-assírio e a reforma do rei Josias
Depois da
morte de Assurbanipal em 630 a.C. o império assírio encontra seu fim de maneira
rápida e irreversível. Suas forças estavam esgotadas, a moral se fora, o
império estava exaurido e dilacerado gerando diversos conflitos. Os medos do
planalto iraniano avançavam e a Babilônia se fortalecia cada vez. O filho de
Assurbanipal apesar do apoio do exército reinou pouco tempo dando lugar a um
outro descendente do rei. Em 627 a.C. a Babilônia enfrenta as forças assírias e
as derrota oferendo a Nabopoplassar o reinado. O Egito e os citas vem em
socorro a Assíria, mas em vão, o Egito com sua antiga pretensão de posse do
corredor siro-palestinense quis usar a
Assíria como um estado tampão contra os medos e babilônicos. Em 612 a.C. Nínive
cai após um sítio de três meses, sendo este um golpe fatal para o império
neo-assírio. Diante de queda não poderia passar em branco a admiração das
grandes realizações em erguer, organizar, dominar e manter por tanto tempo um
complexo imperial que o Oriente não conhecia até então. Quase nada mudou nos estados-vassalos,
a dura dominação havia quebrado a vontade de resistir ponto de não se ouvir de
uma política antiassíra no corredor siro-palestinense. O único rei-vassalo que
percebeu a decadência do poder assírio foi o rei Josias tido por muitos como a
corporificação das vivas esperanças na história do povo de Israel. O rei da
reforma josiânica, desencadeada pelo surgimento do Deuteronômio, os motivos
reformadores da política e da religião se tornaram indissolúveis. Com Josias
termina a história dos grandes reis de Israel nas grandezas e tragédias nela
inseridas. Josias assumiu o reinado aos 8 anos de idade. A reforma foi
desencadeada pelo achado “livro da lei” no templo de Javé em Jerusalém. As
medidas tomadas tinham o objetivo de eliminar tudo o que fosse religião
estranha, não israelita, não javista ou em outras palavras uma volta as
origens, tinha também uma concepção de política global onde tal pureza era
apenas um aspecto entre outros. As mudanças atingiram: a área do templo: a
eliminação de todos os elementos cúlticos assírios. Na área urbana, nos
arredores de Jerusalém e nas cidades de Judá: a destruição de todos os locais
de culto. Numa só palavra, eliminou todos os motivos da crise religiosa e por
tabela disse um não a política de expansão e dominação da Assíria. Não é
registrado se em algum momento deixou de pagar tributos ou participou de alguma
aliança anti-assíria, talvez nem tenha sido necessário, a vassalagem só existia
no papel. Josias foi além Judá para destruir o santuário erigido por Jeroboão em
Betel e os “santuários dos altos” e exterminar seus sacerdotes em pleno
território de Samaria. Josias deve ter aproveitado o vazio da Assíria para
anexar territórios, tomou a Samaria e em toda vida prosseguiu em anexar o que
podia. Com estas conquistas Josias adentrou nos antigos territórios de Israel o
que não acontecia há mais de três séculos, talvez numa tentativa de
restabelecer a situação vigentes da época de Davi e Salomão, numa política de
restauração: tornar realidade o extinto reino de Davi, porém o fracasso veio
não por falta de energia mas por condições diferentes entre a realidade e o
ideal. Ouve uma mudança nos campos onde Josias destruiu todos os altos erigidos
a Javé trazendo todos os sacerdotes espalhados por Judá a Jerusalém, trazendo a
secularização do campo e a centralização do culto a Javé em Jerusalém. Agora a
pureza do culto somava-se a unidade de culto. O fato de que o poder político
não necessitar mais da concordância dos homens de Judá tenha facilitado as reformas
de Josias. A unidade trazida por Josias confronta com a tradição da religião de
Israel formada ao longo de muitos anos tanto em Judá como também em todo
Israel. Os sacerdotes dos altos em Samaria foram mortos e não enviados a
Jerusalém. Achado pelo sacerdote Hilquias o “livro” foi entregue ao chanceler
Safã indo ao conhecimento do rei que consternado vai em busca de uma profetisa
chamada Hulda. Após haver compreendido que o livro continha a vontade de Javé
tomou a decisão de colocar em prática as disposições do livro. O povo foi
convocado e no templo o livro foi lido tendo estabelecido uma aliança com Javé
que tais escritos seriam vividos pela nação. O livro para muitos era uma forma
primitiva do Deuteronômio. Alguns efeitos do livro foram a fórmula: de todo o
coração e de toda a alma; a festa da Páscoa. O livro era muito antigo: “já
nossos pais” não haviam seguido e as ameaças contidas no mesmo. Josias
reconheceu de pronto as dificuldades e os perigos da concretização das reformas
e antecipando aos problemas foi resolvendo as questões a seu modo como no caso
dos sacerdotes trazidos de outras regiões de Judá. A pergunta sobre onde e quem
deu origem ao livro de Deuteronômio permanece sem resposta com outras perguntas
a ele relacionadas, mas o fato de que o livro devia ser obedecido e continha a
vontade de Javé já era convincente para o rei e seus contemporâneos. A Assíria
ainda nesta época dava alguns sinais de vida através de algumas tropas
espalhadas que atormentavam algumas regiões. O faraó Neco II decidi continuar a
auxiliar o que resta da Assíria e vai ao encontro de tropas babilônicas e dos
medos. Josias totalmente contra qualquer coisa que trouxesse a Assíria de
volta, decidi marchar contra faraó e suas forças afim de atrapalhar seus
planos. Não se sabe ao certo de como o rei Josias cai nas mãos do faraó que o
mata sem ter havido um combate de fato entre as forças. Apesar de sua morte, as
reformas promovidas por Josias, com a inspiração do Deuteronômio e a elevação
de Jerusalém com santuário central, trouxeram mudanças imprevisíveis para a
história futura de Israel, do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, da
religião e dos pensamentos de todo o oriente e do ocidente.
