quarta-feira, 1 de maio de 2013

O MAL - Ensaio


Introdução:

      O Mal. O tema apesar de no primeiro momento parecer ser algo desagradável, inspira cuidados e nos desafia a reflexão. Nesta monografia tento estabelecer – a partir de uma reflexão própria – alguns conceitos sobre o tema. A partir das indagações: “o que é o mal?”; “Qual sua origem?”; “Porque de sua existência?”; “Quanto tempo ele durará?”. Procuraremos refletir e expor os pensamentos. A tentativa em propor respostas, servirá para dar continuidade às novas indagações e reflexões. 


O que é o mal?

      Como podemos definir a palavra, o significado e a expressão maior deste que aflige direta ou indiretamente a todos? Para muitos, o mal significa simplesmente o mal ou a ausência do bem – poderíamos perguntar o que é o bem? – algo ruim, seja uma circunstância, um sentimento, um pensamento, uma ação direta ou indireta. Presente em cada um. Cuja manifestação pode ocorrer a qualquer momento. Ocasionada por uma provocação ou construída ao longo do tempo e posta em prática de forma proposital. Às vezes sem querer, outras querendo, nisto se encontra a precariedade humana: o mal está no homem. É algo intrínseco ao ser, enquanto ser.
      O mal seria apenas a ausência do bem ou é a inversão do bem? O bem existiria se o mal não existisse? Então o mal só é mal porque há um bem. Que bem é este? Na diversidade em compreender o bem, o mal também é uma compreensão relativa, nunca um valor absoluto. Práticas, ações e pensamentos dependem de quem os executa e o julgamento dos atos não são dependentes apenas do executor, mas também de quem sofre a ação ou a julga. Nem todos terão o mesmo julgamento, pois, os valores do ser são construídos mediante ações exercidas no homem e principalmente na sua formação. Ações variadas, mas contínuas. Transformando o bem no mal e o mal no bem são resultados da ambigüidade humana. Então, pode-se dizer que o mal não é propriamente o mal, pois depende de como podemos entendê-lo e enxergá-lo na ação realizada por outro, seja próximo ou distante.
      O mal deve ser visto no momento, avaliado pelo meio, pela individualidade, pelo caráter. O mal é algo que se cria, se transforma e se pratica. Não pode haver o mal ser não houver uma ação. A ação deve ser compreendida também como a ausência ou mesmo a omissão, neste caso a omissão se torna um mal, dependendo do contexto em que ela se encontra.
      Voltemos à pergunta: o que é o mal? Não temos a resposta definitiva. O mal é algo relativo à natureza humana, portanto não pode ser claramente definida.
      

Qual a origem do mal?

     Não há registros de datas em que o mal possa ter surgido. Houve um dia em que o mal não existia? Seria o mal atemporal? Ou foi criada com um propósito? Qual seria?
O mal só pode ser compreendido como mal porque se revela no e através do homem. O mal entende-se a partir da existência humana. Quando o homem pôde ser visto como homem ali se percebeu a presença inequívoca do mal. Há uma presença do mal em cada homem. Sua influência pode ser mais ou menos intensa, mas está de forma intrínseca no conteúdo humano. Em cada homem criado se dá a manifestação do mal. Isto não está relacionado a sexo, cor, cultura, condição física, ou em qualquer tipo de distinção humana. O mal está em todos e todos vivenciam este mal.


Porque o mal existe?

