domingo, 24 de abril de 2022

 Reflexão: Mundo ou Mundos?

Na madrugada desta sexta para sábado (23-24/04/2022) e neste fim de semana ocorre um dos momentos mais aguardado pela astronomia, o alinhamento de parte dos planetas do sistema Solar. Ao amanhecer, a oeste, perto da Estrela D´Alva (Vênus) a estrela mais brilhante no céu alguns planetas estarão alinhados. No dia 30 de abril também ocorrerá um eclipse solar, infelizmente nossa posição geográfica não nos permitirá visualizar o evento. Diversos outros estão a acontecer como um meteoro de mais de 128 km de diâmetro se aproxima de nosso sistema, o maior já registrado. Conversando com uma de nossas jovens sobre uma foto no Instagram perguntei o que ela viu quando manuseava um microscópio e foi relatado que diversas vidas microscopias puderam ser observadas. Percebemos assim que além de nossos olhos existem outras situações que nos passa despercebido (I Co 2.9), sem que prestemos atenção em coisas ou situações que estão além de nossa visão (Is 55.8-9). Assim, nos universos macro e micro, diversos acontecimentos estão acontecendo, semelhantemente também ocorre no mundo espiritual (podemos dizer então que existem mundos diversos). Este mundo, muito pouco percebido e talvez até entendido, está presente tanto ao nosso redor (Ef 6.12), como acontece em nós mesmos e vai muito além da compreensão humana (Jó 1.6-12 & Jó 2.1-7). Desde antes da criação que vemos (cabe discussão), o mundo dos dinossauros (Is 45.18) recebeu diversos novos moradores (Ez 28.14-16), Satanás e seus demônios, expulsos após uma rebelião nos céus, parte deles jaz num abismo junto ao Hades (Jd 1.6) outra parte está solta e se manifesta entre os seres humanos (Mc 5.1-20 & Lc 8.26-56). A destruição que ele exerceu levou O Espírito de Deus a vigiar a Terra antes mesmo de nós existirmos (Gn 1.2). No Éden (Gn 3) o mundo espiritual travou uma batalha e perdemos quando Adão cedeu a tentação e deu lugar a desobediência (Gn 3.17). A narrativa de Jó demonstra a luta entre os poderes das trevas (Cl 1.16) e da luz. Daniel ouviu de Miguel sobre as lutas espirituais (Dn 10.13 & 12.1). Romanos fala que os governantes humanos foram instituídos por Deus (Rm 13.1-2). O exército celestial (II Rs 6.11-17) é composto de anjos, arcanjos, serafins e querubins, talvez até haja outros que desconhecemos. O Hades ou Sheol (mundo dos mortos שאול) numa parte do abismo (Lc 16.19-31) o inferno permanece aqui, embaixo. Os salvos, destituídos de seus corpos, estão nos céus (não me pergunte em qual deles). Em nós (salvos) habita o Espírito Santo, este vive em contínua luta contra a carne (Gl 5.17). A intenção deste escrito é chamar atenção àquilo que está além da nossa visão humana para algo que não vemos, mas que nos rodeia e que de alguma forma nos afeta. O mundo espiritual tem a ver conosco, nossa luta não é contra a carne e o sangue (Ef 6.12), mas nas hostes espirituais, e como podemos lutar se não sabemos o que são e quem são? Apesar se sabermos as armas que podemos utilizar, mas tenho dúvidas se sabemos utilizá-las corretamente. A classe dos adultos em breve iniciará o estudo sobre parte desta realidade. Pensar que atos simples como estar num culto representa para nós humanos o ritual de uma liturgia, pode e deveria ser utilizada como expressão espiritual de uma verdadeira adoração. Um exemplo daquilo que está tão próximo e as vezes parece ser tão distante do que vivemos.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Nesta semana tive que apresentar um seminário em uma disciplina do curso de Pós-Graduação visando o doutorado em História. O texto do alemão Gumbrecht falava em dado momento da “cultura do sentido” e da “cultura do presente”, em suma o autor define o “presente” como o mundo das coisas (aquilo que envolve a história) e que estas não estão no passado, mas fazem parte do presente. Após a apresentação, fiquei a refletir, a tempos não o fazia por ter estado um tanto afastado das humanidades sobre a esta “cultura do presente” e qual possível aplicação prática. O cristianismo traz em si um passado de feitos. Olhamos o Antigo Testamento - AT (tenho pavor quando o chamam de Velho) e encontramos diversas narrativas: parte da criação do Universo, de nosso mundo chamado Terra (já pensou quem deu o nome de Terra ao nosso planeta?) Gn. 1.10, a criação do ADAM homem/humanidade, sua desobediência, sua descendência, o dilúvio, descendência de Noé, a vinda de terá de Ur para Harã e daí o chamamento do Eterno. Nascimento de Ismael e dos patriarcas, escravidão no Egito, libertação, o êxodo, a viagem de 40 anos onde todos os adultos acima de 20 anos morreram durante o caminho, sim nem todos chegam até o fim. A chegada a Canaã, a desobediência (de novo em expulsar todas as demais tribos), a mistura e adoração aos deuses falsos, o paganismo, o castigo, os juízes, os reis maus e alguns bons (aos olhos de Deus), aprofundamento da idolatria, a desobediência (que sempre cobra seu preço, segundo as Escrituras) a destruição das 12 tribos, o cativeiro, domínio de estrangeiros em toda a terra de Canaã e assim prossegue os relatos do AT. No Novo Testamento – NT também encontramos diversas narrativas do nascimento de Jesus, da transformação para o Cristo, de seu ministério, sua prisão, morte, ressurreição. Do treinamento dos apóstolos e discípulos, a descida do Espírito Santo e o início da igreja que em seu começo rejeitava a salvação de um gentio. Em poucas palavras (acho eu) falamos em diversos momentos históricos, cheios de significados, mensagens, ensinos e advertências. Ao resgatar o termo acima da “cultura do presente” e o confrontar com a expressão Sitz im Lebem de Gunkel utilizada na exegese e agora aplicada a nossa realidade de Ser-no-mundo expressão de Heidegger torna-se clara que a “nossa” história, preservada e registrada nos 66 livros de nossa Bíblia, parece ter ficado no passado e está desassociada ao nosso presente. O cristão parece (seria presunçoso de minha parte afirmar) conhecer (?) sua história, mas não vive-la em seu presente. O passado então não é passado, ele é presente quando o trago em mim, diariamente, na constituição do meu ser humano e principalmente cristão, crente, filho de Deus todos movimentos do Senhor Deus em minha vida e no meu cotidiano. Talvez seja o motivo de parte do cristianismo viver tão desassociado dos ensinamentos bíblicos e assim fazer que menos deveríamos: desobedecer, já que devíamos ter aprendido com o erro do outro e a Bíblia não o poupa, o escancara e nos desafia a viver o Logos.