Parte 6: O período Babilônico
I – Povos e estados do oriente Antigo até a ascensão dos
persas
Entre o ocaso do império
neo-assírio (630-612 a.C.) e a conquista de Babilônia pelo rei Ciro II (539
a.C.) é designado como o período babilônico. O império neobabilônico, sob a
dinastia dos caldeus assumiu a liderança da Assíria em amplas partes deixando outros
povos a um segundo plano, a influencia cultural que irradiava de Babilônia dava
o seu esplendor. As de segundo plano estavam o Egito, que nesta época gozava de
sua última grande dinastia, a 26ª.
A partir de agora acrescenta-se historiadores como Heródoto e Flávio
Josefo. Em 655 a.C. o Egito rompe a vassalagem com a Assíria e se dá a
consolidação da unidade do império egípcio. Neco II dando prosseguimento ao
apoio a Assíria toma posse do corredor siro-palestinense terminando em 605 a.C.
quando da vitória de Nabucodonozor em Carquemis e em outras regiões do Egito.
Num período longo de tempo o trono mudou de dono por diversas vezes ascendendo
comercialmente e mantendo relações com outros povos, principalmente os gregos.
Na Segunda metade do século 7 acontecia o ocaso da Assíria e a ascensão da
Babilônia caldéia. Os caldeus faziam parte de um forte grupo de arameus na
Babilônia Meridional junto ao Golfo Pérsico. Nabopolassar, fundador da dinastia
caldéia, colocou os fundamentos do futuro império, um grande diplomata e nem
sempre um guerreiro. Expandiu as fronteiras e combateu os egípcios para
controlar o corredor siro-palestinense, internamente deu valor a grandes
construções e seguiu o modelo assírio de administração. Nabucodonozor deu fim
ao domínio egípcio no corredor combatendo a Neco. Sob Nabucodonozor estabeleceu
diversas batalhas contra vários povos, lutas, sítios, investidas e grandes
construções realizou. Com a morte de Nabucodonozor II (562 a.C.) começa o ocaso
do império pelo enfraquecimento da dinastia, os sucessores não estavam a
altura. Com lutas internas e insatisfação e rebelião dos sacerdotes não
conseguindo dar o equilíbrio necessário, quando morreu seu sucessor foi morto.
Não havia mais nada a fazer pelo império que chegava ao fim. Os persas viviam
na dependência dos medos. Ciro II emancipou-se dos medos e em 550 a.C. venceu
os medos pondo fim ao seu poderio. Na Ásia Menor volta o Império lídio que se
tornava um inimigo potencial as pretensões persas. Após colocar a Babilônia
numa posição de controle através de Nabonid. Este controlava seu reinado mas
deixava a capital só, com o tempo colocou seu filho Belsazar para
representá-lo. O resultado foi uma tragédia pois trouxe contra si a fúria dos
sacerdotes de Marduque e levou uma política religiosa ao extremo. Começou a
haver uma propaganda pró-persa, Ciro seria um libertador, assim pensavam também
os judeus exilados na Babilônia. Em 540 a.C. Nabonid resolve voltar, mas era
tarde. Em 539 a.C. os persas conquistam a Babilônia e o Oriente Próximo entra
no período persa.
II – O ocaso do Reino de Judá
Depois da
morte de Josias em 609 a.C., a aristocracia rural de Judá faz de seu filho mais
novo Jeoacaz, rei. Ele havia feito uma promessa de que daria prosseguimento as
reformas que seu pai estabelecera. Tudo iam bem até que o faraó Neco II volta
de suas batalhas e acampa em Ribla. Disposto a colocar ordem no corredor
siro-palestinense, surge a dúvida se ele chama a Jeoacaz ou se este se apresenta
voluntariamente a fim de lhe prestar solidariedade não imaginando o pior.