    Porque o homem existe. Na abordagem anterior vimos que a origem do mal está relacionada na origem do homem. O mal tem necessidade de um canal para se manifestar. O homem é o catalisador do mal. É através dos atos humanos que o mal é percebido, vivido e presenciado. Sem o homem o mal cessa. A natureza não produz o mal. O mal, como ação primeira, não se cria. O que se criam são suas manifestações. A forma em que o mal se faz presente em suas ações.
      Percebemos que o mal existe já na vida de uma pequena criança. Através dos seus atos vemos as manifestações – egoísmo, a violência, e em tantas outras formas – na busca de satisfazer suas vontades é capaz de prejudicar seu semelhante sem necessitar que alguém lhe ensine como fazer isto. É inerente.
      Então para resolver o problema do mal seria necessário eliminar o homem? Não. Antes o homem deveria ser transformado num novo homem. Um homem diferente. Sem trazer consigo esta marca – a do mal – que o marca como um semelhante em que não podemos confiar, pois suas manifestações estão contaminadas pelo mal. Um homem que aprender a colocar o próximo como prioridade acima da sua própria existência, e que sua vida, represente o bem estar do próximo estará mais distante da influência do mal.
      Esta ação deveria levar o homem a ajudar outros de sua espécie, seus semelhantes. Na busca em fazer o bem de forma constante não haveria espaço para manifestação do mal. A prioridade humana seria o bem estar do semelhante e não seu próprio bem estar. O homem teria como conseqüência, um bem estar maior, por que outros estariam trabalhando em ajudá-lo ao invés de atrapalhá-lo, ou mesmo prejudicá-lo. Se isto é assim, porque então não agimos desta maneira? Ora, por não haver uma transformação, sem a transformação do homem o mal não só existe, como sempre existirá e influenciará. O meio que ele existe e se manifesta continua presente. Vivo, deixa marcas presentes na vida da humanidade levando o homem ao sofrimento, à dor, ao desespero, à fome, à exclusão, em todos os lugares, fazendo deste mundo uma ausência da graça, da bondade e da satisfação em ser útil para si mesmo e para com o semelhante, como se este simplesmente não existisse. 


O mal é eterno? Durará sempre?

      A reposta a esta questão não é definitiva. Enquanto o homem existir o mal existirá. Arriscaríamos dizer que o mal durará, o tempo que o homem em seu atual estado durar. Isto pode ser medido na intensificação do mal no presente. O mal de hoje não é tão mal como o de ontem. O mal faz parte do dia-a-dia do homem. O maior problema é que estamos aprendendo a conviver com uma situação caótica sem uma perspectiva de melhora. Quando vemos a manifestação do mal isto não nos importa. Desde que não nos atinja.
Não paramos para pensar porque muitas pessoas estão nos hospitais, ou em delegacias ou em necrotérios até que lá estejamos também. Por está razão ele se intensifica. Portanto, o mal só deixará de existir se o homem deixar de existir ou se o mesmo for transformado, o homem não pode se transformar por si só, ele fracassa e fracassará nesta tentativa. O homem deve e tem de depender de algo maior que ele mesmo. Se isto não ocorrer, à única saída para a eliminação do mal é que o homem seja então recriado, isto é, que haja um novo conceito do pensar humano.


Há algum bem no mal?

      Pode algo antagônico estar tão próximo? O amor e o ódio andam de mãos dadas?
Entendo ser possível que encontremos algum bem no mal. Se isto acontecer então poderíamos pensar que o mal não é tão mal assim. Lembremos que o mal é algo relativo: o fato de estar preso a uma época, a uma cultura, ou a um momento, na compreensão do mal, ele é interpretado diferentemente. A Segunda Guerra é um forte exemplo disto. O que era bom para alguns era mal para outros.
     A extração do bem no mal segue o mesmo conceito. A dependência do fato em como o mal se relaciona com o homem ou com aqueles que sofrem sua ação é determinante no possível bem que o mesmo mal possa produzir. A experiência adquirida, as marcas forjadas, o sofrimento causado, podem servir de alerta, para que tal ação – a do mal – não se repita, do início a ação, ao que a sofreu. Estes serão prevenidos a não realizarem a mesma ação pelo fato de terem aprendido daqueles, as terríveis conseqüências dos atos causados. O resultado final será um bem. Um bem que se projeta em direção ao homem, buscando um estado mais elevado que o anterior. Numa tentativa de fazer melhor o caminho do outro, do semelhante. Esta dinâmica não impede que o processo do mal volte ou se faça presente em outro momento, mas nisto consiste a boa vontade do homem em tornar o seu mundo um pouco melhor. Uma tentativa válida, porém, vã.


Conclusão:

     A partir do exposto podemos dizer que o mal é um ato presente e inerente à condição humana. Enquanto o homem existir como tal, o mal permanecerá em atividade. A tentativa em melhorar o homem a partir de si mesmo não resolverá a questão do mal. Somente uma mudança exterior no interior do homem transformando-o num novo homem, recriado a partir de um novo contexto. Realizado por uma existência mais elevada, isenta da presença do mal – que dá origem à desgraça de muitos – em que nos encontramos, contaminados, pode nos dar esperança de encontrarmos um novo mundo, encontrando um homem renovado que destile um bem maior, tão intrínseco como o mal, infelizmente revelado hoje em todas as partes.

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