Quando chegou, foi imediatamente preso e levado ao Egito. Em Judá as pessoas
perderam as esperanças de que as reforma fossem levadas adiante. Neco II
estabeleceu a Eliaquim como rei-vassalo, mudou seu nome para Jeoaquim para dar
uma mostra visível de sua soberania. Jeoaquim tinha de levantar a grande soma
de 3.420 kg de prata e 342 kg de ouro e levar ao Egito. As terras que Josias
havia conquistado foram retiradas pelo faraó voltando aos limites da era
pré-josiânico. Com a batalha perdida em 605 a.C. o corredor passa a ser domínio
do babilônicos. Jeoaquim permaneceu vassalo babilônico durante três anos, o que
depois passou a pensar em rompimento com prováveis insinuações da parte do
Egito com suas antigas pretensões sobre o corredor. A demora da babilônica ao
fato talvez se deva ao fato da Babilônia ainda estava aprendendo a lidar com os
territórios. O rompimento de Jeoaquim com a Babilônia deve ter ocorrido em 602
a 600 a.C. quando da derrota de Nabucodonozor diante do Egito. Babilônia não
pode a principio voltar todas as forças em direção a Jerusalém senão através de
pequenos empreendimentos. Em 598 a.C. tropas babilônicas vieram a Jerusalém e
sitiaram a cidade, Jeoaquim provavelmente morrera durante o cerco. Seu filho
Joaquim abriu as portas da cidade pensando em aplacar a ira babilônica o que
não aconteceu e transformou a cidade-estado de Jerusalém no segundo estágio da
vassalagem, sem antes saquear a cidade e o templo de Javé levando as
preciosidades. Joaquim, tratado brandamente, foi levado para o exílio junto com
a classe alta da nobreza e outros do povo. Entre os exilados se encontrava o
profeta Ezequiel. Eles foram levados a Babel, permanecendo juntos, guardando
suas particularidades como povo judeu e pensando num breve retorno. Javé usou
Jeremias para aconselhar o povo, dizendo que o exílio iria se prolongar por
muitos anos. Em 562 a.C. o rei Joaquim
foi reabilitado, isto foi encarado como um raio de luz e uma esperança no
futuro no agir de Javé em relação ao seu povo. Após o cerco, Nabucodonozor deve
ter separado o Negueve e o entregue ao edomitas, no lugar de Joaquim ficou seu
tio Matanias e teve seu nome mudado para Zedequias. Este recebeu uma tarefa
amarga, visto que a cidade estava destruída e o melhor da população fora levada
cativa, além de não contar com o apoio dos que foram e dos que ficaram na
terra. Chegou a ser comparado por Jeremias como figos tão ruins que não se pode
comer. O estado vegetava numa opressiva vassalagem. Na formação de um novo
governo não haviam pessoas de gabarito, que utilizavam uma má influência sobre
o rei. Apesar dos conselhos de Jeremias, Zedequias continuou no seu erro, não
havia forças nele para ir contra as resistências. Em relação aos cultos volta a
crise assíria da época de Manassés. Zedequias decide se tornar independente de
Babilônia através de maus conselhos. O exército babilônico aparece novamente e
depois de um ano e meio de cerco tomam a cidade. Zedequias tenta fugir mas é
preso. Seus filhos são mortos assim como os membros da corte. Ele perdeu os
seus olhos e foi levado preso. Novos saques, destruição e outra leva de
exilados e várias execuções. Jerusalém não foi organizada em província
babilônica mas talvez tenha sido anexada a província de Samaria. Gedalias foi
colocado como administrador, mas não muito tempo depois foi morto por rebeldes.
Estes mais o povo fugiram para o Egito apesar das palavras de Jeremias irem
contra tal idéia. Com isto o reino do Sul deixa de existir, o que sobra são
somente esperanças.
III – O exílio Babilônico
Após o
ocaso do reino de Judá e da destruição de Jerusalém vem a era da dispersão, da
diáspora. O povo de Israel vivia fora de sua pátria entre outros povos. Os que
ficaram a princípio na Palestina não eram poucos, a maioria eram trabalhadores
rurais. Grandes grupos migraram para o Egito dissolvendo-se entre o povo
egípcio. A importância dessa região de diáspora para a história de judaísmo
pós-exílico deve ser considerada. Entretanto a elite fora levada a Babilônia,
os exilados.
Babilônia:
Ao contrário de se achar que a vida no exílio era impraticável e cruel,
os maiores sofrimentos dos exilados era interior. A qualidade de vida era de um
conforto razoável. Eram súditos e não escravos. Tinham liberdade de ir e vir,
construir, cultivar, praticar o comercio, levar uma vida normal, se auto
administravam, e aparentemente não eram obrigados à corvéia. Um dos objetivos
da Assíria era que os deportados fossem absorvidos por outros povos. Os
Babilônicos não tinham esta pretensão. Os exilados mantinham colônias, permanecendo
juntos. Para eles era um país estranho e impuro, não podiam se sentir em casa e
o culto a Javé era impraticável, pois era permitido apenas em Jerusalém, o que
não saia da lembrança, com o passar do tempo e das gerações teve início um
culto sinagogal. Duas atitudes religiosas se fizeram presentes como uma aliança
com Javé: o descanso no Sábado e a circuncisão. O exílio para eles era o
castigo de Javé e compreendiam o exílio não como um fim, mas um início.
Ezequiel anunciou o restabelecimento da unidade de Israel e o Dêutero-Isaías
anuncia a libertação dos exilados e o retorno para a Palestina.
Palestina: Pouco se sabe sobe a situação da região. A
guerra havia sugado o país e a vida tinha se tornado ainda mais dura. Não havia
lideranças e viviam na dependência econômica. Tinham o peso da corvéia e não
tinham proteção dos ataques dos inimigos. Os edomitas lucravam às custas de
Judá o que gerou um ódio imenso do povo. O profetismo não emudeceu, um profeta
falava da queda da Babilônia. Aconteceu a produção da obra Historiográfica
Deuteronomista como um esforço para superar o passado no solo da Palestina. O
exílio foi uma época de miséria e opressão, mas também de mudança e reflexão
espiritual.
Parte 7: O período persa
I – Povos e estados do Oriente Antigo na 2ª metade do 1º
milênio AC até Alexandre Magno
Em 539
a.C., Ciro II, o persa entra na cidade de Babilônia. Os persas tinham o seu
próprio jeito de reinar não pela força mais pela tolerância e política, isto se
tornou mais teórico quando Xerxes I sofreu pressões militares com os gregos: a
consideração com os povos foi restringida diante do ônus material da guerra, as
regiões passaram a condição de suprir os recursos da política imperial. A
tolerância no caso dos persas não se tratava numa virtude social, mas sim
calculismo de dominar da melhor maneira possível e com duração o que não
significava frouxidão. As ações autônomas não eram permitidas e quando
apareciam eram duramente reprimidas. Nas províncias o governo era exercido
pelos governadores que eram responsáveis diante do sátrapas que por sua vez
respondiam ao grande rei. Todos, do maior ao menor cargo eram tidos como
escravos. Na vida intelectual e religiosa eram tolerantes, chegando a promover
a religião e a cultura dos povos sujeitados. A língua falada por quase todo
império era o aramaico e o grego chegou a ser considerado uma das línguas
oficiais. O cuidado com os templos e religiões eram marcantes, evitando a
destruição destes locais de adoração. Dario I foi um construtor de templos.
Desde Xerxes surge o iranismo, uma indiferença dos soberanos e a crescente
exploração das sapatrias, não ouve questionamento da política religiosa. Como o
decreto de Ciro II a respeito da reconstrução do templo de Javé em Jerusalém.
As cidades helênicas passaram ao domínio persa com exceção de Mileto. A
construção do império era por meio da união pessoal entre os povos. O Egito foi
dominado pelo filho de Ciro II, Cambises (530-522 a.C.) anexando ao império.
Império que o Mundo Antigo não conhecera até então. A morte de Cambises se deu
em 522 a.C. no corredor siro-palestinense, quando retornava para do Egito para
a Babilônia a fim de debelar uma crise dinástica. Dario I assume o trono, abafa
os levantes em várias regiões. Realizou uma reforma na divisão das unidades
administrativas. Para resolver a questão das dificuldades econômicas causada
pela troca de produtos e outra baseada em dinheiro resolve estabelecer uma
moeda imperial. O governo Xerxes foi determinado pelos conflitos com as
cidades-estados do continente grego. Xerxes foi assassinato e seu filho
Artaxerxes I assume mantendo as conquistas e controla os levantes. Após vários
sucessores vieram, até Dario II. Ele perdeu o Egito e sob Artaxerxes II o
império chegou a um ponto mais baixo do seu poder. Artaxerxes III restaurou o
império e reconquista o Egito. Dario III foi vencido pelo mar e terra porque
Alexandre, o Grande era por demais forte. No Egito os reis governaram como
faraós (27 ª. Dinastia) e trataram os sacerdotes de maneiras diferentes levando
os sacerdotes, a um momento de rebelião e conspiração. O Egito tornou-se 6ª.
satrapia. Dario manteve uma política amistosa com os sacerdotes. Xerxes não
tinha planos para o Egito criando novamente um mal estar. Segundo Heródoto, em
450 diz que o Egito estava pacificado. Em 410 a.C. ouve novos conflitos, neste
embate o templo de Javé construído em Elefantina foi destruído. Os levantes
egípcios foram muitos, ora conseguiam sua independência, ora voltava a condição
de vassalo até que em 332 a.C. o país é entregue a Alexandre sem lutas. A Mesopotâmia
simbolizava Babilônia, esta também se rebelou por diversas vezes. Em 522 a.C.
Dario fez uma intervenção vigorosa e destruiu partes da cidade, aumentou o
número de funcionários persas, executou numerosos sacerdotes. As terra
babilônicas se tornaram feudais onde cada uma era obrigada a pagar tributos e
prestar serviço ao rei. Babilônia se tornou um grande centro comercial e
financeiro, trazendo povos e religiões diferentes e se tornou um grande centro
do saber. Alexandre em 331 a.C. toma posse sem resistência da Babilônia após a
última batalha com Dario III. O corredor siro-palestinense foi tratado junto
com a Mesopotâmia numa grande sapatria. As metrópoles fenícias era tidas como
aliadas e não estados vassalos por causa da frota marítima. Um levante em
Trípoli se estendeu por toda costa e num acordo com Artaxerxes III volta ao
controle persa. No ano de 333 a.C. as cidades se submetem a Alexandre, com
exceção de Tiro que foi sitiada por sete meses. As populações da Arábia também
era aliadas, os centros de poder não participavam dos movimentos históricos e
levavam uma existência periférica. O império persa ruiu em virtude de sua
política de expansão, encontrando de frente as cidades-estados da Grécia
prontas a resistir. A guerras resultantes levaram mais de um século e meio. A
situação só mudou quando a Macedônia e a Grécia se unem formando uma nação
Grega, os frutos foi a vitória de Alexandre em 333 a.C. sobre Dario III. Com
isto o oriente começa a conviver com o helenismo.
II – O início da restauração em Jerusalém e Judá
O novo
estilo e os princípios da política religiosa e cultual dos persas mostra o tratamento
que Jerusalém obteve. Há vários documentos que tratam da reconstrução do templo
e de Jerusalém, entre eles os escritos de Neemias, Esdras, Zacarias, Ageu e
Malaquias. O rei Ciro II em 538 a.C. foi induzido a formular um documento
liberando as reconstruções e por conseguinte o retorno dos exilados judeus.
Tais documentos trazem diversas discussões. A construção do segundo templo
começa no ano 520 a.C. e termina em 515 a.C. Provavelmente o desligamento dos
exilados foi um processo lento e havia direitos a serem preservados tanto
antigos como novos. Zorobabel recebeu da Pérsia a missão da reconstrução, evitando
qualquer mal entendido com os judeus e seus costumes. Esdras relata que 42.360
retornaram, não se inclui as crianças menores de 12 anos e servos que eram em
número de 7.337 e 245 cantores. Os que vieram estavam divididos em 1) membros
de famílias cidadãs e possuidores de terras, 2) membros de famílias que não
possuíam terras, 3) linhagens de sacerdotes, 4) levitas, 5) cantores do templo,
6) guardas de portões e 7) servos do templo. Quando retornaram, eles não era
miseráveis. Sob Zorobabel começa a reconstrução do templo em 520 a.C. Dois
profetas convocam para a construção do templo: Ageu e Zacarias. A atividade de
Ageu se dirigia a classe alta de Jerusalém que fora repatriada, o profeta interpreta
a miséria com a hesitação em construir o novo templo, como conseqüência vem o
castigo de Javé. Ageu também consolo os idosos que testemunharam a grandeza do
primeiro templo. O segundo era tido como lastimável e de nenhuma maneira tinha
a glória do primeiro, este momento e a peregrinação era tido como
acontecimentos escatológicos. A proclamação de um messias sobre uma pessoa
determinada no caso Zorobabel, era algo novo. Além dos profetas mencionados
surge um terceiro, Malaquias que traz Josué o papel do sacerdócio, numa época
que não havia rei a importância recai sobre aquele, ganhando importância no
período helenista. A demora de 18 anos para o início da reconstrução mostra a
falta de iniciativa da comunidade e as resistências do povo da terra. O medo de
Samaria perder sua importância era um ponto a ser considerado. Quando da
chegada do sátrapa Tatenai para inspecionar a província é possível que os
samaritanos tenham aproveitado para denunciar as reformas acontecidas em
Jerusalém, numa troca de correspondência com o rei Dario vem a confirmação da
realização da obra. Em 515 a.C. a obra é
terminada e a pessoa de Zorobabel desaparece da história de Judá.
III – A conclusão da restauração em Jerusalém e Judá
Entre a
inauguração do templo (515 a.C. ) e a conclusão da restauração em Jerusalém e
Judá (depois de 450 a.C.) os acontecimentos são obscuros. As fonte do período
também. O escrito de Malaquias, o Trito-Isaías (Is 55-66, em especial 60-62)
não são seguros. As suposições são: o restabelecimento do culto no templo em
Jerusalém ainda trazia problemas. A vida do povo ainda era um problema, não
estava organizada. Jerusalém estava numa situação desagradável: os sacerdotes
não exerciam seu cargo a altura, os leigos era levianos em relação a religião e
a vida, adultérios e divórcios aumentavam, matrimônios mistos se tornaram comum,
resumindo, a restauração não estava acabada. Ela foi concluída pelos descendentes
do povo que vieram do exílio. Os levantes acontecidos no Egito e a revolta de
Megabizos foram o pano de fundo para o envio de Esdras e Neemias. Este chegou
no ano 20 de Artaxerxes e ficou por 12 anos onde retornou para a corte
retornando depois de algum tempo. Há possibilidade de Neemias ter chegado antes
de Esdras. A missão de Neemias aos olhos persas era mais importante. A anarquia
vigorava na região.
Neemias: descendente de exilados que não
retornaram. Fez carreira e chegou a ser o copeiro do rei. Através de seu irmão
tem notícias que as coisas em Jerusalém não iam bem e isto comoveu a Neemias.
Através de seu cargo e do relacionamento que mantinha com o rei consegui a participação
da reconstrução dos muros amparado pelo rei. Provável que com o tempo Judá
tivesse ganho de sua independencia em relação a Samaria, constituindo uma
província autônoma, tendo Neemias o seu primeiro governador. Neemias, no
início, encontrou reações contrárias. A província de Samaria fez de tudo para
suspender os trabalhos em Jerusalém apelando ao governo da Pérsia. Com o envio
de Neemias pela mão do rei as coisas ficaram mais tranqüilas. Neemias convenceu
e convocou o povo de Jerusalém e povoados próximos a realizarem as reformas de
uma única vez e de forma rápida. Sambalá e Tobias vendo que a obra prosperava
reuniram uma força para atacar. Neemias soube da movimentação e providenciou
uma defesa que levou os inimigos a desistirem do ataque. A obra foi concluída
em 52 dias. Normas, forças militares, e novos habitantes para Jerusalém foram
algumas das decisões tomadas por Neemias. A afirmação que o muro reconstruído
não seguia a linha original, ou seja menor deve ser considerada. Após a
reconstrução ocorreu uma imensa reforma e organização em Jerusalém e Judá,
algumas não populares, como a diminuição dos níveis sociais. Os matrimônios
mistos foram desfeitos. Tobias foi expulso do aposento do templo e a garantia
do suprimento das necessidades dos levitas e a guarda do sábado.
Esdras:
há menos fontes de informações sobre Esdras. Autorizado a colocar em vigor
a lei de Deus em Jerusalém e em Judá numa época posterior a Neemias. Esdras era
sacerdote e teve sua família deportada. Entre suas obrigações estava autorizado
a instituir juizes que deviam julgar segundo o preceitos da lei já conhecida
por parte dos judeus da diáspora e que mais tarde compuseram o cânon do AT.
Quais eram estas leis ? é uma pergunta sem uma resposta definida, apenas
suposições. Após um século e meio depois ainda havia pessoas retornando a
Palestina e muitos acompanharam Esdras em seu retorno (1.771 pessoas sem contar
mulheres e crianças). Quando veio trouxe do rei uma oferta além de pedir
contribuições para o templo de Javé e o que viesse a faltar, os cofres públicos
complementariam. A isenção de impostos foi obtida às pessoas ligadas ao culto
do templo em Jerusalém. O primeiro problema enfrentado foi os casamento mistos.
A leitura da Torá, provavelmente durante uma festa. As reformas organizadas por
estes dois homens constituem de uma importância para a grandeza de Israel, uma
comunidade teocrática. Expulsou os elementos estranhos da nação e a purificou,
marcou o nascimento do judaísmo.
IV – O século obscuro
O século obscuro: Entre Neemias e Esdras e
Alexandre não existem fontes literárias e que avançam além de Alexandre. Só a
respeito de Antíoco V (175-164 a.C.) através dos livros de Macabeus. Os gregos
trazem o registro do conflito entre helenos e persas e em especial a ascensão da
Macedônia. Sob esta condição é inútil reconstruir a história do judaísmo. Há
poucas coisas a dizer como a vinda de representantes judeus de Elefantina para
se encontrar com os governadores de Judá e Samaria e num acordo conjunto parece
que fica a liberdade de adoração de Javé fora de Jerusalém. Por fim na última
fase do domínio persa se dá a separação dos samaritanos da religião de
Jerusalém, onde os samaritanos constróem um santuário próprio em Gerizim. O
processo de rompimento foi longo, se estendendo por séculos. Já politicamente o
norte samaratino e o sul judaíta estavam separados, o que na verdade sempre
aconteceu, não havendo possibilidades de aproximação. O século obscuro deve ter
sido vívido do ponto de vista intelectual e religioso. Nesta época se situa um
grande desenvolvimento da literatura veterotestamentária, da mesma forma no 3º.
Século surge a Obra Historiográfica Cronista além do livro de Jó,
irrompendo a era dos livros sagrados. A qualidade do sagrado de origina direta
ou indiretamente de Deus. Daí vem o surgimento da religião baseada em livros
num primeiro momento e depois substituindo plenamente a religião centrada no
culto. No período pós-exílico a palavra de Deus não mais alcançava as pessoas
pela tradição oral, mas sim na forma de textos sagrados. O ouvir foi
substituído pelo examinar. Os textos formam cada vez mais o centro da religião,
sendo lidos no culto, substituindo gradativamente os sacrifícios, o pressuposto
para o surgimento da sinagoga. O redator sacerdotal considerou e tratou todo o
seu material como texto sagrado, de semelhante modo, a Obra Historiográfica
Cronista e o profetismo pós-exílico. A figura do profeta muda, se transformando
em intérpretes de uma tradição já existente, esta tradição julga ter autoridade
divina. O profeta que escreve o livro recebe a menção de escritor sagrado, ou
seja os escritores se tornam profetas. Esta se torna a primeira forma de
judaísmo, num princípio de teocracia, voltada em si mesma, com uma hierarquia
de sacerdotes e tendo a Torá como a vontade de Deus, surgindo a necessidade que
a mesma passasse por diversas interpretações dos escribas.
Olhar para o futuro: A conquista de Alexandre em 333-331 a.C. deu
início ao helenismo no Oriente. O judaísmo foi dominado por ele e depois pelos
romanos. Israel de outrora não mais existe: Israel se transforma no judaísmo,
do Estado para comunidade, do cultual para os livros. Levanta-se questões em
tratar o termo Israel, pois este termo designava a federação pré-estatal das
tribos e a comunhão dos adoradores de Javé. Com o segundo templo ainda Israel
permanece quando existe a clara ligação no aspecto religioso. A história de do
povo de Israel termina com Alexandre e só reaparece com as revoltas.
1.
Alexandre e os diádocos: as
fontes do judaísmo palestinense no período helênico são os livros de Daniel, os
dois Macabeus e os relatos históricos de Flávio Josefo. Em 332 a.C. Alexandre
sitia a cidade de Tiro que resiste por alguns meses, conquista Gaza e quase sem
resistência chega ao Egito. Samaria é tomada militarmente e transformada em
colônia macedônica. Com a morte de Alexandre em 323 a.C. na Babilônia começa a
lutas dos diádocos pela posse do corredor siro-palestinense. A Palestina muda
de mão várias vezes até que dois reinos se estabelecessem: o ptolomeu, egípcio,
com sede em Alexandria e o selêucida, mesopotâmico-sírio, com a capital em
Antioquia, ficando a Palestina com os ptolomeus. Os ptolomeus organizaram-se em
pequenos territórios, as colônias gregas e as cidades autônomas. Foram formadas
as hiparquias palestinenses: Judéia, Samaria, Galiléia, Iduméia e Asdode. Os
selêucidas cobiçavam o corredor e faziam de tudo para conquistá-lo. Aconteceram
diversas lutas entre os ptolomeus e os selêucidas. Em Jerusalém começa a surgir
um partido favorável aos selêucidas levando a suspender os pagamentos de
impostos aos ptolomeus. Mesmo dentro de Jerusalém havia a divisão de
interesses. Finalmente com Antíoco III em 200 a.C. os selêucidas vencem e
dominam a região, como Jerusalém apoiou a causa recebeu privilégios que na verdade
não duraram, pois os selêucidas perderam para os romanos os seus territórios.
Jerusalém também é tomada pela luta do poder e a cada dia se tornava mais
helenística. Os fiéis a tradição da Torá consideravam que tal prática era um
desprezo a lei. Jerusalém se trona uma colônia militar e inicia-se um
perseguição aos judeus fiéis a Torá. Antíoco IV Epifânio profana o templo
levando a revolta dos Macabeus. A política dos territórios selêucidas era de
grandes áreas e levavam a helenização por toda parte, a língua grega ganhava
terreno a cada dia assim como a cultura em geral e as construções lembravam o
helenismo. Era um poder formativo que chegava a influenciar mesmo a religião. A
comunidade em Alexandria era um exemplo, desde o 3º. Século surge a
tradução dos LXX ou a Septuaginta, uma tradução do hebraico para o grego. Os
selêucidas dividiram a região em áreas como Samaria, Iduméia, Paralia, Galaaditis.
2.
A revolta dos Macabeus e a dinastia
hasmonéia: Antíoco IV interferiu na vida de Jerusalém, em 169 a.C.
saqueia o templo e entra no Santo dos Santos, um sacrilégio para os judeus, a
cidade é devastada. Proibiu sob pena de morte o culto judaico e levanta o culto
a Zeus na praça do templo e sobre Garizim, o do Zeus Xenios. Este ato leva a
guerra. O sacerdote Matatias e seus filhos se rebelam e muitos se juntam a eles
em ataques de guerrilha. Quando Matatias falece seu filho, Judas, que tinha o
apelido Macabeu, “o homem do martelo” torna o cabeça do movimento. Era um
guerreiro e um político de nível e leva a causa a vitória, acabando com o
sacrilégio de Antíoco IV. Foram travadas diversas batalhas com os militares
selêucidas. Em 164 a.C. vai a Jerusalém e elimina as conseqüências da política
de Antíoco. Da vitória surge a festa comemorada até hoje, Hanucá. Quando
Antíoco falece, Judas é tomado de surpresa com uma grande força que vem sobre
ele, mas as desavenças selêucidas levam uma oferta de paz que Judas aceitou,
ela suspendia as ordens de Antíoco IV. O movimento Macabeu começa a se
desenvolver e lutar contra as cadeias selêucidas. Os piedosos, de onde surge o
partido dos fariseus eram contra esta atitude. Com ajuda de Roma, Judas derrota
e é derrotado chegando a morte. Jônatas, irmão de Judas assume o comando e numa
ascensão lenta e constante se torna sumo sacerdote dando origem a linhagem dos
hasmoneu. Sucedido pelo seu irmão Simão, este consegue ampliar os domínios
sobre a Judéia. Acumula os cargos de máximos na religião, no militar e no
civil. Manteve relações com Roma e Esparta. Teve um governo de paz e prosperidade.
Ele com seus dois filhos foram assassinados, um dos seus filhos assume o trono.
Este avança com os domínios em todas as direções, a resistência vem dos
fariseus. A política adotada pelo governante era por demais mundana e muito
pouco religioso. Os conflitos se tornaram constantes, inclusive dentro da
própria família dos hasmoneus.
3.
A Palestina sob o domínio dos romanos: As
legiões passaram como um rolo compressor no Oriente Próximo e eliminaram o que
restava dos Selêucidas. Em 63 a.C. entram em Jerusalém provocando um banho de
sangue, profanam o templo e tornam a Judéia num estado-vassalo. Isto não
alteraram as lutas internas em Jerusalém. Criam a província da Síria que contém
a Palestina. Procedem reformas territoriais por diversas vezes. É estabelecido
um reinado, o de Heródes, próximo a Roma, conquista Jerusalém e recebe a
posição de Rei aliado. Suas obrigações fornecer tropas e defender os limites do
território. Com as conquistas e graças a doações fizeram crescer seus domínios.
Promoveu uma colonização intrajudaica e forte promoção da cultura helenística.
Ele fez brotar do chão cidades inteiras e renovou outras, construiu palácios,
templos e fortificações. Ampliou Jerusalém e sobretudo o templo e a área
sagrada. Tudo isto foi realizado através do emprego de força, era um tirano,
derramando sangue e terror. Quando de sua morte o reino foi dividido entre os
filhos mais moços pois os outros, esposa, familiares, sacerdotes e tantos
outros ele mandou-os matar. Surgem os quatros estado sucessórios. Apesar dos
sucessores darem continuidade a construção e ampliação das cidades em seus
territórios estavam fadados ao fracasso, nenhum deles tinham o perfil do pai.
Logo começaram os distúrbios e para colocar ordem Roma procede reformas
políticas, transforma a Judéia em região administrativa. Tanto a administração
e o poder militar respeitava a comunidade cultual de Jerusalém, dispensava-os
do culto ao imperador mas exigia-se o juramento ao imperador. Roma mudou por
diversas vezes a administração da Judéia e o mapeamento dos territórios. Os
estados sucessórios foram destinados as províncias de Síria e da Judéia.
4.
As duas revoltas judaicas: A
síntese das revoltas judaicas são o domínio romano. A resistência religiosa e
política ao domínio estrangeiro. Os grupos de zelotes e os sicários estavam
dispostos a tudo e demonstravam isto a vários procuradores romanos, a este
faltaram sensibilidade no trato ao judeus. Em 66 d.C. ocorreram distúrbios e
daí a guerra, a revolta se espalhou por toda a região e progrediu rapidamente.
Tornava-se clara que Roma iria se engajar. Nero envia Vespasiano junto com seu
filho Tito. Usando uma tática de quebra de resistência foi necessário esforço,
mas Roma conseguiu seus objetivos e foi debelando os revoltosos. As lutas
internas em Jerusalém causaram grandes prejuízos ao movimento rebelde. Neste
ínterim Vespasiano foi aclamado imperador, deixando a luta para seu filho Tito,
Jerusalém foi sitiada e resistiu de forma encarniçada. No ano 70 d.C. o templo
é incendiado e a cidade tomada, tudo estava acabado. O último lugar a cair foi
Massada, que resistiu até o último momento. Vespasiano torna a região província
independente. O judaísmo permanece, a figura do sinédrio consiste agora no
cultivo e interpretação das escrituras e em sua aplicação à vida diária. Chega
o fim dos sacrifícios e passa a ser a religião do livro. Até a segunda revolta
a região se modifica, cidades novas são criadas assim como estradas. Na época
do imperador Adriano (117-138 d.C.) ocorreu outro levante motivado pela visita
de Adriano e no projeto de transformar a Jerusalém numa Colônia. Simeão bem
Hoseba foi o líder e libertou Jerusalém restabelecendo o culto de sacrifícios.
Trabalhando num sistema de guerrilha em outras partes da região. As tentativas
de sufocar a rebelião falharam e Adriano resolve enviar a Sexto Júlio Severo.
Este evitou uma luta aberta e se pôs a promover sítios e debilitar pela fome as
forças rebeldes. Este modo deve ter sido utilizado também para conquistar
Jerusalém. Numa batalha em Hibert Bar
Kochba perdeu a vida e a Segunda revolta chega ao fim. Jerusalém foi
transformada em colônia, na praça do templo foi levantado a estátua de Adriano
a cavalo e inaugurado o culto a tríade divina (Júpiter, Juno e Minerva). Os
judeus foram expulsos de Jerusalém, proibidos de entrar na cidade sob pena de
morte, mas não executada de maneira rigorosa. O fracasso não representou o
fracasso do judaísmo.
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